páginas brancas

Wednesday, October 25, 2006

Vêem me passar... os guignols...
Cabeça erguida... para melhor os ouvir
Orelhas em leque para melhor os ver...
Pois que eu nasci trocada
E na reviravolta se fez a confusão
No engano das terras
De quem p'rá aqui me mandou...
E vislumbra se nítido...
O engano...o desamor...
Por baixo do fato...
Dos cabelos perfumados...
Dos mantos arranjados...
Fetiches...arrumados...sossegados...
De quem para aqui emigrou...
Mas eu danço...no meio da inquietação...
Descobro lhes planos...maquinações
Troco lhes as voltas dos olhos
Que procuram pular
Para dentro dos meus...
Afasto do caminho empedrado
Esses génios maus ...engasgados...
Que em mim querem entrar
E é na deleitação de quem em mim descansa
Que me encosto sossegada...esperando
Que a multidão passe...
E sorrio então...quieta...na quentura macia
Das mãos que em mim se deitam
E me aconchegam...
Porque ninguém vê...
A montanha linda onde vivo...
Poucos um dia ouviram o seu cantar
E quem em si traz
As flores dos meus pinhais
Traz pássaros em si...coroas cheinhas
Que não param de sussurrar...
Ai...tremendas esssas boca
Que sobre de mim trovejam...
E na troca dos cheiros
Adivinham se palavras...
E por todo o ar se pragueja...
E os que por mim passam...austeres
Cautelosos arredam se de mim
No vazio sublime das mil e umas cores
Com que pinto a minha loucura...
E no encantamento marmoreado...
No sossego achatado....enfeitiçado...
Corto...devoro as máscaras fétidas
De quem por mim passa...

E é na cabeleira da noite cheirosa...
No silêncio frágil...
Que me retiro... calada...
Enterrando me
Nas terras frescas...
Nas searas doiradas
Penteadas pelo vento...

0 Comments:

Post a Comment

<< Home