páginas brancas

Tuesday, April 29, 2008

Não se envolva a gente em enredos
Que isso tudo são aflições...
E depois ... meu Deus...
O trabalho que dá...
Desfazer todos esses nós dos corações...
Aconselhei me há tempos no Alto
Que me aprovou a razão...
De nunca meter em braseiros
Achas...a mais do que manda a razão...
Não há nada que mais me apreza
Do que esta paz... que reina aqui... no meu coração...
Chegaram mais flores ao paraíso...
Choveu na minha cabeça
Uma água clarinha...
E no céu...
Brilhou mais intensa uma luzinha...
É a flor da amendoeira que brotou
Leve...silenciosa no seu calor...
Vem a mim o teu cheirinho
Abrandar no meu peito a dor
De não mais por perto te ter
Por longe de mim te estenderes...
Mas hoje provei da tua águinha...
Foram nuvens que se achegaram mansinhas...
E no meu colo se aprazearam fresquinhas...
São assim agora... estes beijos tenrinhos
Que me mandas ... lá... de lá de cima...

Monday, April 28, 2008

Vou me encostar ao sereno a entoar me
Porque só se canta na alma... a quem se ama
E por ter a quem estimar...
Correm me assim ums tintos rosas
Auréolando a coroa de quem me presto a mimar...
Vamos neste instante ao sol... derramarmo nos...

Sunday, April 27, 2008

Corre depressa a água na ribeira...
Onde vais fadinha nesse filar?
Vais por serranias abaixo... estendendo o teu lençol
E no manto seco da terra...te vais toda a entregar...
É generoso ... menina... esse teu trovar...
Delonga te pois nos campos e nas vinhas
Refresca te nos doces pomares...

Cursa... vai ligeirinha para não me assustares
Tu que és minha amiga...
Águinha pura... vede...
Meu corpo se vai em ti hoje banhar...

Mesmo assim... nas dobras do teu remanso
Se intimidam os olhos meus
Nos teus... a ajustares te....
Eu quero subir ao céu...
Sem cordas nem fitas...
Só mesmo em pensamento...
Só no meu encantamento...
Sentada no meio do silencio
Ouvindo a brancura da alvorada
A entrar por mim adentro...
Ah! sim!...eu vou despregar me daqui
Um dia...súbitamente...
Sem choros nem súplicas...
Assim...como se alguém me estivesse a chamar
Para me entregar um presente...
Mas há muito que me espraio
Por dentro de umas rendas...
E há alguém que me tricoteia...
Mais uma malhinha ...e mais outra...
E logo estarei feita...
Mas isso se calhar ainda vai demorar um pouco
Porque aqui ... tudo é muito lento...
É como numa longa caminhada ...
Andando descalça... sózinha...
Matando o tempo...
É tão bom terem se as criancinhas por perto
Para nos podermos encantar...
Porque quem serena por perto delas
A seus corações há de chegar...
E nos nossos peitos põem se logo a dobrar
Os sinos das igrejas...e as alegrias a anunciarem se...
Rejubilam se os inocentes... com as risadas fáceis...
São os que ainda não se aperceberam da farça...
Da ratoeira que por cima da gente...outros baldeiam...
Proteja se essa criançada com beijos e enternecidos abraços
E não se deixe... que nunca se lhes alcance
Aquela tristeza... aquela saudade que dói
Do tanto colo e do afago guloso
Que por anos e delongas nunca mais alguém
A outro... no dar se...demoradamente
Alguém se atreveu....

E quando se é velho...bem velhinha...
Só existe mesmo para nosso consolo
Esse piar manso... da risada fresca de uma criança...

Friday, April 25, 2008

Está cansado o menino de tanto estudar...
Coitadinho...
Fechem se lhe os livros
Para descansar...
Está exausta a menina de tanto brincar...
Dêem se lhe histórias para se animar...
Mas nem um nem outro estão bem na verdade ...
Porque nos entremeios da vida
Andam sempre... sempre a procurarem se...
E um dia ... no país do lá...
Achegou se ... das terras de cá...
Uns donzéis amorosos
Que se haveriam um dia... de muito amar...
E isto ... não se aprende nos livros
Nem nas histórias que se ouvem a contar...
São florinhas que brotam leves...ágeis...
E que um dia já não cabem no nosso coração...
Soltam se ... coradas...pesquisando alegres... a quem dar a mão...

