páginas brancas

Thursday, June 24, 2010

Chega a casa e senta se
Abre a televisão e ouve
Cruza as pernas fica atento
As notícias são do dia e frescas
Pede um copo d'água á mulher que espera
Estica o braço e aperta
A mão mole a mão quente
Da serva nobre que o espera
Está atento está atento
Canta o homem o jornal da terra
E no silencio nas curvas do tempo
Decalcam se ideias escondem se segredos
Porque o seu homem não é de falar
Porque o seu homem só é de fazer
Porque o seu homem só é de esquecer
E ela olha o como um professor olha para o pupilo
Como o patrão olha para o servo
E pesquisa estuda analisa e investiga
A hora antiga da régia queda do derradeiro crime
A hora o dia do último amor do último prodígio
E a mão que aperta a do homem seu marido
É a mão que partiu a pedra que ralou a estrada partida
E na pele da mulher sente se uma poeira umas migalhazinhas
São os bramidos do velho já todo entorpecido
A perdra entrenhou se lhe nas veias amarelecidas
E de dentro do seu peito caem lágrimas agitam feridas
E ela então retira a mão da dele há
E olha o nos olhos a ver as estrelas perdidas
E levanta se só sem proferir palavra
Sem assunto qualquer a discutir
E o homem sorri lhe logo agradecido
Porque ele sabe mas nunca o diz
Que já se fora há muito o amante
O guerreiro e o folgo activo
Que um dia com ela se arrastou
Pelas trevas das noites pelos buracos da vida
Resta lhe na alma e fora dos sentidos
Um não sei quê ... um grito rouco e frio
De fica!fica!
Porque ele há muito já viu
Há muito já se sabe
Um fantasma erante
Fora da sua vida ...
Mas a mulher é brava e a mulher fica
Porque ela também já há muito desistiu
De o querer amante como ela o merecia
E assim em almofadas e cházinhos quentes
Se vão aconchegando os dois
Entrançando nas memórias desejos antigos
Maquinando entrigas que não ousam descifrar
Que não se atrevem a descascar
Carregando nos seus esqueletos
Umas cabeças que há muito se despediram

A sapiencia nunca os tomara em velhos
De se irem cada um para seu lado
Se matando sózinhos!
Porque existe uma morte nobre
Um renascer divino
E só ... só no esvaziamento do outro
Se consegue alcançar o caminho!

A não ser...a não ser que se tenha em nós
Ocultado há muito a palavra divina!

Eu cá por mim há muito que morri
Colada a tanta gente
Engolfada pretrida de gritos e risos arrefecidos
Mas...quem acredita que nesta terra
Nada é senão ilusão e pura mentira?
Os resistentes afadigam se na sua razão
De se terem até ao fim credíveis!

E vós?
Com esses ares bravios ?

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