páginas brancas

Monday, June 21, 2010

A vida toda não me vai chegar para amar o tanto que os meus sentidos alcançam!

Para me debruçar por decima das flores e das árvores
Que se vestem com as roupagems alegres dos meus olhares
E que em bondades se vergam em agrados radiantes
Em consentimentos e aprovações nos amplos maneios dos meus balanços...
Para embalar no meu seio as pequeninas crianças
Que olham com nostalgias e vontades redobradas
O momento profetizado de se deitarem no xaile do meu chão manso

De percorrer os céus e as outras bandas
E de lá ir em vôos com os adulto e as crianças
De pisar e colher o orvalho molhado que me chega dos prados
E que são o recheio dos beijos que me mandas...

Não vou ter tempo para me aprumar no vosso jeito
Pois que a minha natureza é a das funduras deste chão que chora e canta
E que num todo ora destrói e ora logo se arranja
Vivo recostada ás vertentes das montanhas sempre em suspiros e ansias
Desenhando nos ares linhas curvas quadrados círculos
Cozendo e remendando as narrações maldosas dos muitos que aqui mandam
E num todo me aprazo também a cozinhar na imutabilidade dos tempos
Contos e histórias e debruando mesmo parentescos
Desta humanidade distraída que em repousos nunca descansa!

Não vou ter a idade secular dos Santos para me passear por outros cantos
Para mergulhar nos oceanos revoltosos e brandos
Para ir por essas ruas estreitas e pequenas adentro passeando
E por onde vagueiam tristes as penas e as carências primeiras ...

Não vou ter o tempo de todas as vidas para nesta me estrear por inteiro!...

Mas vos digo eu isto que é certinho e verdadeiro
Vou querer este momento para me rastejar oriunda e primeira
Nas pisadas dos Santos Alteiros
Porque a minha raça é esta a de me baralhar nas minhas e nas ideias solteiras
E só em alguns me ter reflectida em primores em espelhos
Porque esta gente do cá de baixo me não ata e há muito que dela me tenho alheia
E então em vontades e verdades me confesso a vós aqui solitária e ordeira
Certificando me em habilitações estranhas aos olhos
Daqueles que aqui me vêem e me acham estranha!

E o meu desgosto é este de não poder albaroar com os meus olhos
Os mastros negros que se enterram nas verduras amenas dos meus rebentos
E é sempre em grandes desassossegos e numa penitência extrema
Que carrego esses colares de chumbo que me enfraquecem
E que eu tenho á força de erguer enterrando nas areias as minhas asas pequenas
E assim me tenho em achaques e deflagrações de misérias
Pelos tantos que não amam e não se abrigam em santidades
No meu jardim na meu abrigo primeiro!

Mas não faz mal porque até o que eu quereria mesmo
Era poder me derreter e desaparecer numa rebentação sonolenta
E em passinhos de dança em glissés e jetés ir coreografar me para outros bandas

Quando avistardes nas águas corais conchas e peixes
É a certeza de que me fui já em degredo e comunhão aquática para um outro reino!

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