páginas brancas

Sunday, May 27, 2007

O que é bom é não querer coisa alguma...
É ter nos maravilhados... mergulhando de relance
Em escuros céus trajadinhos de brilhantes...
E não se desejar mais nada
Para lá da fuga... para o fim de tudo... para o outro lado...
Sonhei... vi que tudo não passa de uma miragem...
De uma dilatação desinquieta vibrando no espaço...
O que é bom é abortar um desejo caprichado
Que atormenta cansa e desgasta...
E é na debilidade dos momentos frágeis
Que se importuna a gente na procura de um regalo
Cobrindo com cuidado as juntas fracas
Das peças minúsculas e quentes do nosso disfarce...
Ai... eu não quero ansear mais nada
A não ser este azul que me abraça
E que de súbito tudo apaga ...
E é tornar me meiga em vez de brava...
E é sentar me quieta ... esperando as nuvens cansadas...
Que me afaguem... me carreguem enfeitiçada...
E as ondas pequeninas da maré que se agacha
Desnudando seu peito... se entregando... enamorada...
E de noite esperar o sussurro manso do nada
Aclamando airoso o sossego adorado...
E depois... nas trevas silenciosas dos montes ceifados
É bom adivinhar no peito as espigas tenras... a arrulhar...
E não ambicionar mais nada... a não ser o brumoso da noite
Que nos encobre... nos aquece e tapa...
É isso ... é isso mesmo ...
Eu me vou morrer um dia... assim...
Sim... para descanso eterno de minha alma...

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