páginas brancas

Wednesday, October 29, 2008

A minha aldeia tem uma igreja ...
A minha terra reza a Nosso Senhor ...
E nas casas pequeninas onde se acendem lareiras
As almas boas oram á Virgem e ao Nosso Bemfeitor...
A Mansão do burgo é dourada...
É pintada do suor do povo que nela se aliviou
Que a ergueu por decima de seus ombros cansados
E a ofereceu aos céus azuis...á coroa do Criador...
E nas torres que se erguem no alto
Redobram sinos...cânticos de louvor...
Ai...no meu cantinho sereno
No meu pedaço de paraíso
Eleva se numa encosta agreste
Um pedaço de pedra que aprendeu a sorrir ...
Cantam Lhe cá de baixo orações honestas
Cantatas refulgentas...distintas em ardores
E em honras sublimem o Seu nome...

E os homens e as mulheres deste chão baixo
Sempre a lamentarem - se e em grandes dores
Não vislumbram nunca nas cores que clareiam neles
O favorecimento incansável do abraço do Patrono...
Ah!essa plebe que não se conforta no resguardo do Amor...
Na oferta gratúita do sol e das chuvas nas suas terras de lavoura ...

A abóbada celeste da minha terra não tem fim
Não me posso calcular nela... tâo pequenina assim...
E falando baixo com as estrelas que sorriem
É no silencio primoroso das minhas preces
Num recanto virtuoso do um chão frio
Que me ajoelho e ferverosa rezo a Nosso amado Protector ...
E as palavras valorosas...as oferendas sagradas vão se aligeirando
No silêncio alvo dos devotos que todos os dias O nomeiam...
Aquele que por aqui... e em esplendores acesos fiscaliza e vai amainando
Os íntimos doentes que por ele ainda não clamam...
E em bondades e rectificações no coração dos homens se vai fixando...
E tudo isto...sem nunca Se dar a espreitar
Sem nunca Se dar a conhecer em suas vestes amplas...
Nos rasgos dos olhos dos simples... prosperando nos Seus encantos...

AH!que casa linda é a do meu patrono!..
Regadinha de benções cheirando a rosas e a jasmim...
A cravos vermelhos recheados de beijos...
E adejam as andorinhas ansiosas em Seu reino
Para nos beirais dos telheiros fazerem os seus ninhos...
Livres...nos céus... batendo as asinhas... soletrando bizarrias...
São recados poderosos para as gentes pequeninas...
Porque os pássaros são os Anjos que o Grande nos manda
Para Se esclarecer devagarinho aos nossos ouvidos...pois é Ele que manda...
E nos mistérios das noites...em silêncios imaculados e distintos
Se põe todos... no descanso do dia... a recordar as céleres adivinhas...
E é num sono lavado e fresquinho
Que se abre devagar um Olho oculto em altos vôos ... enternecido...

A casa grande da minha alma enterra-se firme numa polpa macia...
Bordejada de árvores... flores...aromas apetecíveis...
E se num alento piedoso...na dádiva de um sereno dia
A nossa dor para lá levar os nossos passos perdidos...
E se na nossa aflição se levantarem ávidos os nossos braços estendidos
É em frecuras...e no regalo de seus olhos que nos aliviamos... sinceros e benignos
Das penas e pecados... há muitos e por muitos tempos cometidos...

A Casa que arrebata as nossas vistas tem duas torres redondas
São ums peitos firmes e brancos... da cor do leite que as mães dão
Na entrega sincera aos seus bebés amados...
E aqueles sinos que redobram as horas sonantes das nossas vidas
É o chamado breve e querido que há de ser nosso um dia...
Cerca na um bosque doirado onde vivem anões mágicos
Homens obreiros e mulheres activas que nos nossos sonos
Se apressam a arrumar a casa luzidia ...
E crescem nos muros empedrados... rosas e alecrims...
E no altar do Santo se dá a cheirar ao rico...ao pobre e ao mendigo
Um não sei quê de purezas que os atraiem todos ali...
É uma beleza... esta casa do Filho e da Mãe queridos...
Erguida na fatia de céu onde me vivo por aqui...
Cantam - se madrigais...motetes nas missas...
Ouve - se o Santo Padre a pedir pelos necessitados...pelos infelizes
E é num idílio recontado por dentro dos tempos perdidos
Que se confirmam esperanças...que se aliviam feridas...
E nas palavras enfeitadas de estrelinhas
Se rezam preces... alinham - se verdades...
Escondem - se mentiras...
Ai...e aqueles cheirinhos a incenso e mirra vindos do Oriente...
Aninharam - se solenes... no altar em ton baixinho...
São as vozes dos Reis nas páginas da vida...
E sorriem... a se entregarem na pureza da linhagem perdida...
E chegam os novos de passo le breve com um pé dentro do enigma
Com o coração prestes a se entregar á palavra divina
Traçam árduamente as estradas pelo alto acima...
E no peito alegram - se em risos...em contos de adivinha...
Porque desconhecem o segredo... a miragem vivida...
E em esperanças lustram a egrégia confiança
De se terem todos na alma confortados e amigos...
Cantam alto para no céu se ouvirem os salmos antigos
Proeminentes cânticos louvando o Grande Amigo
E nunca estremecem... e se aprumam agarridos
Nas preces que vão encomendando ao Redentor deífico...

