páginas brancas

Friday, June 09, 2006

Numa reza que se perpetuava no infinito
Arrancou de dentro de si
As amarras que o prendiam... pesado...ali...
Esvoaçou num trinar suave...
Num memorial momento de vontade...
E num gesto recatado
Baixou a cabeça
Abriu o peito num sulco deleitado
E voou para o além
Para fora do tempo...
E na onda magnetisada...
Despojou se de ânsias...
Deleitou se no espaço sideral
Pernoitou nas vagas insolúveis
Do desmedido...ao seu alcance...
Despojou se das terras e castelos
Ajustou a sua beleza aos demais
Renunciou aos prazeres carnais...
Desejou se míster com o céu
Acendeu velas no peito
Iluminou caminhos escondidos
Para encontro de suas gentes...
Apartou se de si
Para melhor ver o outro
E tudo o que por ele volteava
Num feixe dourado se tornou...
E numa versatibilidade
Até então desconhecida
Passeou se
Por dentro dos infelizes
Enterrou a face
Nos verdes...nos azuis
Dos demais que ali pernoitavam
Dos que por ali o procuravam...
Ofereceu ás gentes desconhecidas
O corpo os braços as mãos...
Por si entrou toda a inquietação
Das gentes que para ali chegavam
Aqueles que seus olhos alcançavam
Numa dança infinita de cuidados...
E da serenata cândida
Que deslizava
Por debaixo da mão
Por entre a pele morna e doce...
Dos recantos do seu coração...
Nasciam flores ás dúzias
Que pousavam leves...
E a alma falava-lhes
A palavra sábia da reconciliação
A nobreza...a sensatez do perdão...
E na procura ostensiva
De cobrir com o olhar
O véu de dor que por ali passava...
O bom do Samaritano não se cansava
De colher com suas mãos
Faces doridas...corpos cansados
E da sua boca saíam palavras
Que de mansinho
Se encostavam á razão...
E num todo de amor
Se abraçava aos que por ali andavam...

Foi assim na aurora deste tempo... Beati pauperes spiritu!!!

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