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Saturday, March 29, 2008

Enlaça me amor numa curva tua
Num desejo afortunado de me aquietares...
Porque tudo aqui é efémero
E só me resta o teu habitar...
Miras me no pensamento
Na dúvida da ilusão suprema ...
Mas na viagem que por mim atentas
Só no cativo silêncio me poderás encontrar...
Afaga me bem no calor das tuas pupilas
E fala me devagar...
No silêncio das trevas
No brandura do mar...
Na concha cativa da tua mão na minha...
No sussurro de um suave cantar...
Vede as cores que em mim trazia
E as com que me deixei pintar...
Sobe... sobe para o céu
Para em mim te amimares...
Que eu nasci da lua e caminhei só...na terra...
Para um dia te encontrar...
Estendo te os braços agora
Aqui... neste espaço infinito
Nas horas alegres do estrelar...
E no tempo do sol raiar
Deixo te ensonado e dormente
Por debaixo do tudo... daqui... a soluçar...
Fecham se me os olhos nas noites cansadas
E no céu do Senhor abrem se me ums outros
Tão claros...tão belos que perduram por horas
Em passeios e conversas suavizantes
Que me despertam para uma nova vida na terra
Não me receio na partida de um dia ter de voar
Para alcançar a eternidade e a Deus me entregar
Até porque sempre gostei de me passear
No colo do meu pai terreno...me assentar no seu regaço trémulo
E há de se chegar o dia em que me passearei sorridente
Fora de cansaços e penas... por luzes e estrelas adentro...
E serão sempre beijos quentes e serenos que me hão de acalentar
Porque por mais que os deseje aqui por baixo
Ainda não encontrei quem me os podesse dar...
Sim...sim...aqueles afagos que se colam á gente e nos prendem o ar...
Não tenho medo de partir para as terras do além... das montanhas e dos mares...

Tuesday, March 25, 2008

Eu queria...queria tanto...
O menino que me sorria...
Mas primeiro tive de me entreter
Na confidência do amigo...
Se soubésseis como me enlutei
As vezes que nem olhavas para mim...
E as palavras avermelhadas dos beijos
Que te queria aplicar livremente e em jeito de dança
E que permaneciam trancadas cá dentro...
Amachucadas ne desejo ...de te não caírem em jeito
Dentro de ti...
E tudo permanecia assim
Tu ali... eu aqui...
E sempre foi assim...
E já se passaram anos...
E os beijos já te os dei...
A mais da conta perfeita...
Nos olhos...nas mãos...no teu corpo...
E do meu creseceram rosas e jasmins...
Mas tu amor... ainda não te encontraste ... em mim...

Não tem importância nenhuma amor
Porque tu és daqui...
E eu... sou dali...
Vede o céu que passa... que se estende e me enlaça...
Atentem nas vossas almas
Essas bolinhas pequeninas
Que coram ou rejubilam...
Assentem com firmeza em vossos corações
Os achados e incertezas...
E vereis com predilecção
Num momento alto da vossa ciencia
O intenção a depurar se
O íntimo a enaltecer se...
Mas é preciso estar se sempre com atenção
Pois convém que no peito
Não caiba tanto peso...
Se não te perderes em desalinhos nem desmazelos
Poderás de antemão sentir sempre em teu peito
O pulsar nobre da tua consciencia...

Eu cá por mim...
Rezo sempre a Nosso Senhor
Que me resguarde todo o dia...
Simples e inocente...
Ouço tudo...
O vento...a chiada...
O insulto...a piada...
Ouço... mas não quero saber nada!
Porque é no sossego do ventanejar e do uivar
No assento do rebuliço do marés e do mar
No descanso das noites pisando os dias danados
Que me elevo sózinha no ar...
Numa exaltação de pasmar...
E estico me então...comprida e fininha...
Deslizando para fora do tudo..
Que nunca olha...analisa e me acha...
Mas não faz mal...pois é assim que me detenho...
Que me entretenho e me abrilhanto com os demais...
Sabem...vós...isto aqui...é tudo alvoroço e agitação...

