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Monday, September 03, 2007

Vai tudo começar de novo...
Deita se o sol... nasce a lua...
Espreitam as estrelas...
E pensam os homens... julgam também elas
Que tudo renasce igual... de dia para dia...
Mereci tréguas... oh! sim...
Naquela barca singela que me levou para ali
Para o país das donzelas que me espreitavam...
E do que lhes ia pela cabeça oh! céus senhor
Não lhes podia eu nunca dar... pois que sou anjo singelo...
E morada... não a tenho por aqui...

Outrora fui saquiador de castelos...
Meu tormento nunca tinha fim...
Tinha me a alma aflita... ferida...
No tanto almadiçoar... a quem nos bens
A mais de mim possuía...
Fui bandido... ladrão... vilão interdito...
E também fui coveiro... enterrei moribundos...selvagens e Reis
Convivi... sereno... com espectros... fantasmas...
E as sombras entrenhavam se em mim...
Malcheiroso... pestilente... nauseabundo...
Em covas moribundas me tinha por seguro
E ás almas que iam para sítios... lá para longe de mim
Pedia boleias... hóspedes que tratassem de mim...
E a cal se entrenhava nos ossos feridos...
E num dia mais pequeno... estiquei me por aí...
Fui domador de leões e minha coragem não tinha fim
Amedrontava os bichos... que se condoiam de mim...
E depois... durante séculos... dormi...

Acordei um dia numa casa arejada...
Fora me doada na morte que se compadeceu de mim...
Estonteei me por dias num arrebatamento febril
Chorei me ... doente... o tanto que empreendi...
Malvado... funeste... vil ...Oh! de mim...
Recordava penitente... contrito... a vida minha... desbaratada.. enfim...
Perguntava ás gentes aladas que nadavam por ali
Se me conheciam... o que fazia jnuto a eles... que não escarneciam de mim...
Onde estava o desprezível... o descamisado... o malvado que conheci?
Ninguém percebia o que atentava dentro de mim...
E veio um dia de súbito... um espírito sobre mim
Que me segredou ter me resgatado... Ah!destroço calamitoso...
Clamando por alguém que tomasse conta de mim...
E na lamúria aéria que se ouvia...
Apelei aos Santos que tomassem conta de mim...
Que me resguardassem dos decretos que impudentemente conferi
Das embrulhadas em que me meti...
Das confissões que ao altar não ergui
Dos pobres que não protegi
Das burlas que inventei e servi
Do tanto que fingi...

E então ... um dia... foi me resgatada a alma maldita...

Vivo ... agonisante ... na dor do arrependimento... suave condenação...

Ohhhhhhhhhhh! Vós que me ouvis!
Quereis pior tormento do que este que se acha em mim?

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