páginas brancas

Tuesday, March 28, 2006

No dia em que eu morrer
Não quero choros
Não quero lágrimas...
Quero caras lavadas
Corpos cheirosos e perfumados
Quero sorrisos e olhos brilhantes
Beijando meu corpo vaidoso...
Quero rosas, adornando os meus cabelos loiros e lisos
Quero violetas nas orelhas e nas narinas
E na boca uma flor de lis...
Sobre o meu peito quero sentir
As vibrações das vozes genuinas
Dos anjos...feitos crianças....
Sim...porque no dia em que eu morrer
Quero que cantem por mim
Por tudo aquilo que um dia disse e fiz
Pelo que os meus olhos um dia viram...
Quero de uma orquestra
A sua última sinfonia...
Sim...
Porque, no dia em que eu morrer...
Que nada mude...
Saiam gentes de suas casas
Façam se casamentos e baptizados
Que os meus amigos
Que os meus amantes
Ofereçam flores ás namoradas...
Nasçam crianças
Que se dance nos palcos
E que se batam palmas...
Porque no dia em que eu morrer
Eu sei que serei pássaro
Flor ou nenúfar
Que vos verei a todos...
Nas sombras das vossas casas
Vos continuarei a amar...
Mas de lado,
Calada e atenta...
Consolarei os vossos corações aflitos
Misturando me com a luz do sol
Rainda as vossas vidas...
E nos momentos feitos sonhos...
Vos falarei...
E nas noites de inverno,
Lembrar te ás...meu amor,
Da terunura do abraço...
Dos mamilos rosa
Que pesavam no teu torso nu...
E quando sentires que estou aí,
No recanto mais íntimo
Do teu jardim secreto,
Não tenheis medo...
Porque... serei eu...
Que farei crescer as flores
Dos vasos dos vossos varandis
Serei eu que cantarei
Na voz do pássaro
Enjaulado e triste...
E nos dias em que chegares a casa
E sentires no ar um cheiro a romã...
Pois...sou eu que lá estarei,
Traçando no arco íris
Coroas de giestas...
E com vestes de setim
Vos enfeitiçarei...
Vos enfeitarei
Cheios da minha alegria...
Pois que...no dia em que eu morrer
Cante o violoncelo
O violino...
Cante o rouxinol e a cotovia...
E a chuva de mansinho...
Que eu...lá fora,
Terei as ruas
Os prados, os campos, as serranias...
Misturar me ei com a terra fofa...
E deitando me.
Bem juntinha a um diospireiro
Serei a seiva feita vida...
E o fruto fresco
Que um dia...
Gulosamente porás á boca...
Será um bocado de mim que comereis...
E em ti viverei...

No dia em que eu morrer...

0 Comments:

Post a Comment

<< Home