páginas brancas

Sunday, December 30, 2007

Olhas para mim amor
Num arastão de saudade
Tivemo nos noutra vida
Espreitamo nos nesta
E por debaixo de um sol quente
Regozijam se as memòrias
Embalam se saudades
E tudo se desmorona
Na subtileza de um chamamento...
Na agudeza do meu nome... estremeço...
Gosto desta gente que passa
Olham me... fugazes...
Na clareza de meus olhos miram se culpados
Sao gentís na conversão...
E depois... há aquelas luzes todas que se espantam
Na passagem amiúde dos meus passos...
E eu agarro me firme ao coração que tremeluz
Aperto o xaile por debaixo do queixo redondo
E vou andando...andando...
Até à exaustão...
Nao é fácil caminhar... carregando pernas cansadas
Mas todos me consultam na razão...
Remeto os na alma para Deus...
Ele saberà melhor do que eu
Encarregar se do repatriamento
Destas almas que se prendem em mim
Na clemencia de um perdão...
Eu cà vou pedir um mar de sono bem grande
Para me poder refrescar...
E também descansar de todo este penar
Que fenece dentro de mim...

È sempre assim...
Todos se acotevelam...
Todos se olham esparvalhados
Mas ninguèm nunca fala...
Nao se vê um único no alìvio árduo de dor
E todos se distraiem por dentro da aflição...
Mas eu... não me importo mesmo de carregá la
Atè porque de noite Alguem a vem buscar...
E eu acordo sempre... sempre levinha...

Eu sò quero è dormir...
Atè porque estou cansada de me espantar...

Friday, December 28, 2007

Hoje agarro me á árvore como um cacho de uvas maduro
Ontem trepava por ti ... valente como á folha da videira...consistente...
E espero agora... que a mansidão do tempo se alargue sobre mim...
E quando uiva o vento... agarro me á saia das minhas penas
E em orações clementes... suspiro devagarinho...
Pedindo auxílio lá nos céus...
Ai!... sinto me tão... tão pequena...
Daqui vê se bem o ventre que me há de recolher...
Preparo me... serena...

Thursday, December 27, 2007

Só amar...
A minha essência é o amor...
Não se aceitam passos desacertados nesta caminhada
De quem a mim sa quiser juntar
Que o faça... mas... nú...
Na abstenção de suas vontades...
Na obsolvição de seus pecados...
Na exortação benigna do outro...
Na doação árdua do seu trabalho...
Traga na mão o afago... o carinho...
Que seja leste no acolhimento da dor...

Ah! e depois... e depois é dar... sempre dar... dar... e tornar a dar...

Até porque eu... já não quero nada para mim...
Não se espere nada de ninguém...
Que este espécie nasceu da desordem e da guerra!

Eu... cá para mim... há muito que me entreguei
Aos Anjos do Senhor que me hão de acabar de criar
Lá... por cima das nuvens do céu...

E dito isto... atirou se a monjinha de cima de um penhasco...
Soltaram se lhe os sentidos ...
E os olhos jubilavam na salvação prometida
Quando a carne se partiu no solo poeirento e frio
Ouviu se um canto melodioso... e o galo cantou a fio...

Há... quem não se aguente por aqui...
Vou olhar melhor para mim...
Admoestar melhor o meu instinto secreto
E não te querer assim... vil... incorrecto...
Porque há gente que não se merecendo
Se diz achar se em tudo... num uno... acerto...
E vem um dia... e depois outro...
E acotevelam se as contradições
Que a carne renega...
E o coração bate... bate descompassado... discreto...
E os olhos descaem em tropeção solene...
E a vontade mirra se em trapos azedos de remédios...
A tristeza caminha a passo lente... estonteante... severa...
Vou mesmo resistir á vontade suprema
De me entregar assim... leve...

Aparecem sempre na vida da gente antropófagos... talibãs...
Que não desistem da pega!
E gente inocente que se entrega fácil á cutilante lâmina do matador...
E ainda as há quem lhes faça a vontade!
Aí! Alto! puros jogos de espelho!...

Wednesday, December 26, 2007

Vida bárbara!
Para mim já basta!
Há muito que me treino!
Sou fonâmbulo!... acrobata!... na praça arruinada da vida!
Vou me deitar!
E se achegue a mim quem me quiser seguir!

Ninguém se lhe alinhou no encalce... nessa tarde fatídica...

