páginas brancas

Tuesday, May 25, 2010

Nas tréguas da vida
Nas expoliações da morte
Nas confusões imerecidas
Nos momentos pródigos
Andei ligeira e leve
Procurando te em claustros e conventos
Em muralhas e prisões ...
Em rastos descarnados em poços de afogamento
Em desassossegos vociferando desesperos e traições
Sim...em desenhos e esboços...
Em inventos e criações
Adivinhando te cheiros
Fui um dia cientista a arquitecta primeira
Tecendo vontades procurando soluções...

Levei anos a te procurar
Levei décadas a te achar
Em mapas e falésias em sábia investigação
Brotastes te mágico em súbita apararição...

Já o meu riso desfinhava
Já se me consumia o tino e a razão!
Num raiar de tarde sumida
Onde me assaltava a solidão
Viestes te em vela branca
Numa frescura de marzea
Empurrado por uma brasa quente
Encostadinho ao vento Sião!
Rei!tesouro!pérola minha
Amante Amor Irmão!

Eu a tua brandura fina
A tua relíquia frágil e pequenina
Já para lá da visão!

Olhei te com olhos brandos
Em ecos de silencio
Num rubror crepitante...
Alcancei te logo numa alucinação delirante~
Num rolar de desejos antigos
Num desvanecimento estonteante
Em perda de siso e altercação!

Miragem...ideia coagulante!

E numa vénia de princeza
Num arquejo profetizado
Circundastes me...cego... viandante...
Partistes te em tom de valsa ... sonambulo!

Fostes te em suavidades ténuas num sono
Sobre as ondas inocentes e trémulas de um meu canto
Te fostes estreitando encolhendo te em eternidades
Onde se já não se ouvia o meu choro nem o meu pranto !

Fenda...lasca...no oceano marmorizante
Em tom menor e deslizante

De ti se me alojou na alma
A sombra enternecida dos teus lábios navegantes!

-Au delá du mirroir-

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