páginas brancas

Monday, October 01, 2007

Este mundo é muito engraçado...
Só se fazem contas ao dinheiro...
Mas esquecem se os pecados...
Só se somam cifrões... e pronto... está a vida arrumada...
Esbogalham se os olhos nas contas bancárias
Mas passa se indiferente... perante a desgraça alheia...
Na rua... lá fora... amontoam se os pobres... aflitos...
Os glotões... dizem eles... receosos que lhes roubem um pedaço...
E se por um acaso lhes derem côdea em vez de pão
Acenam logo com a cabeça... num gesto de boa vontade...
Mas o requinte fresco e estaladiço fica lhes lá... para suas casas
Pois... supõem logo... que nas bocas apertadas e desdentadas...
A fina e melhor parte do manjar não passa...
Ficam pois os aguerridos endireilhados... com a melho parte...
Oh! vergonhosa raça...
Tendes o livro da Lei á cabeceira
Mas não entendeis nada do que se lá relata
E no descanso dos olhos escorregando no Livro Santo
Alivia se lhes a magra consciência... e quando se deitam...
Deslumbram se em sonhos na contagem crescente de seu Amo...
Fazem se muitas contas... nesta terra desgraçada...
Mas isso... está se mesmo a ver... não serve para nada...
Abri bem os olhos e esgueirem se para o outro lado...
Abarcai em vós... num manto espesso
Um pouco da dor que se estende por todo a parte
E num relampejo fulminante...
Repartam o tanto... que tendes em vós... embaraçando...

Só se fala em dinheiro... dinheiro para aqui... dinheiro para lá...
E a boca entope se... e os sapos dançam... mafiosos... delirantes...

Eu cá prefiro as águas mansas que não me custam nada...
O caudal revoltoso do rio que baila nas minhas tranças...
E este céu esplendido que não me pede nada...
E sobretudo... o rosto aflito... esperançoso... de uma criança...
E que... na aflição de não se ver achada... na dor do seu silêncio...
Pede colo... abraço e confiança...

Verdade... verdadinha... o que eu gosto mesmo...
É de me ver cativa... no rosto de quem... por mim clama...

Que manual será preciso ... oh! homens ... ditos de confiança...
Para entenderdes isto... de corpo e alma inteira?

Já me foi sussurrado um dia... que... nunca...
Mas eu... como sou teimosa... espero... espero sempre...

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