páginas brancas

Wednesday, March 08, 2006

Chove meu amor...escondamo nos nestas searas , já aqui, nestes céus tão espumosos... como se está bem amor...enterram se nos as mõas nesta terra cheirosa, que flutua, para que, sem nos mexermos, possamos seguir direitinho com os olhos, as brincadeiras que os delfos fazem para nós...olha como é bom rebolar nesta penugem...fazem nos cócegas,querem nos felizes...foi bom cá ter vindo parar...nunca os nossos cabelos se confundiram tanto neste mar de suspiros...ouvem se , vindos de todos os lados...é a hora do ensaio...chegámos na hora certinha...chega te a mim amor, junta te bem a mim, pega me a mão, para que,quando extâsiada, me possa fundir em ti e sermos um só...pois que, quando estás lá em baixo, amor, distrais te tanto...olhas pouco cá para cima...escuta estes duetos, estas árias, os coros que entram por mim...Oh! amor...escuta estas guloseimas que nos estão ofertando...bandeijas de notas...abre bem a tua boca...come se música, aqui neste cantinho deste céu, tão perto da nossa morada...experimenta depois de mim...vê como se fica mais bonita...enchem se me os peitos, do suco afródisiaco que te põe doido..agora já sabes de onde eu vinha, quando, atrasada, corria para os teus braços, e tu, desesperadamente procuravas este cheiro que eu vinha aqui buscar... olha para os meus olhos amor...aqui eu fui Giotto,pintando o seu belo Santo Estevão,Botticelli, pintando uma das suas Anuciações,Correggio, pintando a Virgem com o seu menino...sabes amor, quando se prova destas essências, tudo está ao nosso alcance...é por isso que lá em baixo, suspeitas sempre dos tintos, das cores que trago em mim...conheces a Sagrada Família de Agnolo Bronzini?fui eu que a pintei...mas só o consigo fazer nestes sítios , onde me visitam almas gentis a pedirem me um pouco da sua atenção...ai amor...lá estão aquelas estradas largas e gordas que carregam os momentos mágicos que por vezes tenho aqui...e é por este amor, por este montão de pétalas, de hinos que me apaixono, e pelo belo que tens em ti, que esvoaço para fora de mim, num lânguido trilho ...bálsamos antigos, que vou soltanto por aqui...fica, fica junto a mim...

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