páginas brancas

Wednesday, August 09, 2006

Foi se lhe o olhar
Por entre ravinas estreitas de melaço
E soube antever de soslaio
O brilho que lhe ia devagar
Descendo por rampas lisas
Como se... se mergulhasse sólida
Por entre viagens e sonhos
Há muito erguidos e abandonados...
Foi se lhe o desejo
Por entre a boca seca e parada
Na vista fugosa do seu enlaço
E na viagem ampla do seu pensamento
Derrubou paredes que a incomodavam...
Encheu se lhe a boca de desejos
Cobriu se lhe o corpo de amarras
Ficou parada...prisioneira
No visita súbita
Daquele que a tomara...
E queimou lhe o sangue na cara
Tremeram lhe as pernas num fervor
Num tudo que requeria cuidado...
E tornou pois a donzela
A ajeitar o sonho
Para lá da verdade...
E num arremesso estrondoso
Deitou se a menina á procura de um facho ...
Que este seria o dia da anunciação
Desvendo da mentira e do disfarce...
Alumiou lhe pois a razão
Que nada ouviu nada descobriu
E assim voltou a si a menina
Depois de um sono de uma vida...

Ela...em quem queriam estudar
A alma e os segredos do além...
Ela que fora tenra e crescera pequenina
E a quem juraram promessas de bem...
Alumiara se bem a donzela
Com a luz que lhe trouxera alguém
Do fundo de um sonho estrondoso
Que lhe pusera brandura no sangue
Que lhe atiçara a vontade
De se soltar sózinho
Correndo... só...achando se...
Nas covas fundas da vida
Nos amaranhados da excitação...
Mas agora teria por si
A coragem a ousadia a esperança
Morando de novo no seu coração...

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