páginas brancas

Saturday, January 03, 2009

Num casebre desabrigado alojou se um mendigo
E a alma triunfosa jurou se santa ali...
Por haver tecto e telhado por de cima das ventas aflitas
Que estalavam em agonias de frio por ali
Porque quem nada tem e se apega ao pouco
Logo se sente feliz...
Abeira se a um buraco ajanelado e respira o ar frio
Traga vícios de outroras ... leveduras de arrepios...
E passa gente lá fora que o vê e nada diz
E ele... que há muito nada espera ensaia se a suspirar baixinho
Um não sei quê de dinâmicas que enobrece a quem o diz...
E batem á porta do barranco a ver quem se ergue assim
Em estatuto apreciável e que tão bem se cita ali
Endireita a espinha regelada e se põe a cantar assim
Num trémulo afinado... em ajustes de mágico
Em cadências acertadas de voz
Que estremece e encanta qualquer um...
E nos olhos estremeceram menssageiros
Os recados que tinha para alguns...
Fora essa a sua vida inteira
Cantar a sorte de cada um
Trocara a fidalguia desonrosa
As espadeladas desatinadas
Pelo bem de cada um...

Partiu numa manhã á procura da vida sua
Mas só encontrou manhas... astúcias e calúnias
Desterrou se deste mundo e fez se assim
Cantando e se entregando ás gentes
Que se apiedavam de si...

E é assim que um herói se nomeia
No meio das riquezas que não têm vulto
E que não deseja para si...

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