Num fim de dia extenuado...
Até me vêem buscar...
E eu acato logo o convite
Sempre e sempre...
No colinho de Anjos delicados...
Vem calminho...na minha mão poisar
E verás o que te tenho para cantar
Fitarás as notas limpinhas a saltarilharem
No acolhimento sereno que te há de chegar...
E as pausas quietinhas a deslumbrarem se
Poisarão nas tuas faces a ruborarem...
E no arco das cores que no olhar se desenhar
Analisareis meus olhinhos brandos a se encantarem...
Ah! e o fogo aceso no pele fria
Será para ti a cama fofinha
Em que te irás deitar...
Logo...loguinho...
Quando o teu olhar cruzar o meu...
Um dia...
Só posso querer a quem tenha asas
A quem não me desejar... sua presa...
Porque assim não poderei voar
E no modo me terei indefesa...
Quem... em círculo fechado
Pretende a outro enclausurar?
Só o pode...o tolo ou a besta...
Porque
Podeis puxar as raízes do meu coração... amor...
Podeis atestar a firmeza com que se enleiam
E na descoberta da razão
Poderás na sequencia abreviar o teu gesto...
Não queiras tropeçar nas carnes maduras que estremecem
Não te iludas na fiada pretensão...
Pois se algum dia te quiseres ir daqui
Do meio dos meus folhos reluzentos e alegres
Não terás que te cansaraes num puxão
Porque a tua alma amor...não a quero...
No meu peito só cabe a ilusão
De um dia... de uma vida na espera...
E se assim me permanecer na destreza
Verás amor que aqui não mora ninguém
Que não se queira... em mim... preso...

Sunday, March 23, 2008

Um sopro de vento bastou
Para me apaziguar no vazio...

Pois é...chegas te manso... manifesto...
E ninguém te vê...
Mas a mim amor...
Basta me o teu aconchego no rosto
Essa brisinha frágil que avança e recua
E a confidencia se desnudou...
E depois... acontecem aqueles sobressaltos risonhos
Aquelas conversas do alto dos silêncios seguros...
Estonteço me no arremesso desinquieto
No desejo de te ter por perto...
No desmancho da cortesia travessa
Que estala e desmorenece ...
E quando te avanças e me apertas
Desbotam as minhas cores por decima de ti...
E no espaço... no tempo correcto
Alongo me em de ti... aberta...
Mas nada acontece... a não ser esta coisa secreta
Esta candura selecta que mais não quer
Do que este firmar me no teu gesto... este enleio apetitoso
De te ter sempre e sempre por perto...

Não se pense que o corpo... é a morada do amor...

Thursday, March 20, 2008

Ouvi passos na minha consciência...
Escutei os assustada...devagar...
Como quem se entrega na inocência...
Avistei ao de longe a censura a concorrer
Numa feição assustada... a enrubescer...
Mas a minha alma desvaneceu se atenta...
A tempo de me arrepender...
Não me importo de recuar ...
Mas receio acorrentar me
Na permanência da maldade
No importuno do querer
No dissabor da vaidade
No corpo comprido do erro...

Ouço passadas leves ...na alma da minha ciência...
Ai...como é bom ter me empoleirada nas asas de Scriabin...
Quem não me conhecer assim ... que desista já ... de mim...
Chorei sózinha ... voltada para mim...
Porque não encontrei em parte alguma
Um olho...um ouvido que tivesse uma asinha...

É bom desde já... habituarmo nos assim...

Wednesday, March 19, 2008

Ouvi há tempos apregoar
Que nada é como se diz...
Nada é como se fez...
Mas quem pode alegar com convicção
Que as coisas foram na certeza..
Absolutamente assim...e outras não?...
Cada um marca o passo no andar
Cada um palavreia a seu belo prazer...

Mas a verdade verdadinha é só esta...
Só um íntimo muito terno... muito coezo
Poderá atestar na fidelidade...
O que o homem e a mulher
Deliberam ... na sua fraqueza...
Párem tudo!
No sublime silêncio que perdura...
E quem não se endoidecer nesta candura
Que se estreite em mim e se conjugue...
Não se confiem nunca a ninguém...
Sede sábios e precavidos...
Porque nos ouvidos do outro
Não se analisam nunca
Os nossos agravos e gemidos...
Magoados e aflitos...
Há sempre por detrás do outro
Um Lúcifer...um Mafarrico...
E se nos abestarmos em segredos e confissões
Serão desde logo... palavras ávidas e descorridas...
Em alargados serões...
Não dêem nunca a outrém
O vosso coração amolecido...
Porque nas chagas doloridas
Escarnear se á logo alguém de vós... empobrecidos...
O melhor é mesmo determo nos em sossego
Por dentro dos nossos tumultos
E esperar sossegadinhos...
E entregar mesmo... é a nossa alma a Deus
Que escuta e não nos deixa sózinhos...