E de longe chegam vagarosos os velhos e as senhoras finas...
Enxailadas de rendas e mantos para se aquecerem na casa asseada e fina ...
Mas no íntimo...nos seios frios... estremecem no terror da traição e das mentiras
Há muito contestadas... há muito cometidas ...
E em remorsos acesos se desejam ver redimidas...
Chegam - se mansas e a sorrirem aconchegadas
Na ideia fixa do salvamento prometido...
E em promessas dilatadas... numa absolvição estabelecida e segura
Transformam- se esplenderosas... arrebatadas...rendidas...
E depois acodem os humildes...os resignadas... os brandos...os desconhecidos...
Pedem pelo sol pela chuva que lhes hão de dar o pão da vida
Avançam descalços...enobrecidos...
Oferecem as mãos... a carne magra e adormecida...
As dores ... hóspedes... no dia á dia...
E aproximam - se os viandantes...os peregrinos...
Encaminham - se dobrados e rendidos
Estendendo - se em lutos hostís
Poisam os seus sofrimentos na bancada fria
E olham resignados a luz clara e fria...

Amores...amores da minha vida...

Ninguém dá por eles nesta pirâmide altíssima...
Olham de lado com olhos aflitivos
Estudam amiúde os trajes finos...
E perdem - se em ideias e desejos de se terem assim um dia...

Olhem os meus amores...os meus homens partidos...

Cheiram a lutas... a batalhas perdidas...
Já se malograram em estradas...em campos baldios
Roubaram ligeiros...a ração do dia...
E em persiguições cansadas... em corridas esbaforidas
Esconderam - se em poços... em buracos da vida...
E olham desconfiados a roda vizinha ...
Calçam sapatos largos onde escorre o frio
Sorriem com dentes esburacados exalando agonias
E ninguém pára... e ninguém se arrepia...

Choram os meus amores... as sementes aflitas...

E entra a luz bondosa pela janela grande e erguida
E na cabeça do pobre estende - se uma manta...uma Mão condoída...
Ninguém repara ... ninguem diz...
É o hálito do Senhor aconchegando o vadio
Arrebatando - o logo para o seu rebanho...
No escuro da noite...na clareza do dia...
E canta o cura na miséria estendida
Gratificando...indiminizando... e diz...
Conta coisas de outros tempos
Alinhava contos e magias
Mas quem tem escassez não alcança a intriga...
E os homens de bem...esta gente ferida
Ergue a face pálida... os lábios...sempre a pedir...

Os meus amores...a forte espiga...

Levam a noite a pensar naquilo que hão de vestir
Que nesta Casa se queriam alindados e limpos
Mas o que eles não sabem...e o que nunca ninguém lhes disse
É que é no coração deles que Deus habita...
Que Ele não se deslumbra na vaidade
Mas progride no íntimo dos puros...dos oprimidos...
Na ingenuidade...na credulidade ofendida...
Nos pensamentos rectos despidos de ufania...
E quando se lhes estende a cesta vazia no intermeio da missa
Quando se lhes é pedido o sacrifício em honra da imagem esculpida
Sabem de ante mão que têm os bolsos vazios...
Cogitam...falam baixinho...
Ajuízam - se pequenos no meio do cismo
Porque os olhos dos ricos deslizam... negros...
Por decima das suas fadigas...
E nas noites enlutadas...nas tardes arrefecidas
Achegam - se calados e tranquilos á brasa quente do lume que instiga...
E de dentro das camisas frias
Ouve - se lhes os corações agradecidos do trabalho...na canseira vivida
A terra lavrada...as colheitas míseras...
E Deus deita - se em seus regaços beijando - lhes as mãos feridas...
E depois de orarem erguem - se mais aliviados...desoprimidos...
E é esta a raça da gente que põe o pão na mesa dos ricos...

Os meus amores...os meus amigos...

A meu Santuário é o meu abrigo...
Afirmo me nele pura no sentido...
Baixo a cabeça e não me afirmo nem grande... nem pequenina...
Sou do tamanho... da cor... que Ele quer e me tive prometida...
E na largueza de meu sentido ajeito me nele erguida...
São tão bons os passeios nos braços do Senhor...
Leves...ténues... na ilustração enobrecida...
Negou o Tolo aos homens e ás mulheres apoucados no tino
O sincero entendimento da palavra divina...
Mas no trilho maduro dos passos ofendidos
Caíem...soltam se estrelinhas...
Benções pródigas Daquele que tudo adivinha...
No rebanho do Amo todos se alinham...
Do mais alto ao mais pequenino
Do mais pobre ao mais guarnecido...
O rejeitado...o aleijado... o detido...
E no alastramento da compaixão sentida
No martírio doloroso das penas retidas
Acolhe o Senhor no Seu peito dulcífico
Os corpos atorcidados... malignos...
Todos se recolhem de súbito na misericórdia divina...