Brilhou um dia uma estrelinha
Que neles se veio a semear...
Contente...com eles a se deitar...

Sabéis vós...
Tendes lírios em vossos peitos...
Mas em min... exalta se o amor...
Em meu coração...
Era assim amor...
Que eu gostava que me olhasses...
Como o céu olha para as flores
Como o sol adormece as papoilas
Nos campos semeados...
E na chuva que caísse ... prendeira...
Diluiríamo nos em enflamadas...
Porque nada aqui me tem segura ...
Se eu fosse flor...
Ter me ias anelada a ti ... a brilhar...
Sempre enroscada...quentinha... a nanar...
Serenando num doce recado...
E murmurando o teu nome
Na tua boca rosada...
Se fosse árvore perquena ...
Abriga me ia por debaixo de ti
Abrigadinha e aconchegada
Num peito á medida... para me deitar...
Mas como não sou nem flor nem árvore
Agasalhada e feliz junto a ti
Resta me o desejo e a ânsia
De me empoleirar num teu olhar feliz...
Sempre em jeito de dança...
Uma roda que ninguém vê...
E que poucos alcançam...
Se soubésseis amor...
Ás vezes ergo me nos teus ramos...
Tens nos nos olhos...nos ombros...nas mãos...
E nesse tanto que de ti se desprende
Acorro me logo... animada... a te acolher...
E é assim... e tu... nunva vês...
Vive se toda uma vida no jogo da adivinhação
Que encanta e ilude... e que ás vezes cansa...
Mas eu não me importo...
Até porque já conheço os corredores... os nichos
Onde começa e acaba a dança...

Tuesday, April 22, 2008

Esfriei me no tempo...
Tenho me arrefecida e desatinada...
Não foi por querer...prometo...
Mas as setas que me mandaram
Romperam os tecidos
Amachucaram as carnes...
Mas... mesmo na mísera embrulhada
Tenho me inteira por dentro
E ás vezes mesmo... um pouco estouvada...

Quem se avizinhar de mim
E me quiser por sua aliada...
Tem de cantar...bem...mesmo afinado...
Porque o verbo que eu trovo
É sustenido...variado...

E a minha canção... não é deste tempo nem nada...
Pareço vos mirradinha...enjoada...
Não!!! sou uma fortaleza
Me aprontanto na fuga...
Para o outro lado...
Julgaram me fraca na decisão
Tiveram me cega no olhar...
Vislumbraram mal a centelha
Que se esclarecia semprea a brilhar...
E é por isso que nas esplendores das manhãs
Se encaminhava a gente ainda a sonar...
E que nas tardes todos se arrebitavamm a coscuvilhar...
Mas a mim... só me alcançavam nas noites perdidas
Em que a impaciência nos corpos se instalava...
Eram as saudades da mansidão e do sossego a despontarem...
Por isso foram sempre breves as vistas ... as cruzadas
Que em mim se atentavam... já lassos... a derramar...
Porque no clarão da luz... muitos se cegavam
Outros...nas tardes alegres... se embecilizavam..
Mas eu...inocente...olhava os de lado
E nunca me deixei albarroar...
Não é a força do corpo que contava...
Era o sereno do olhar...
E aquele lábio húmido...
Sempre...sempre a cantarolar baixinho...
Muito baixinho...para as almas se irem... a anoitar...
Sempre a murmurrar...

Friday, April 18, 2008

Chamaram me querida...
Depois... querida mamã...
A seguir ... ajuda aqui... anda ali...
Vem...vem...
E eu ia... de boa vontade...
Leve...levinha...
Como em viagem...na asa de um anjo...
Ai!...magoei me... aleijei me...
Acorre... achega te mamã...

E lá ia a fada logo a correr
E lá se ia a ajudar...enamorando se...
Sempre e sempre na dedicação...
No auxílio acertivo... confiante...
Deu se toda todinha... na ignorância...

Pois é meus senhores...
Só assim se pode amar... e amar...
Sem nunca se antecipar na desconfância
Do término da ajuda e da partança...
Por isso são felizes os que se amam
Porque só se atestam nas acções e nunca nos ânimos...
E aos que se querem muito em todos os dias do ano...
Nunca lhes ocorra jamais... que este todo seja ilusão...
Puro engano...
Amemo nos pois sem implicância...
Virão sempre um dia lutas... desigualdades... dissonancias...
Façam como eu... amem se ... sonando sempre...
No desacerto leve que ilude... mas não engana...

