páginas brancas

Thursday, July 12, 2007

Eu não me tanjo aqui...
Sou do outro lado do mar...
Cheguei com as nuvens cheirando a especiarias
Derramando em mim iguarias... paladares...
Descansando nos cumes das montanhas
Semeando por lá sabores delicados
E loucas... nobilitando se em mim... sempre a dançar...
Eu nunca pedi... nunca fui consultada
Para aqui dormir... para aqui ficar...
Trouxeram me enroladinha daquele sítio
Para permanecer aqui sózinha... saudando me... a fraquejar...
A minha cepa vem das terras quentes do outro lado
Voou num rasto de siroco
Cravejadinho de aromas latejantes
De tâmaras doces recheadas... empacotadas
Para o festim que um dia me será anunciado...
Ah! Bálsamos delicados que em mim se entrenharam...
Porque... do que eu gosto mesmo
É do céu apascentoso e azul... e daquele brando mar...
E fizeram me branquinha
Da cor da tela do ar...
E nas noites volatizo me para as vielas
Para as casas que não existem cá...
E visto me riscada... alongada... abotoada
Sem pavores... sem nada...
E deixo me vaguear pelo extenso chão
Da eternidade que me arrancou de lá...
E é sempre assim... cheirando á cal quente
Do meu bairro natal... estátua alva e pura
Que se ergue lá longe... para lá das terras do mar...
Cheiro ás areis húmidas e quentes do Sara
Que me têm de dia... por cá...
Porque de noite eu rezo a Alá... o Altíssimo
Para que um dia me leve para lá...
E nos céus sobem esplenderosos cantos
Que me ensinaram um dia a rezar...
E alteiam se os olhares ... e descansam as almas
Na audição pura de minhas preces aprimoradas
E na observação atenta do povo que passa
Almejo gente perturbada... emocionada... a chorar
Desçam pois sobre nós os tintos claros da palavra
Ágil e forte que nos tem por cá...
Eu vim sózinha... destemida ... sem corar
Porque

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