páginas brancas

Wednesday, January 16, 2008

Mas o que é isto? gritaram espavoridas as senhoras assanhadas enraivecidas...
Onde se terá metido a bicha? estava espalmadinha... mesmo aqui neste sítio...
E todas a procurá la... curvadas sobre as peitaças
Embestavam se em raciocínios tremendos e impuros...
Que já se tinha ido com os abutres... os grifos e os demais...
Que alguma fera do mato a devorara ainda madura...
Mas ... descontentes com os achaques dos impulpérios desígnios
Começaram a olharem se... desconfiadas e em racicínios descabidos...
Teria sido alguma delas avassalada já de arrependimento profundo
Que se teria esgueirado no prado a acudir a pecadora devassa e imunda ?
Começou a atestarem se os primeiros incómodos ...
Não teria sido um acto descautelado e pouco seguro
O de se ter feito ali a justiça premente e súbita ?
Mas isso já não interessava... era preciso descobrir o corpo... a todo o custo...
Apartaram se as amigoas em pequenos grupos e lá se foram todas
Com olhos pregados no chão na busca angustiante da meliante
Que por milagre se tinha abalado dali... mesmo á beirinho já do escuro...
Começaram os primeiros gemidos da tortura... e se não estivesse morta?
E se se escapulira pelo mundo fora... desbocada e contando a malignidade por esse mundo?
Morta... mortinha... juraram todas terem na visto derrubada... ali...
E até houve quem afirmasse lhe ter visto as tripas e a queixaça fora do sítio...
Mas... fora mesmo assim?
Curvaram a cabeça... todas... na obstinação da certeza... inabáláveis no veredicto da sentença...
Mas onde? rebuscaram o chão todo...todinho... por dentro das matas vizinhas
Furando com as mãos criminosas as silvas densas que lhes barravam os caminhos...
Pontapeando com impulso bravo o ervado cerrado ... o pasto das suas manadas rijinhas...
E na cegueira de seus propósitos... na obtusão cobarde de suas alucinações
Achavam se por vezes premiadas na busca... tomando um toro de madeira
Por uma perna ou cabeça fria... que para ali rebolaria sem desígnio fixo...
Levaram as mãos á testa... esfregaram nas á vestidura guarnecida
E desmembraram se em jeitos alongados de quem já se sabia perdido...
E agora como iria ser... o corpo sumido... tanto melhor... nada a temer...
O segredo estaria ali para sempre salvo e destemido...
Mas por outro lado... se a libertinosa se tivesse escafodido
Estaria ela por aí acatada e recolhida... agasalhada num qualquer esconderijo?
Por ali mais nada havia a fazer... tudo a suas casas... e chave no bico...
Ninguém nunca poderia saber do acontecido...
Volveram a suas herdades com ar estontecido...
Ainda se cruzaram no caminho com um seu vizinho
Que na ignorância do facto as saudou levando a mão ao chapéu e esboçando um sorrisinho...
Elas logo trataram de retribuir num ar de inoçência enfraquecida...
Não teriam nunca mais sossego nas suas vidas...

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