Não se iluda o inocente..
Defronte o lobo manhoso e escondido...
Senti crescer no meu peito
Uma mata enredada e confusa
E no meio surgiu a desconfiança... a astúcia...
Que flagelo... ter me no modo sentido
Por vontade de um certo brejeiro e meliandre...
Que me queria indigna... atrapalhada...sentida...
Acuidei me logo de me não ter serva nem cativa
Em searas e bosques... enfeitiçados e impedida...
Atirei me ás águas moles de um riacho
E cantou a onda macia... em meu corpo adoçado...
Abrandaram se em mim os calores das fúrias ardidas
Abreviaram se num ímpeto os embustes e as intrigas...
E na paz me aquietei ... benigna... chorosa e combalida...
Ai!!! tive espinhos a arderem num coração terno e puro...
Picos sentidos que derramaram na agonia...
E no momento exacto ... afastei me na deliberação
De que as coisas não mais assim seriam ...
Dói...a mágoa pisada que descarrega e abate
E no corpo se detém um sentido
Que mais repugna do que bravia...

Ai...se eu tivesse podido logo...na sujeição da tormenta
Ter me deslinhado de ti...

Saturday, March 15, 2008

Pediram me poucas palavras ...
Que fosse breve no prosear
Que me delongo no pensamento
Na averiguação de minha alma
No indagar da verdade...
Mas que posso eu fazer
Se me amenizo no dizer...a cantar...
E se no tudo que digo
De súbito se desenha no ar...
Mas quem não se atenta e nada vê
Se amolece e aborrece ao escutar...
E depois...dizei me lá...
Se não são um encanto...
Estes achados a caminharem...
E que culpa tenho eu
De me ter em conversas
E em amores ternos com o luar?...
E se me corre na alma
Esta força este tormento
De tudo atestar e querer arrastar?...
Se falo do tempo
Ocorrem logo as súplicas
Que o sol faz ao vento
Para como convém... o deixar brilhar...
E no céu não posso olvidar os anjinhos
Que me cantam e querem bem...
Não me peçam parenteses
Que os não sei desenhar
Os meus olhos são grandes
A minha boca gulosa
E os ouvidos também...
Sendo assim convoco vos... minha gente
A seguirem me por este mundo adentro
A ver o céu e o estrelar
Os astros azuis por cima dos telhados
E as crianças pequeninas enfraldadas a sonhar...
E se parardes num desses portos frescos
E se com a alma o mirardes
Acenareis na certeza que há coisa
Não discutem com o tempo
Que ele camimha só... e bem...
Não desafiem o menino que se vai contente...
Somos todos um átomo... do todo que perdura álém...
Alguém me pediu um conselho...
Mas quem sou na realidade
Para me julgarem na verdade
Digna de tal ambição?
Vou me então pequenina
Exercer me na dada sentença
Recheada na autenticidade
De ver no outro a laçada
Atada ao meu coração...
Não chores amor...que te quero
Na obscuridade da tua aflição...
Agrilhoa os teus olhos aos meus
Na circunspecção cúmplice da sensatez...
Na vontade ágil da revelação
Na disposição célere da confidência...
E se por um acaso te fugir o olhar do meu
Recata te no silencio milagroso
De um momento corpolento
Adversando te na penosa difamação...
E examina te então contente...
Na renúncia da palavra dada
Da coisa sentida e contristada
Na singeleza do remorso e da emenda ...
E vede o incómodo imenso...a aflição extrema
De te teres afastado...diferente...
Mas não te fuja então o desejo da emenda
Que sublima... enobrece e esclarece...

Mas se por um acaso persevarares
Na malvadez e na depravação
Não cruzes o teu olhar ao meu
Pois que o meu coração só abrange
A quem procura na alma...um irmão...

