páginas brancas

Sunday, April 30, 2006

Pisei a sombra dos teus pés
Para os acariciar
Com os olhos abertos, faiscando
Sob o impulso do teu corpo leve!

Pisei a sombra da tua face
Querendo misturá la com a minha
E... correndo sobre ela...
Procurei te a boca cheia e carnuda
E por dentro dos tantos beijos dados...imaginados
Procurei lhes o decalque perfeito
Para os ajuntar aos meus
Ressequidos do desejo...
Na intimidade limpa do passeio!

Pisei na noite...
A sombra dos teus sonhos
Onde me misturei com a míriade de fadas
Que sobrevoavam o teu leito,
Guardando te a castidade...
A outre prometida!

E na ligeireza da nossa dança
Fugiu me o pé para ti...
Segui se lhe o corpo inteiro
E num tombo leve e certeiro
Fui ter a teu lado
Levezinha...sem mácula!

Colei me á tua pele doirada
Pintada do sol que já te abençoara!

E nas madrepérolas dos teus olhos
Colaram se beijos meus
De todas as cores
De todos as idades
E pela boca adentro
Sussurei te confissões
Que nunca pensáras!

E pelos lençois adentro
Cantei te o amor
Que há muito te tinha
E que tu não adivinháras!

E nô êtase da minha confissão
Em teus braços me estreitaste...
Sobreergueste te...manso...
Por cima das estrelas que te olhavam
Mergulhaste no orvalho do meu corpo
Que já... há muito te dara!

Vem...vem...meu amor...

Tuesday, April 25, 2006

Quando me chegar
A hora do descanso,
Anjos cantarão para mim...
Levezinha reerguer me ei
E...deitada em seus violoncelos
Mansamente lhes pedirei
Que que se abeirem de mim,
Para que eu possa, em suas cabeleiras
Procurar o teu cheiro...
E nos seus colos cheios e macios,
Matar as saudades do embalo
Daquele que um dia amei...

Mas isso amor...só...um dia...
Um dia...
Correrei nos jardims suspensos do paraíso,
De mãos dadas, contigo a meu lado...
E da nossa pele cheirosa
Soltar se ão longos braços
Que nos sustentarão
Na leveza cristalina do tanto amor
Que nos ofertámos...
Naqueles tempos desandados...
E ... em baloiços nos embalarão...
E os nossos risos se soltarão...
Porque ali amor...
Seremos de novo os meninos que fomos...
E em aragems benéficas
Soará de novo o clarim a anunciar
Os testemunhos ardentes das temporadas de então...

Um dia...amor...

Thursday, April 20, 2006

Ouvi o sinal!
Escorreguei, lesta
Por dentro do teu leito
Amor...
Chamaram me
As tuas mil vozes
E os meus olhos
Por cima dos teus
Se debruçaram
Para amor...te ter a meu lado...

Vede amor
A pressa com que vou
A este nosso encontro
Por ti sonhado!
Ouvi te as vozes
Por dentro da cabeça
E meu corpo de súbito
Se ergueu molhado
Vou amor...me refrescar a teu lado....

E... por dentro
Das guerras, das tréguas,
Do clamor ostensivo das trompas
Vem amor...velejar!
Agarra me...
Pra eu não tombar!
E no auge da tribulação,
Não te fuja a alma de mim...
E na estreiteza
Desse nosso espasmo
Eu te caiba inteirinha na boca...
Nem especiaria refinada...vede amor...

Acorda...tendes me a teu lado!
Abri vos , céus!
Que está chegando
O meu amor
Que ele vem da guerra
Cansado de tanger lança!

Abri caminho, gentios!
Que está chegando
O meu amor,
Que por vós
Se andou matando!

Ofertai lhe flores!
E nos ombros
Longo manto,
Retalhos de vossos campos!

Que nada lhe falte !
Azeitona de vossos olivais
Sal de vossos mares
Águas de vossos poços
Laranjas de vossos laranjais !