São sempre idas e vindas descompassadas...
Sonho me!...
Ah! sonho me...voando... por dentro dos céus...
Num turbilhão de cometas... de estrelas celestes...
Ah! sonho me de camisa larga... vagueando... lesta...
Ah! sonho me casta... procurando o profeta...
Ah! sonho me deleitada ... sem horas nem pressas...
Ah! sonho me embrulhada em sonos enibriados... calando divertimentos e festas...
Ah! sonho me tranquila... calando sinos e trombetas...
Ah! sonho me enlevada.. num suspiro pasmado...cheirando a alvorada inquieta...
Ah! sonho me branda... calminha... sem vontade nem ideia...
Ah! sonho me assim.. assim... diáfana... esplenderosa...exuberante...
Ah!sonho me assim... em sossegos desapiedados... eternos...
O parto anunciou se difícil
Fora lá para os lados das noites baixas e redondas
Numa contração delicada e tenra que me apresentei á vida...
A terra fora meu agasalho... meu casaco... minha malha
A crosta rompeu se... num múrmurio baixo e melodioso
Os lábios secos de um vinco de terra cuspiram me á luz das trevas...
Os olhos constelaram se num céu bonançoso...
E no sossego milagroso... no silêncio clemente e íntegro
Anunciei me aos anjos...
Dileitei me por anos... em extensões...
Colheram me os cheiros... almas benévolas...
E um dia bradei por cima dos campos apapoilados
Degolada pela mão de um estranho que me estropiou
Mas a minha alma singela está em vós...
Que me havéis suspeitado... bela e ligeira...
Por de cima do fato... na mesa... adornada na jarra...
Sou uma flor... cheirosa e alegre...

Monday, December 24, 2007


Volteiam no ar boquinhas gulosas
Que me querem apanhar...
Ai... almas desassossegadas
Esperem lá um pouco
Que me estatele por inteira na terra
Para depois me purificares!...
É sempre assim neste mundo de inferno...
Quando me chegarei a vós... tereis que me apurar
Pois que aqui por baixo... tudo é abastardado...
E os meus olhos nunca chegaram a brilhar...
E da minha boca... as palavras saiem moles e mutiladas...
E os meus braços perderam fulgor no abraçar
E os meus lábios não dão mais aqueles beijos redondos e perfumados...
Fugiu me o cheirinho a flor matizada... aquela dos dois lados...
E será a vós... no fim dos tempos ... que me hei de apresentar
E então... me heis de reabilitar...
Pois... que tudo é tédio... pouco faz sentido...
Por isso... venham... desçam só mais um pouquinho
Para eu me deslumbrar no debrum levezinho... do vosso ténue olhar...
Adocem se em mim... meninas do céu... do mar...
Das estrelinhas ... nos cantos dos céus enlutados...

Tuesday, December 18, 2007


Aqui reside todo o malogro arrepiante do desejo...

O meu corpo tem fronteiras...
Nos ardores da minha ânsia
Sorvei te por momentos
Na sombra escura do pensamento...
Enjeitei te o passo no contorno súbtil de meu alento
E tu nem deste pela forma amorosa que te enleou

A graça está mesmo
Na ignorância certeira
De quem não pressente nas costas
O sorrisinho carinhoso de um beijo...
Porque há noites em que nos apetece mesmo
Acarinhar alguém... enchê lo de beijos....

Monday, December 17, 2007

Fica aqui!
Vem já!
Não te atrevas a partir!
Não te achegues para lá!
Anda cá!
Isso é que era bom!
Pr'a mim já está!
Não há mais a dizer!
Fica tudo como está!
Ora... não escutas o que digo?
Anda! anda cá!
É como eu digo!
E não se discute mais!
É assim... e já está!
Mas então...
Quem manda aqui?
Ouve bem...
Ou levas já!

Ai carinho!
Que linda está!
Venha ao dono
Ao doninho... já!
Deite se aqui
Vá!... com modos gentís!
Vá lá!
Cansada?
Cansadinha... vejam lá!
Coitadinha!
Venha cá devagarinho!
Lestinha! despache se lá!

Linda... linda menina...
Pronto... já está!
Arrume se... arrume se lá
Vejam a porca!
Toda desgrenhada!
Desbarrigada!
Desprendada...
Imprestável!
Desarrumada!

Ela foi ouvindo...
Assistindo ao assenho do malvado...
Até ao dia que rachou
Mas estalou mesmo de verdade...
Esperou o malandro
Acertou lhe na cara
Com a frigideira de ferro
Que veio da da cozinha a galope
Tudo certinho... como tinha combinado...
Viu lhe o sangue escorrer
Lascou lhe os lábios
Esmagou lhe a língua quadrada...
Caíram lhe os dentes enferrujados...
Viu tudo e não fez nada...

Virou lhe as costas
E diluíu se no ar...

Foi se entregar ao mosteiro
A pedir que a abençoássem...
E fez votos de castidade...

E isto é o que acontece
A quem não se sabe cuidar!
A quem por natureza
Acha bem... nunca desconfiar...
E vai se uma pucela entregar se ao bêbedo
Para salvação de sua alma!!!
Era assim que ditavam as gentes de outrora!

Está á vista o resultado!!!
É na brandura do teu colo
Que me quero esticar
E me fazer bolinha
Menina pequenina
E mesmo quem sabe...
Caber todinha na algibeira
Para juntinhos...passearmos...

Vai ser assim um dia...
Por enquanto... estou por cá!!!