É assim... sejemos todos um pouco ...
Como um prestidigitador...
E tudo acabará sempre em bem!
Atestaram me na cara
Um certo desprezo
Pelos meus cabelinhos brancos...
Loucos...estoivados...esses incertos ...
Que não percebem nada...
Quereriam me na certa toda ...
Única...colorida na franja...
Vejam me aqui...e sem recatos envergonhados
Estas madechas grandes...
Espadeladas de audácia
Valentias grandes
Em lutas aumentadas...
Troféus ... armaduras ...
Grante da valentia testada...

Se me não gostarem assim...
Que me vejam pois... de lado...
Ou quem sabe...descobram me por detrás...
Porque quem se auréula no mundo
Dá se a todos... de qualquer lado...
Na nobreza e no encanto
De quem a muito ...
Pela vida se revelou... a dar se...

Vá lá...vá lá...
Não se troce nunca... de um tocado branco...
Já me pré defini...
Louca... na intuição...
Severa... na contenda...
Implacável... no atrevimento
Piedosa na dor e na aflição...

Mas por vezes não nos damos a ver...
Estamos nos sítios errados
Nas ruas e casas incertas
Não podendo fazer nada...

Há então que olhar o céu e agradecer a graça
De não nos termos que ensaiar ... em vidas desgraçadas...

Wednesday, April 16, 2008

É tão engraçado ver nos outros embriagados
A época que já foi a nosso ... aqui por dentro...
E as horas que se demarcaram do tempo
E que voltam lentinhas agora...para o nosso colo...
Em passo descanssado e pachorrento...
Apopoila se me a alma no vazio da pretensão...
Alinda se me a boca na clausura da contestação...
Engrandecem se me os olhos na nobre apreciação
Daquilo que um dia se mostrou e eu não vi~então...
Faltava me o silencio precioso...de ouro armado
A peneira doirada... diluindo a vaidade...
Adejando no ar a expiação e a tormenta...
Ai!como tudo se aprente...
Nesta correntaza de ares...
Neste chão de penas...
E vejo os todos os dias a regozijarem se ...
Armados e contentes...
Hoje... das nossas penas...

O bom é esboçar um sorriso...
E com ternura...
Esperar que cresçam!...

Monday, April 14, 2008

A minha sobremesa é o requinte mágico...
A fatia grossa das boas palavras
Que não dexem para baixo
Como o alimento grosso e palpável...
É antes uma substancia leve e dilatada
Que regala a mente cansada...
E no estrondo da emoção
Se dá a ver ... na coisa farta
Que se estabelece na natureza de um laivo de cor
E que anima e estontece...

Sunday, April 13, 2008

Assaltam me num tormento
Esses olhos triângulares
Glóbulos com cantos
Onde se pode...na traição... espreitar...
Onde nos podem esconder
Sem nunca se nos darem a desconfiar...

Vou sempre voltar a cabeça para o outro lado
Quando estiverem a me vigiarem...

Ainda há quem não percebesse
Que não há maneira de me enjaular!!!
Vejo te nublado na circunvalação ébria e dolorosa...
No tempo que corre e passa...sempre escasso...
Agarro me impetuosa... á ilusão imprópria...
Porque a sabedoria... é mesmo termo nos gratas
Na recordação daquilo que se foi
E que nunca de nós se aparta...
Pois pois...não se pense que tudo aqui acaba
Num prodigio primitivo de quem se tem garantido e apto...
No tudo e no tanto que até enfarta...
Um dia conjugarse á a razão nos termos ditados
Num divino acto...
Por mim...estou pronta a ser julgada...

