páginas brancas

Friday, February 17, 2006

A noite apertou me na sua cinta estreita...acordei magoada, com o corpo açoitado e queixoso, das voltas e reviravoltas, dadas em tom de desespero...últimamente têm me acontecido coisas estranhas...não me tem visitado aquele sono mansinho que me beija os olhos até ao amanhecer...pesa me a cabeça, como se um trovão se tivesse vindo para aqui instalar,sem pedir para tal, a devida permissão...não convidei nínguém para dormir comigo,por isso, faça me a gentileza de desaparecer daqui,seu atrevido...quereis tirar me o sono!!! o juízo!!!preciseis de uma vítima para atormentar...hoje coube me a min a triste sentença...sois uma alma penada que anda de porta em porta a pedir guarida por uma noite...mas veja lá se não me dá tanto desassossego, pois morro me de cansaço...que isto não se repita, pois há por aqui , mais gente desocupada, e até com bem pouco por fazer...até lhes havia de fazer bem, uma dorzinha de cabeça de vez em quando....olhe lá para a nossa vizinha, aquela sim...merecia bem ter de vez em quando um trovãozinho na cabeça.Observo a de vez em quando, com um misto de curiosidade e de inveja contida...espreguiça se , desnudada á varanda.Bamboleia as suas rosas fresquinhas, e canta, por entre os lábios carnudos e grossos,uma cascata de sons, que o vento leva para lá dos montes e vales que lhe bordejam a casa.Contava ela certo dia, a história de um tal rapazito, fugido há ums tempos...que o queriam á força casar, com a tal dita menina, de carrapito e coxa ossuda...ai...e esta dor que não despega...navegam pelo ar, uns passarinhos elegantes...olham na de perfil, como se ela não coubesse toda inteira nos seus olhitos,e ela, deita lhes bufadas de tabaco irlandês, meio rasco,em cemi círculos,largos,por onde viaja a sua alma amolgada.São sempre lufadas bem gordas,que desenham círculos largos, redondos, com os bordos bem afiados,como se se tratasem de guilhotinas, prontas a arrancar lhes as cabecinhas curiosas.Dizem que é mulher voluntariosa,astuciosa...conta se nos arredores, que lhe fugiu um dia um rapazinho franzino, que ninguém queria, e que se abeirou dela, para logo depois desaparecer na escuridão dos dias escondidos e vergonhosos, das gentes assustadas...dizem que foi por lhe ter visto a boca, que se aprontava a prová la, como se de uma fina iguaria se tratasse...todas as bocas sabem bem...mas daquela ,desprendiam se um cheiro e uns grunhidos assustadores, de alguém que procurava a excitação e o desmoneramento das almas que ali aterrassem...coitada da moça...é vê la...linda de morrer...naquela varanda,mostrando se...de longe...deitando olhares cândidos,aos mirones, agarrados aos binóculos...vá, instala te aí, dor insuportável!Conta se por aí, que a tal menina nasceu de barriga, tendo na altura, que se lhe puxar pelo pipi, para a retirar do ventre da mãe,que, suando e gritando,clamava que a estavam a matar, e que por isso,se despachassem com o serviço,que ela tinha mais que fazer...e lá chegou então, em dia e data incerta,o pipi, o maior pipi, jamais visto!!!Vinham de todas as bandas para o verem, e entreterem a dona,com suspiros e promessas enganadoras...homens, mulheres, rapazes fugosos e hábeis, em rolar na palha farta da estrebaria, e consta se também que, donas curiosas, procurando por lá o milagre da sôfreguidão com que os homens iam com tanta sede ao pote, espiavam a coitada, que, esperta, nunca quisera partilhar a alma do negócio com ninguém....até os médicos em dada altura lá quiseram ir...não fossem eles descobrir lhe alguma doença, e ela ver- se privada daquela coisinha tão boa, que lhe arrancava gemidos , essências de prazer, que lhe preenchiam os dias...Por vezes, chega me aqui, atravessando o vale fartamente bordejado de acácias, um cheirinho a não sei quê!Dizem as más linguas, que é do trabalho a mais , que aquela menina dá áquela coisa...pois bem, ela agora, que feche as suas perninhas, que se ponha para dentro de casa,que dê sossego áquela sua coisa...e tu, oh dor implacável,deixa me, e vai pousar ali...

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