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Monday, January 21, 2008

Voltaram as aloucadas a suas moradas finas
E na assombração dos pensamentos lentas e inquietas
Envoltas em chamas e em ardências permanentes
Iam se as donas atarentadas nos seus delírios
E engasgadas do acontecido... e até mesmo ...
Em pouca conformidade com as premícias alegres e felizes
De raiosa manhã em que todas se decidiram pela vil feitiçaria...
Na recepção a suas moradas acorreram as serviçais
A anunciarem a chegada de uma certa autoridade da vila
E que seus maridos estavam fechados em seus gabinetes
Se entretendo em palavriado secreto e que de nada se sabia
Mas que a coisa devia ser séria...
Ouvira se um gemido e um grito de espanto e de alerta...
Recataram se as ditas em seus quartos...
Entupidas de curiosidade... estudiosas por mais esclareza e decretos...
Soube se mais tarde por toda a terra ... que aparecera morta uma certa donzela...
Linda... de estoirar o coração a qualquer...
E que não se lhe extinguira a beleza... muito pelo contrário... enaltecera se
Na pose escultural de uma santa... de rainha... de uma princesa...
Choraram na pelas casas pobres das redondezas...
Que não é em vão que Nosso Senhor as manda assim para aqui... de certeza...
E que se aprochegam no intuito de aperfeiçoar a raça humana e seus decendentes...
Em cuidados e prodigalidades...ágeis no maneio dos parceiros...
E aloucados se retesavam os demais no preciso momento do arroto...garrote ardente...
E nela se endemoinhavam perdidos se entrelaçando na pureza da pequena que os deixava fazer
Nascera livre e era estrelinha perdida nas beiras dos rios...achada nos palheiros ensoleirando vazios...
E que a pobre estava só nesta vida... e a mais... neste desassossego...
Mulher aparecida dias antes nas tasca e tabernas ... empestadas de homens e bêbedos...
E que gostava de se aconchegar ao colo dos manezes de posses e dinheiros...
A bem dizer... uma qualquer comediante... cigana...
Ou alguma reclusa acabadinha de sair da cadeia...
Não se lhe conhecia nem mãe nem pai nem família qualquer...
Linda...linda era... por isso a tinham recolhido da terra...
Até houvera quem dissesse que fora fruto caído da árvore fora de época...
Mas o que se tinha por certo é que fora no acerbo de uma carga qualquer
Que se desmanchara o crânio... se despegara o lindo cabelo... e se fora tanta beleza...
E ouviu se por montes e campos os tristes cantos saudosos dos rapazes em desassossego
Que não se deram nunca a conhecer... mas que juravam e prometiam não mais ter sossego
Aquele ou aquela que fizera sua paixão dissipar se...desvanecer se...
Que sem ela não se aproveriam a viver... doce... angélica pureza...
A menina que tiveram nos braços e a quem se prometeram...
Ah! indigna! amaldiçoada! a criminosa da requintado sentença!
E na denúncia prévia da sábia e segura vingança
Se tinha o grupo das vilãs assustado ... mas coeso...
Sim... coesas...duras como as peras que não apanharam sereno
Que não deram as suas faces ao sol...que não se aqueceram no benifício do calor comovente
Que enche a alma de sossego e se deleita nos sorrisos caridosos e atentos
Não sabia aquela gente que a vaidade incha e a nobreza dá rebentos e trepa para o céu
Depositanto ninhos... nichos de pureza... esses onde se vão abastecer os passarinhos e que a gente gosta e lembra...
Cheiravam a engomado e as pregas de suas saias afugentavam a boa gente que se assustava á vista desses corninhos que se debatiam e crepitavam sofrendo... levando de vez enquanto um bofetão para se terem em sossego em seus lugares pequenos...
E depois serviam no consentimento severo de tudo a que seus para ordenavam por decreto...
Entregavam se num encosto supliciado e austere a seus donos para lhes aliviar as necessidades supremas...
E eles tinham nas seguras e exemptas de dúvidas a tudo que se relacionava nas suas vidas em concreto...
Mostravam se inocentes nas prestações de suas teses... pois que para desempenhar o papel
Só uma grande dose de fel e de malagnidade pode explicar o lindo corcél que dali se despegara naquela tarde concreta...
Suspeitaram no princípio e depois das certezas germinaram o plano ... o embrião cresceu e o monstro revelou se na contenda certa...
Viram passar o féretro na rua... lá longe... uma procissão seguia a carroça velha ...
Mas no ar soltavam se aromas e até houve quem dissesse que em volta da saia soprava um ventinho alegre levantando o pano para mostrar uma coxa firme... rosadinha e trémula...
Eram os solavancos da carreta sacudinho leste o corpinho tenro e leve...
Viram na passar arregalando os berlindes grossos e via se lhes um branco mesclado de castanho
Turvara se lhes a vista de súbito na delonga do percurso alheio...
Caminhava altiva e austera toda a confraria de compadres persignando se em benções solenes...
Houvera missa e o Sr Prior recomendara que todos num gesto comprovado de benigna fé
E nunca em brusca manifestação escoltasse a última caminhada de uma pobre que nada tivera...
E na bondade escrupulosa do Senhor... se ajeitou a aldeia no todo a harmonizar o desfecho trágico desta qualquer...
Passava lenta a procissão ... sem sussurros quaisqueres...nem uma palavra sequer para aliviar
o silêncio pesado e frio que envolvia o dia certo...
E acorreram as Donas em passos aligeirados como a esconderem se... por debaixo de um soberbo sobreiro ... olharam se curiosas e atentas trincando com ganas os lábios finos e já sumidos .
Foi nessa altura que o céu se abriu num rasgo generoso e ternurento... e a urna velha com as carnes tenras encheu se de uma luz radiosa e quente...e o astro divino vestiu o ataúde de um raiar doirado que se apegou com firmeza á testa da inocente...
Tudo o mais se dissipou numa confusão tremenda...dispersou se a turba em volta do caixotão... titubiando em acesa exclamação e até já a chamavam santa e que fora abençoada á hora da nascença...
Caiu de repente uma chuva horrenda...faíscaram torrentes e as Donas regoziram se do tormento... fisgaram com gestos obscenos a tomultuosa corrente que se desmanchava já em lamentos...
Mas o que elas não viram... e a tempo... foi uma seta incendiar se nos céus e logo a seguir...
Uma bola de chumbo fendendo lhes a todas a cabeça e rompendo as até ao coração...
A procissão caíra nas terras lamacentas e ficara boqueaberta na visão do fatídico despacho...
Cinco... de uma vez...
E jaziam... esparsos pelo chão adentro...pedaços de corações mirrados e secos...

Levava a menina nos lábios... para a cova no chão...um sorriso ténue... em recatada concordância...

Quanto ás outras... fecharam nas ás cinco num caixão... amigas para sempre...em atrapalhada restauração...

Por esses dias chegara á aldeia uma gitana... ladina... armada de um chicote vermelho...
Agora por aqueles sítios nunca mais nada seria na serra... no leito do rio... ou em seara alheia...
Em carícias e miares mansos...

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