Trago nos olhos uma rede pequenina
Um teia fina ... doiradinha
Que tudo vê...

Thursday, March 13, 2008

Chora o meu coração ... na vista cerrada da malvadez...
E na amálgama extensa dos rebeldes intuítos
Me persigno confiando me a Deus...
Caminho só... no pântano instável da lucidez...
Afasto a mentira... admoesto a verdade...
Que se assoma e compareça aqui de vez!
Na manifestação estonteante do desacerto
No arrependimento lamentoso e sentido...
E confirme se como é inapta a caminhada cega...
O vil intuíto da insensatez...
Passeiam se contentes os endemoinhados
Nos jardims alegres da cupidez...
Ressentida alucinação essa...
Que a muitos aumenta e se desintegra
De se terem desconhecidos na regra...
E no acerto desajuízado de quem tudo fez...

É bom aformosearmo nos na coerência certa
E termo nos calados na sublimação da regra
Na intercepção e correcção do erro...
Mas convém pedir se ajuda e conselho
Até porque há sempre um tempo
Acrescentado sempre...cada qual na sua vez...
E na hesitação da obra todos se demoram
No firmamento longínquo da concordata placidez...

E eu tenho me sempre só...
Vendo a meu lado a deslizarem
Águias... abutres... comendo com avidez...
Mas a mim não me iludem...
Porque no dia que me acenou o tempo
Abençoaram me os Anjos e os passarinhos
E os demais encantos que a todos servem
E que o homem rejeita na sua pequenez...
Quando em mim o dia se estreou
Cantaram se Marias e Avés...
Estimularam se encontros e danças...
Escreveram se pergaminhos...
E por debaixo de um olhar guarnecido
Abasteceram se beijos e carícias...

Estou pronta para vos receber
Aqui...na terra minha...

Wednesday, March 12, 2008

O menino brinca... e não atenta
Que o tempo já passou...
A menina borda ramos
Tece a lã ... coze o pano...
Alegra se e corou...

Ele partiu para a guerra
E ela estatuou se se na espera do homem
Que se foi e nunca mais voltou...
O coração ferido ao pano se embrulhou
As lágrimas derramadas a fazenda molhou...
Da história de ambos um filho restou...
Não mandes mulher o teu filho para á frente
Para a batalha fatal que a seu pai levou...
Mas que ideia é esta senhores
De se darem a matar os amores das mães
Que tanto cuidados
Eu só quero a flor pequena
Que olha ...
Que canta e conta ...
Sem ter que falar...
E que tudo vê...

Deixa te no prado encantado a crescer...
Que te vou a visitar ...
Dar me a conhecer...
Pois... que sois a soberana dos campos...genuína...inocente...
Abrangida em meu peito... a proteger me...

E é no silêncio delicado dos dias parados
Que me alivio a discorrer...

Porque é no beijo do vento...na carícia do ar
Que me tenho aprimorada...afinada
No deslumbre vestal da minha nudez...
Abrando me em suspiros amenos
E na curva do meu rosto crescem açucenas...

Acorrem os passarinhos a visitarem me
No deleite de minha alma ...
Em espasmos de cortesia
Na expansão da pacatez...

Oiçam o descanso que canta na serra ampla
Venham...venham extasiar se e ver...

E no céu... acorrem anjos a darem se a conhecer...

A tristeza está em que ninguém nunca se achegou
A ver a menina nas planícies adentro
Enroupada nas pétalas... versejada nas cores
E que a flor presenteira... á sua alma entregou...
Soam consonâncias aprimoradas
No asseio do silencio...em fatias doiradas...
E em severa meditação me empreendo...
Feliz... num repouso arrebatado

Descansam em mim as notas estonteadas
E dançam sem cansaço no meu regaço...
E em pedido supliciado vos rogo... o fole encantado...

Assentem todinhas em mim...meninas enfeitiçadas...
Na franja arejada de meu recato...
No soprar leve do meu bordado
Pois que me vou para aí
Convosco me aluar

Ouço no eco puro da noite...recados...