Thursday, April 10, 2008

Não me queiram grande...já... aqui na ditada promolgação!
Aguardem sóbrios o alongamento do tempo que se encosta
E não me deixem só na contenda... na expiação...
Queiram me aperfeiçoado na ternura... nos ramos da afeição
Comedida no falar... suprema... na edificação...
Não me pretendo a primeira nos cálculos e na definição...
No desbravar dos mapas ...dos mares e suas equações...
Aguardo me tranquila olhando para o céu...espiando a razão...
Se me chamarem alto ...vou me assustar na altercação ...
Se cochicharem baixo em meu desfavor...nem vou escutar...não...
Porque quem se abre ao céu eterno e ás suas visões
Entretem se logo... no prelúdio da vida... em suaves prestações...
E não se atormenta em escutar... puras divagações...
Ah! que bom que é... este interlúdio nas asas da demora...do momento...da emoção...
E depois... há aquele todo que gira em minha volta... e que me não quer dar razão...
Vou ficar mais pequenina na altura... mais frágil na estatura ...
Até porque foi algures...há muito que me abriguei... para os lados de uma tal musa que me ofereceu a sua mão...
E não se deve nunca recusar tal presente...tal filiação...
Deixei me arrastar na pura imitação da direcção do passo... em arredada decisão...
Quero me serenar por séculos neste espaço largo e desafecto...
Neste pano morno e azul que cuida e tempera...
Nestes compassos abertos... sem ritmo nem métrica...
Tudo muito simples... sem magia nem alucinações...

Ah! é verdade... esqueci me de vos dizer que não sou daqui...
Mas sim de lá...de onde se vão buscar as histórias e as canções...

O meu aposento é Real...
Na frescura do mar me vi reanimada
No corpo desnudo correu uma brisa...
Contente e livre...me estonteei
Em banhos largos me dilatei...

Quem nunca dos meus amores
Se agarrou a mim... na doçura marinha...
Na roda salgada... em beijos aflitos ?
E nos deslizes arejados nos beijavamos
Lindos... ensoleirados...plumados na emoção...
Nós... os meninos e as meninas de então...

O mar é o mesmo
Mas não a tentação...
Ofereci me um dia casta e virtuosa
Nos dedos de suas mãos...
Hoje só me regozojo na flutuação
Da espuma salgada perfumando a minha a mão...
Mas um dia vou perder o medo
E aventurar me na decisão...

Quem hoje quererá comigo
Se esmerar sózinho
Nesta contribuição?

Vou...irei sózinha...
Brincar na areia...
Enchendo um baldinho
E brincando com as conchas...
Como fazem todos os pequeninos...

Wednesday, April 09, 2008

Encontrei gente tão pequena ...
Vi homens e mulheres inconsistentes...
E na fragilidade dos momentos
Atrapalhei me a eleger um...
Brindei o com pasmos do meu corpo
Reinei por tempos no seu coração...
Dei me mil vezes...sem justificação...

Reneguei o há tempos... em aprimorada decisão...
Vou me deleitar um dia
Na letargia oferecida...
No remanso abundante do paraíso...
E quem não se confiar em mim
Quem me atropelar as ideias e afims
Não se atormente...não se canse...
Porque eu sei que um dia
No acatar da ocasião...
Os meus olhos se fecharão
Num sonho delicado
No dobrar da razão...
Mas ... quem em mim se ousou...
Quem em mim respingou
Por decima da prática inocente e pura
Que dos meus olhos...da minha boca se soltou
Em bailes e valsas de descaro e altivez
Esses sim...que se acautelem...na sua impertinencia...
Porque eu não vou acordar nunca mais...
No rescaldo das tardes...nos sobressaltos das manhãs
Para amançar as feras que diziam... que me queriam bem...
E que este tempo me doou...

E é assim que todos nós teremos um dia ...
O que a cada um pertence de inferno ou calmaria...
Se me pudesse estender no manto fresco do teu jardim
Colher me ias na tarde serena...
Na quietude amena que se solta de mim...
Suster te ia a graça por momentos...
E em sorrisos enlear me ia em ti
Sim...sim...sem dares por mim...
Porque é bom ter se incógnita na feição
Na miragem requintada
De te ver debruçado sobre mim...
Que se achegue então a tua passada
E esse perfume florente que se espalha por aqui
Porque as flores meu amor...
São as belezas dos teus olhos...resvalando por mim...
Nunca se canse a alma da gente ...
Em nos havermos todos... cativados...assim...

Sunday, April 06, 2008

Vêm aí os meus meninos pequeninos
Que ainda entram alegres por um sorriso
E tudo cresce na serenidade pura da trança cheirosa
Das fitas coloridas que se encabritam em roda de mim...
Mas eu sei...porque já cá estive...
Que nada será sempre assim...
E então...vou aproveitar...
Vou me empaturrar até cair para o lado
Porque até...no tempo decrescente
Eu não os poderei ter mais em mim...

Hoje sou velhinha...
Arrendou me os ossos...
Este tempo sábio e ladrão...
E sabem...estou fraquinha...
E agora só lambo e beijo os meus carinhos
Com os olhos... no particular... com o coração...

