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Saturday, December 30, 2006

Foram caminhando leves
Por atalhos secretos ... desvios ...
Julgando eles seguirem o itenerário
Da glória ... do sucesso ...
E assim se distraíram eles
Em passeios mundanos ... térreos ...
Entrendo os sentidos domingueiros ...
Desagastados das fartas confrarias
Pelas sonoridades alegres do prazer ...
Da porcaria !!!
E numa noite alguém lhes segredou :
Age quod agis !
Mas ninguém ligou ...
E no dia sentenciado pelo Dono
Acabou se lhes o torneio
Chegaram ao fim da meta !
Aportaram ambos combalidos ...
Extenuados ao fim da linha
Do tanto folguedo ... no desassossego da vida ...
Voltaram os olhos p'rá suas idas e vindas
Para as voltas solitárias ao centro da terra
Rindo .. gozando ... na entrega da matéria
E no intuíto luxuoso da ilusão
Se aprontaram eles a recolher
O espólio matemático frutífero dos anos ...
Fecharam se sózinhos em suas prisões
Rodeados de silêncios ... de vazios austeres ...
E nunca ... nunca pensou aquela gente
Que os bagos ostentativos da plantação
Estavam ocos ... ressequidos da espera ...

Esperam anos por eles ...
Gente com fome e vazios na barriga
Meninas e meninos sem motivo para sorrirrem
Velhos e velhas a quem recusaram pão
A arraia miúda que lhes amassava o pão
Aleijados a quem não estenderam a mão
Gente que se desviou ... com medo da sancção
Os homens que se dobravam entendendo a mão ...
Doentes que olharam e esperaram ... em vão ...
Animais que repelávam ... alçando a mão

E foi assim que um dia ...
Na ostentação de suas camas se deitaram
Cansados na dispiedade e dureza ...
E nunca mais acordaram ... sós ...
Como aos tantos que enxotaram
Sem um beijo
Sem um abraço
Sem um chamego no coração ...

E no trancar dos olhos gulosos
Ninguém a eles se chegou ...

A casa permanece cerrada até aos dias de hoje ... nunca ligaram ao tal dito ...

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