Tuesday, March 11, 2008

Se acheguem todos... nas noites cerradas
Bem juntinhos...pertinho dos vossos amores!!!
O mistério permanece até ao fim...
Na magistralidade de um Avé
Na viagem alucinante que o espírito empreende
Nos soms celestes da linguagem e do gesto...
Não peço debates nem pareceres
Afirmo me contente na intransigência
Da verdade e esclareceres
Não me é permitido o enobrecimento antes do tempo...
Correu a apanhar as laranjas docinhas...

Que se lhe tinha chegado o amor
Na casca e polpa sumarente
E que sua boca provou...
Ai a menina amorosa...
Deleitada e fina... embalada num colo de sol...
Corre lhe a fruta pelos lábios cheios e aptos
E atropela se lhe no olhar o idílio adorado...
Soam na linguagem... ums estalidos adoçados
E que ela lambe com afago
São os beijos que lhe há de ofertar
Certo donzel enamorado ... balançado nas ondas do mar...
Come... come os moranguinhos do teu pomar
Menina pequena e recatada...
Que o teu querençoso te espreita
Lá de cima de um alto mastro...
Vede... a viagem se afinda na tarde
E já se descortinam da margem
Teus ricos e quentes pomares...
Come a tua fruta madurinha menina
Que o amor se está a achegar
Apressa te menina...
Acorram os dois a se estreitarem...

E é sempre isto... dito desta maneira...
Que se desejem as meninas aos meninos
Na idade... no tempo da bonança
Por debaixo de sóis e estrelas a brilharem...

Há quem diga que as histórias param por aqui...
No limiar da vontade...
Mas eu não acredito
Nem me amedo em teimar
Que o bemquerer é para sempre...

Dixi!

Sunday, March 09, 2008

Num pasmo seguro me tenho quieta
Arredondada na ideia... apartando a dor...
Porque é assim que me quero...
Colada e segura
Ao divino miradoro...
Se apressem as flores numa roda gorda
Para... em êxtaso me instruir
No descanso eterno das suas cores...
E num banho almíscarado e sereno
Me irei dar a provar... ao meu amor...
Foge me a alma ...o pensamemto...
Por dentro das inconstâncias me persevero...
E num ânimo redobrado e seguro
Me perpetuo sonhando ... me confiando ao céu

Cresce... amor... nas encostas do poente...
Banhadas no clarão que a manhã em ti poisou...
Numa fresta de céu te avistei contente
Amassando o bordão que em tuas mãos girou...

Segue em frente a busca ardente
Que em teu caminho me vou...

Acentuando o teu nome ao vento
Reproduzindo te em soberano alento...

E no eco febril que em mim se aloja
Ateia me o vento ameno ...a canção que já te cantou...

Já espreitam as amendoeiras para dentro dos corações
E cochicha baixinho a giesta em flor
Ameigada num tapete de cores
E eu me corro para ti contente... nem donzela impaciente
No encalço da tua sombra
Para os braços de meu amor...

Thursday, March 06, 2008

A coisa mais extraordinária que pode haver
É o grito vitorioso de quem acaba de nascer...
Venha a glória cercar se do meu corpo largo
Dos meus seios redondos e cheios
Do meu ventre grande e gordo
Que eu sou a mãe do céu
Cuidando da vida terrena...

Não me cantem serena
Porque eu sou a dor...
A aflição...o tumulto perpétuo e inconveniente
A consternação...o contratempo...

Vejam...a verdade vive enlutada...camuflada
No meio dos desassossegos...
E... se por um acaso houver em mim
Uma migalha do Astro vigente
Que me incline então... humilde e respeitosamente
No elevação do deslumbroso Verbo saliente
E que tudo em mim se alastre num apurado sentimento...

Que se acheguem todos a mim
A se darem a conhecer...
Eu só quero flores e um jardim
E me entreter alegre... só assim...
Porque as flores acalentam os ardores
Que brotam e se desprendem de mim
E o jardim... é o balão fugoso da minha nortada por aqui...
Se desprendésseis esse fito
Se desbravassem as quenturas que se alojaram em min
Ter me iam coitada... arrepiada e fria
Nas sórdidas noites que nos visitam
E que pairam... solenes por aqui...
E até porque não é assim tão difícil deixar me quieta
Sossegada mesmo... num recanto intemporal da serra
Num entremeio alisado de céu... alongada na exaltação
Que...vejam...lentamente em min se desprende...