páginas brancas

Monday, May 22, 2006

Ela era menina...
Olhava o pausadamente
E todos os dias passeava por cima
De seu corpo de sua face
E todos os dias
Pisava com seu olhar
Aquele peito aberto
Aqueles braços finos
E por vezes confundiam se
No entrelaçar de seus beijos
Com as raízes fortes e largas
De um sobreiro...
E passaram se anos e séculos
Sem se cansarem...
E de noite e de dia
Se amavam numa dança graciosa
Onde seus dedos e faces se alumiavam
Na quentura do amor que lhes assistia...
Veio um dia a tristeza
De um deles que por tempos partira
E a menina continuava a olhar
Mas ele já não a via...
E então caladinha
Erguia para ele seus olhinhos
E em silêncio lhe pedia
Um beijo...como naqueles dias...
E ele olhava a
Seguro de seus pecados
A que não punha fim...
E a menina...
Na candura de um seu abraço
Comia lhe os olhos de mansinho
Que aquele amor
Náo tinha princípio
Não tinha fim...
E ele continuava a agarrá la
Nos seus braços longos e finos
E a menina trepava por ele
Come se caminhasse
Para o paraíso...
Mas chegou um dia
Em que o menino
Não conseguiu
Engolir aqueles olhos doces
Para ele voltados
Sobreerguendo se por cima de si
A mansidão da tempestade
Que por ali fluía
Deixou o preso á rocha fria
Não conseguia mais
Alcançar lhe as margens arenosas
Começou a sentir no peito
Algas a prenderem lhe os sentidos
Escondeu o rosto doce
Na covinha do queixo da menina
Sussurraram palavras
Sózinhos...
Apartaram se devagar
Em jeito de despedida
Mas ele hesitou
Porque aquele amor
Não tinha principio
Não tinha fim...
Olharam se
Numa oração reluzenta
Que lhes punha nos olhos
O vento das ondas
Drapejando de azul
A sombra de seus corpos nus...
Procuraram de roda
Despojos de tesouros...
Nada encontraram
Nada viram
Pois que tudo tinham engolido...
Dos beijos aos abraços
Das crianças que tiveram
Nada restava ali...
Miraram se de novo
E no desassossego de suas almas
Descansaram vozes gentís
E no encosto de suas almas
Almejaram a verdade esquecida
Na frescura
De seus corpos serenos
Estenderam se lada a lado
De mãos dadas
Amando se no silêncio

Alguém dançou para eles...lá no paraíso...

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