Mesmo assim...
Já não é mau de todo...
Sou feita de pedra...
Sou o rescaldo de um vulcão...
Sou a lava endoidecida
Soltando se para a vida...
É assim mesmo...
Somos todos assim...
Regurgitados inteirinhos
Do sossego da madre terrena...
E pranteamo nos por aqui...
E apegamo nos a isto...
Por um puro acaso...
E depois das saudades e das canções...
E da alma entregue aos leõs...
Em contendas e desgraças
Em suspiros e murmúrios lamentosos
Depositam nos...secos...
Nas vísceras da dormência sórdida...

E é assim meus senhores..
A maior parte da vida da gente...
Consultam me no privado
A me mandarem calar...
Mas quem sóis senhor
Para em minha alma vos aventurardes?
Sóis manso a caminhar na terra
Sempre e sempre a acautelar vos...
Mas eu... já quebrei as minhas pernas
No tamanho dos caminhos a abalar me
E cresceram me umas asas então para voar...
Agora... é bem mais leste o meu desmembrar
E já posso agora... no repouso...
Me ir por aí... a sossegar...
Colhe me o sorriso
Na palma da mão...a dar te...
Visita doce em teu lar...
E no brilho alucinante
Não te tenhas embaraçado
Porque eu sei amor
Que é activo...o meu olhar...

Não quero atentar o teu prestar...
Mas dormir só...por um bocado
Nessa covinha redonda
Que está sempre aberta...a meu lado...

Tuesday, April 01, 2008

Não sou eu...não sou ninguém...
Sou parte de um tempo que rebola e anda
Sem nunca parar...sem nunca se acertar..
Correndo...apressando se a achar o bem...
Sem o nunca encontrar
Se me creio branca...outros me acharão escura
Mas nunca...por debaixo do luar...
Porque é por debaixo do olho de Deus
Que nos devemos enxergar...ou náo?
Ai! que reflexo sou
No espelho do tempo que teima em escrever
Que persiste em fugir
Que teima em ficar?
É tudo tão confuso...

E eu já sou gente...
Persona graúda...
Mas tão...tão pequena...
Sou minúscula mesmo...
Ás vezes até me acho com raivas de chorar
De me não reter nas lágrimas
Para no colo do meu Pai me correr a abrandar...

Mas obriguei me a crescer
Na ilusão de não mais me ferir...
De não mais me magoar...
Mas espiando em minha volta e vendo bem...
Só me aflijo no outro
Em despertares da dor e da má vontade...
Sáo estas... as molduras que se arrastam a meu lado...
E que me querem formatar...
Digam lá... minha boa gente...
Se não é bem melhor
Não me querer dar a ver
Não querer olhar...
E caminhar só...devagarinho...em bicos de pés...
Voando sempre...alada...no ar...
Só...e por aqui... de tempos a tempos passear...
A dor...gostaria de curá lo no teu corpo menineiro
Mas as feridas sangram e não me posso dar a encostar...
É a dor de Nosse Senhor no caminho a derramar se...e que em mim se entrenhou...
Temos todos nesta vida de ezperimentar a dor
Que Nosso Senhor Jesus Cristo...na sua cruz exaltou...
Admoestaram me na pele mole... agitaram se me aos lhos fogueiras
E na cegueira do canto desafinado abasteceram se em mim penas...
Quem pode apaziguar as dores de cada um
No alagamento de uma consumição atroz debicando a carne
Como se tivesse dentro de si um bicho feroz?
Sinto os estilhaços a relincharem dentro de mim
São lobos das montanhas áridas que se acoitaram aqui...
AI!pobre de mim...
Só um Santo pegaria na gente... e por meio de palavras e carinhos mansos
Faria que se despegasse então de nós...
Estas vozes tormentosas que se agitam e se assenham
A ver se me arrebatem também na dança...
Eu por mim só conto com o tempo que vai e vem...
E com aqueles sorrisos deslumbrantes
Que se encarregam de desbravar esses espinhosos campos...
Mas por hoje ninguém ainda de mim se abeirou em seu encanto
Em vozinha de cotovia que encanta...
Vou ter de ser eu...olhando para as estrelas do céu...
Ouvindo o silencio parado e que segreda baixo
Vou ter de ser eu a acudir a náufraga... no mar tumultuado...

Mas quem ainda pensa no seu íntimo...
Que pode contar com alguém?