páginas brancas

Tuesday, July 20, 2010

Já roda o menino na saia ampla da Mãe que o vigia
Numa mágica da vida aninhou se o passarinho no seu ninho
E num palrrar ternurento se vai a descer devagarinho
Do seio quente que o agasalhava aquecido
Vai deslizando aos poucos ás minguinhas
Em braçados ajustadas ao seu corpinho
Olha o a Mãe já se adulterando velhinha
Mirando o morango maduro brotando já pelas serranias.

Mas a criança olha e não quer partir
Só quer brincar no quadril branco da Mãezinha
Olha espreita e vê em rememorações antigas
A descida abrupta do caminho para esta vida
E canta mesmo agarrado á manga da camisa
Uma toada que atrai deleita e cativa
Oh minha Mão minha amiguinha
Me não deixes só nestas estradas nestes caminhos
Que as pernas são tenras e as mãos pequeninas
Não alcançam ainda os ventos as tempestades e as chuvas repentinas
Nos mares sou gota de orvalho por dentro dos redemoínhos
E vede ... ainda tenho a boca e os dentes tão pequeninos
Guarda me na concha do teu ventre onde me adormeces com cantigas
Nas tuas pernas nos teus pés vou me estrear em marchas e correrias
Como o fazem os coelhos e as raposas nestas paisagens divinas
E porque a minha voz ainda não é forte e audível
Par lá das lonjuras me poderes escutar e eu te ouvir de mansinho!

E tudo isto foi dito num tom que mais parecia tristeza e melancolia
Porque houve um dia em que uma borboleta lhe confindenciou
Que ele também haveria de partir um dia
Quebrando as asas repousando as suas feridas
Abalando se depois em fadigas
Procurando alimento e a água pelas fontes e riachos vizinhos
E a criança que já resvalava o colo de sua progenitora sózinho
Enchia se de ânsias e de inquietudes quando se virava e a via.
E porque um dia ela lhe apondou com os olhos
As terras os Mares e os céus de outras lugares de outras vistas
E a Mãe que vigiava e tudo entendia guardava o sempre
Por decima do seu corpo alcançando ainda a alma alegre do seu menino
Mas a seguir vieram uma cotovia e uma rola que o ensinaram a voar
E na sua alma cresceram umas asas pequeninas que um dia adejariam
Com ás outras que ele tanto já vira
E que na bravura das noites e dos dias
Se iria para lá dos sóis e das galáxias míticas
E viu se lá de longe um dia... um homem erguendo se forte e estabelecido
Galgando e sobrepujando já as altas espigas dos tais montes íngremes
E a saia do seu berço foi se aos poucos envelhecendo
Rasgando e despedaçando se em lascas finas
Serpentearam um dia pelos ares soletrando saudades a caminho do Infimo.

E o homem voltou a ser de novo a criança inocente fidedigna
Brandiu as mãos numa Santa despedida
Esgrimando com a ventania e abrindo caminhos...
Foram beijos flores e lágrimas sentidas
Que se foram agarrando áqueles panos desfeitos e por ele benzidos.

E o varão mesmo um dia já velhinho
Ouvia nos buracos dos temps idos ecos que diziam
Fica!fica mais um pedacinho!

Era a alma da Senhora lá em cima
Empobrecida na ausência de seu Menino!



-Symphonie en rouge!-

0 Comments:

Post a Comment

<< Home