páginas brancas

Wednesday, January 07, 2009

Na encosta serrana empuleirava se uma morena
Era sempre a mesma menina navegante
Que se esgueirava pequena em desejos grandes
De ver os campos animados de papoilas
E na beira dos ribeiros alindarem se as açucenas...

Hoje já ninguém tem tempo de se debruçar sobre o estampado do campo
Ninguém já espreita o céu com as suas míriades diferentes ...
Todos olham de frente alindados nas suas vestes frescas ou quentes
E o paraíso dizem eles...chegou lhes á terra e vivem contentes...
Todos trazem relógios para se não perderem nos momentos
E depois do trabalho regressam a casa meios mais ou menos assim...
Estoirados das grandes artes e empreendimentos...
Que graça é esta...digam lá voçês ?
E sabem vós porquê?
Porque quem não olha para o abismo azul...nada idealiza...
Quem se apressa em correrias endoidadas nada retém...pouco ou nada vê
Quem se apressa descordenado nada contempla nada retém
Quem se apruma em horários cuidadosos e exactos não enxerga o além
E depois é mesmo uma pena... esta coisa engraçada...
De nos havermos todos sitiados nesta terra isolada
E não termos mesmo tempo para nada...
A não ser algumas horas escassas onde tudo se reprogramado
Religiosamente...atrevidamente... outra vez...
E fiscalizam os chefes as tarefas pequenas
E orgulham se os menores no seu cumprimento
Porque parece que isto aqui por baixo
Obedece mesmo a uma ordem extrema...
Eu por min...já pouco ou nada entendo...
Cheguei me fora de horas
Arrivei me fora do tempo...

Eu cá vos digo...
Eu que sou a selvagem!
Eu que sou a aloucada ... a pequena...
Oiçam...
Que me vou falar baixinho
Para vos não assustar...forte pena...
Já me despedi disto por aqui...
Vêem me o corpo ... experimentaram mo .mais de cem vezes..
E até já o entreguei em núpcias esplendidas de uma só vez
Mas a mim... mais á minha alma indomável
Já há muito que nos fomos deambulando pelas nuvens adentro...

Me vivo na lua...viajando num cometa...

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