páginas brancas

Tuesday, August 21, 2007

Não quero a menina feia ou bonita...
Nem a boa nem a má...
Quero a redondinha... como a fruta do meu pomar
Quero aquela que se atafolhou
Aquela que se empantorrou...
A da bochecha gordinha
Que a todos agradou...
A da saia suja... enxuvalhada...
Da terra de onde se deitou...
Não ralhem a pequenina
Que comia com os passarinhos
E com eles repartia o pouco
Que nesta vida lhe calhou...
E o vestido branco depressa virava
Um ninho de cotovias
Que para lá se cuidou...
Ai... a menina gorda...
Tão favorável no gargalhar
Tão afinadinha no gargantear...
Nasceu da terra e por ali se firmou...
Com ela... todos gracejavam
E ela... nunca se amofinou...
A moçoila que dormia na granja
Na palha seca... onde o rebanho se acamou...
Enamorou se dela um galã
Que para a corte a levou...
Contaram se dela histórias
Que a tal... nunca se ligou...
Corria por vales e montes
Montada num burrico
Manta em ombros largos... caída...
Á procura das maçãs... peras e romãs
Da frecura dos aromas que a vida predizia
E que generosas árvores prometiam...
E recordava se... serena... das brincadeiras ...
Dos banhos na ribeira fria
Onde todos se borrifavam do fresco líquido
Em risos deleitosos... perdidos...
Em abraços benignos...
E saudava se então... dos amigos ágeis que tivera...
E da ventada forte da serrania
De quem era ferverosa amiga
E que lhe tingia de rosa as bochechas gordinhas...

E no momento da revelação
Inventava sempre uma histórinha...
Que se atrasara... na casa de uma amiga...
E seu amo tudo nela permitia
Pois ele era honesto e bem lhe queria
E aceitava com agrado as desculpas ditas...
Mas ele conhecia bem a pequena gazela
Que um dia para sua casa conduzira...
Sabia que nesses dias de folguedo
Na tardancia por serranias
Envolta em pétalas de geadinha
Soprando lhe o vento na alma florente e frequinha
Que nesses dias ... para ele se viraria...
Mais feliz e coradinha...
E que lhe abriria um pouco... a alma doiradinha...
E que a ele... melhor a noite lhe saberia...
Com ela... junto a ele...toda aconchegadinha...
Pedindo por beijos e abracinhos...
E ela soprava lhe sempre baixinho
Que se descuidara e não levara o agasalho
Para casa da tal amiguinha...

E ele sempre com ela... nesse jogo se entretinha...

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