páginas brancas

Saturday, March 25, 2006

Chegaram as papoilas...
Saíram do meu coração
Esvoaçando, leves,por cima de mim...
Cobriram me, frescas,
Num manto leve de cor
Pintaram me as faces...
Vieram todas juntas
Para me levarem num passeio
Pelos corredores alegres do paraíso
Porque...
Quem se traja florido
Viaja no ombro do vento
Arrasta se colado aos feixes de luzes
Agarra se aos ramos altos das árvores
E numa tontura desmedida
Tudo se solta em si...
Trazia nesse dia o semblante entristecido...
Espalhara se em mim logo cedo
Um redemoinho de desordems
Acenaram me então as papoilas
No jardim frondoso da inquietação...
São carmesins, as minhas papoilas
Cor do sangue em que me pari
Acrescentei lhes umas pitadas de ousadia
No dia em que nasci...
Foi num crepitar temultuoso...
Num dia de trovoada
Que o meu peito se abriu...
Veio primeiro a dor...a aflição
Vieram a correr as meninas...
Traziam em seus braços
Aquele que eu amara...
Naquele outro pedaço de vida
Rasto silencioso
Perseguindo a solidão...
Encostei me ao seu corpo gelado
Esquecido...atordoado...
Sem se lembrar de mim...
Soprei lhe devagarinho por sobre os olhos
Mundo meu...parado...alheado
Colei os meus lábios aos seus
Passeei nas suas pálpebras fechadas...
Pedi então ás meninas
Que me o levassem dali...
Ficaram então as saudades
Nevoeiro teimoso...rasto
Dobraram então os seus caules...
E num suave reboliço de mar
Amaram me...obstinadas...
Num frenesim de saudade...mãos dadas...
Mas em mim...
Embrenhara se o cheiro
Daquele que partira...miragem...
Do que não me vira
E que não quisera acordar...

Desmerecido...


Sem culpa formada!

0 Comments:

Post a Comment

<< Home