Os meus amores...a dor infinita...

E são estes os pagens do Amigo
A multidão que se ajunta aqui aos domingos...
Mas também os há que aparecem soltos na roda das idas
E os que fogem sem nada pedirem...
E também os que em seus sentidos ainda O não descobriram
Sempre enleados em debates internos...
E em hesitações redobradas e aflitivas...
E que na espera débil da Sua vinda
Se prodigalizam em esperanças e nobrezas de um dia
Num pedaço azul de céu se poderem prostrar
Em confissões e esperanças concluídas...
Ai!...e que dizer dos pobres de espíritos...
Dos que na sua perfeição ainda se acham imerecidos...
Os que na obsolvição dos homens ainda rastejam perdidos...
E todas as criancinhas e todos os animaizinhos
Que no entendimento ainda não foram esclarecidos?
O Eterno é bom e reza por nós todos lá de cima...
E no âmago dos recompensados ergue - se no altar...
Alindam no nos lares coroado de flores... o Enternecido...
Mas os perfumes e as almíscaras maiores estão escondidas
Num recanto da mão que dá e não tira...
No sorriso abonado confiante e que não instiga
No solene enfitrião que se ergue Neles...macio...
Nos lábios que beijam e não mortificam
No abraço que enternece e não penetencia
Nos passos silenciosos que O carregam no peito
E com ele adormecem em alegrias...
É assim a jornada benéfica do irmão que acredita...

Os homens de sorte... os estabelecidos...

Vi homens ajoalhados...crianças em preces... arfando...
De olhos fechados voejando...acenando com o corpo...confiantes...
E nos olhos cerrados descortinei uma claridade vivente...
Porque é no silêncio... no branco casto sossego da oração vivificante
Que se eleva o Virtuoso...
O Inocente que nos chegou um dia milagrosamente do Oriente...

Casa linda... a mansão do pensamento...
Ordenação severa dos contos memoráveis do Grande Livro...Assento...
Viajo - me em tempos recentes no encalce do Estulto...em entendimentos...
E na viagem intemporal de meus acentos
Nos repousos vivificantes de meu talento
Activo - me... ágil... permanente...na busca minuciosa de Sua presença

Nos domingos rodeiam - No as crianças vaidosas e elegantes
Em fatos claros cheirando a dinheiro...
Trazem na cabeça penteados lisos... perfumes ricos...
Mas... se se observar bem... é nos cabelos dos pobres...
Que se adensa uma curva de sol...uma claridadezinha
Penteando as madeixas sebosos... besuntados e lisos...
Chama - os o Grande a Si numa onda apetitosa...
Riem fartos os meninos de corpo amplo...
Ostentando jóias oferecidas e dadas
Calam - se humildes... as crianças tristes e desanimadas...
Mas todos se chegam com um propósito íntimo no peito
Um desejo febril que até estontece...
Vão se ajoelhando na benzedura estimulada do desejo aprimorado...
Pedem prendinhas... bonecos carros e combóis
Pedem patins bicicletas e goluseimas...
Mas os colegas amiúdados persignam se numa demanda desajustada
De se terem todos reunidos a uma mesa recheada e farta ...
Oh!e que os irmãos e os pais regressem rápido
Das longínquuas frentes de batalha...
Dos campos agrestes do semeio...
Aprimoseiam - se na demanda das tréguas desta vida que não lhes é fácil...
E é á mesa do Senhor...no Altar do Progenitor
Que muitos se perdem em desejos e lembranças
Sem se terem esmiuçado em análises e dissecações acertadas
Mesmo de fronte das vistas carenciadas dos irmãos abandonados...
E eu então vos digo que tão grande é o pequerrucho
No seu traje diminuto e apoucado ...
E tão pequeno o afidalgado que vive na abastância do trato...

Mas eu...eu calo me...
Mas eu...eu não digo nada...
Porque os meus olhos por si... já falam...
Conversa - se me a alma... com a dos destemperados...
Abre - se me o peito para os descarnados...
E na miséria da vista aguçada
Miro os tolos...os inertos... todos emperdigados...

Venham amores...acorram para meu lado...

E quando me chega a precisão dos dados
Quande me assentam as ideias
Estala - se me no peito a horrenda verdade...
Agravo - me em acusações determinadas
De me não ter há muito...viajado para o outro lado...

Meus irmãos...meus filhos amados...


































Nestas terras que há muito estremeceram por nós
Nas honras a Nossa Senhora...
s

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