Que de noite
De mim,
Lhe darei janta!

Despachai vos homens !
Está chegando aquele que amo!!!

Wednesday, April 19, 2006

Perguntei ao tempo
Se ele nunca se lembrara de parar
Que há gente correndo atrás dele
Obrigando os a não parar...
O tanto que há para ver...
O tanto que há para olhar!

Perguntei ao tempo
Qual a sua altura
Qual a sua idade
E...quando está calor...
Em que mar
Se vai refrescar?

Perguntei ao tempo
Se me poderia dar a mão
Que, para o tanto
Que quero fazer...
Preciso de um empurrão

Oh! tempo mansinho
Vento glutão
Vede a correria que por aqui anda
Tanta agitação...

Desses olhos que tendes
Que nos chegue o perdão
Da gente que por aqui anda
Tão cheia de ostentação

Oh! tempo manso...amoroso...
Cobri me com o teu manto sagrado
Dai me o elixir do amor
Par eu amar a teu lado

Que tudo o que por mim passa
Pasmada me possa encontrar...
E do arco íris...teu fato
Empresta me as cores
E essas rosas...que trazeis contigo
Primavera...flor...
Dai mas...


Para as ofertar ao meu amor...


Nas colinas verdejantes
Prometidas a Abraão...

Saturday, April 15, 2006

Não sei meu amor...
Se foste tu
Se foi a lua
Que eu vi...
Mirei a...
Estonteada...extâsiada
De tanta frescura e aromas
Que ela em mim vertia
Voltei me de novo para ela
Vi a...gomo...gordo...
De peito inchado e roto
De onde escorria
Um leite espesso
Que...gulosamente bebi..
Matando assim...
A sede que te trago
Dentro de mim...

Thursday, April 13, 2006

Tudo é etério...tudo é ilusão...
Este tanto de vaidade
Esta carne macia
Que acaricia o meu amor
Como se de um sonho se tratasse
OH! este meu corpo...entrelaçado em sonhos...
Sou a visão arquitecturada
De alguém que por aqui anda
Sem ainda nunca me ter encontrado
Mas que eu espero...tranquila...
Amainando lhe as passadas
Raindo de sorrisos os seus olhos
Para que nunca se cansem de espreitar
Por dentro de tanta multidão...
Se este meu corpo voasse
Se das minhas costas saíssem asas
Quereria as cheirando a musgo
Para que lá do ar
Ele me pudesse avistar
Coroada do verde dos meus olhos
Para ti virados...enfeitiçados pela luz...
Para poderes...do espaço...resgatar me
Mas, se este tanto que te tenho sonhado
Não passa de mera ilusão...
Vê pois...bem...
Os beijos que os meus olhos te mandam...
São as flores destes meus campos
Semeados do púrpuro
Dos caminhos proíbidos...percorridos...
Contigo a teu lado...

Vem meu amor...

Tuesday, April 11, 2006

Nas enseadas do deserto
Avistei o teu manto dourado...

Passeei me
Nos tufos aureos
Dos teus cabelos...
Encontrei muralhas
Por onde me esconder...
Espreitei os teus passos
Memoreei pegadas...
Na areia fina
Do entardecer...
De pulo em pulo
De salto em salto
De cambalhota em cambalhota
Passeei me nas ameias do teu corpo...
Aninhei me, amor...
No oásis do teu peito
E embalada pelo siroco...
Dormitei...
Chegou tarde a lua
De rosto alvo
Arrastando pesada,
A noite por detrás de si...
Dueto...esse nosso amor requintado
No paraíso desse teu jardim...
Amor...
A aurora...
É o beijo
Despedindo se
Da noite cansada...
É a trégua dos amantes
Despedindo se
Dos seus pecados
Vivo desde então...
No bocejo da tua boca
No vermelho dos teus lábios...
Quieta...
Sossagada...