Amoleci me numa mancha de carinho
Foi num bocejo ... que o céu me engoliu... me tragou...
Se soubésseis o que vi...
Debruaram me anjos... assim...
Com violetas e alecrim...
E as alminhas chegaram se até mim
Numa dança redopiada... sem fim...
No manto cansado que carregava
Aliviaram me o presságio
Num enfeite gracioso e amável
Anulando prestes o desgoto
Que se adivinhava ... movendo se em mim...

É sempre deste modo
Que todos se acercam do paraíso...
Encarcerados em medos ... agrilhoados na penitência...
Gatinhando ... na ponta de seus narizes...

Ouvide o silêncio rosa
Que trepa e adorna...
Acheguem...acheguem se todos a mim...

E é lá de cima que nos chega o sossego farto
Nos dias e nas noites lânguidas... fracas...
Que anseiam por um milagre... destes... assim...

Wednesday, December 12, 2007


Eu quero me casar um dia... assim... a voar...
Presa num feixe de luz divina que nos abrace
É o brilho da consumação sublime
Que me há de levar um dia... para o lado de lá...
Ah! eu quero partir num pedaço de tarde...
Deitada na asa doirada de um pássaro...
Aconchegadinha assim... de lado...

Não tenham medo do tempo que passa
Descansado e vagaroso... brandas ondinhas...
No leito delicado e cheiroso de quem nos anima...
E se por ventura trovejar a sério
Mesmo aqui do nosso ladinho
Vejão se as estrelas... converse se então de verdade
Com as fadas fadinhas... génios...madrinhas...
E peça se lhes... em sussurro baixinho
Que se acolham em nós aquelas trovas antigas
De quem a pena aliviou... no tanto que para o céu olhou
Na súplica da graça divina...
Vejam se os lindos tintos... belos prados... recantos floridos
São os dedos de Nosso Senhor num aceno bondoso e divino...
Não tenheis medo!...
As rugas nas nossas carinhas...
São as carícias do Criador... afagando nos... de mansinho...

Minha mãe pedia a Deus uma pele linda...
Deus agraciava a com carinhos...
Mas eu acho ... acho mesmo ...
Que ela nunca percebeu...

Cheguei de longe para te ver...
Foram léguas num fôlego comprido
Para junto a ti me comprovar...
Numa abertura do tempo me acometi...
Em tintos puros me diluí...
Em demoras me dileitei condoída
Em espaços me alarguei na fujida...
E na comprovação de meu afecto
Me cheguei a ti cansadinha...

Vede... vede...
A maior parte do tempo é se cego...
Só no amor se denotam os pormenores
Se perdoam os erros...

vede... vede...
Só amando se bordam versos...

Alcancei te... mas tu não me viste...

Miserere... miserere...

Vou por aqui ficar a crescer...
Até ser uma árvore bem grande
De tocado fino...
E na minha sombra um dia
Te vais na certa prender...

Sunday, December 09, 2007

Se te achegares depressa em meu passo
Poderás adivinhar o crepitar aguçado
Do meu coração aflito... ainda a latejar...

Há coisas que matam...
Ou então... que nos deixam
Por grande eternidade atordoados...

Não se deve a gente nunca...
Nos passos de outrém se aferrolhar...

Nas almas boas nunca há barulho...

Por isso se criou o rosa tranquilo...
Como o céu... nas tardes mornas que deslizam...

Nas almas gentís reina a paz... suave idílio...

Por isso desabrocharam as papoilas...
Em campos verdinhos...

Ouçam o silêncio que troveja lentinho...
Aqui... nas nossas ruguinhas...
Viajo no teu lábio húmido
Num balancé carinhoso
E no fresco aroma me arrumo
Dormitando leve... na tua face rubra...

Aninhei me no teu pescoço sardado
Folgado assento estremoso
E aí deixei a minha cor...
Vermelha... da minha boca...

Escolhi te um dia a perna
Para te não perder o passo...
Pulei para a mão
Para te não perder o rota...
Mas é nos teus olhos ...que vivo desde então...
Para não te perder nunca o carinhoso rumorejo...
A marca singela...
Acho me no vazio...
Num branco estaladiço... pronto a parir...
Vislumbra se o sol amigo
Nas fissuras ténuas do dia...
E nas arestas finas da película macia
Chegam gargalhadas... risos...
É tudo fantasia... é a veste a partir se
Mas na divagação se adivinham
Coisas... que a mente se apruma a iludir...

Na próxima vez... quero atingir os azuis... os rosas floridos...
Borbulhar numa alucinação ... num sopro de capricho...

O branco arruina... afoga e mortifica.....

Wednesday, December 05, 2007


Amanhã viajarão em mim outras histórias...
Por hoje... enfiei o meu dia num balão espaçoso...
Vou me alongar... amar... e partir...

Que se chegue a noite amorosa
Nos caminhos cansados de meus passos
E que me ajeite mansa... criteriosa......
No cumprimento de meu fado...
Tenho me arrebatada... inquieta...
Na resquícia do astro que se desmancha...
Ah!... derive se em mim... esta sombra que me abarca...
Porque é de noite que a gente se abraça...
É na noite calada que os amantes poetam...
Em deleites açucarados...
Venha a mim essa noitinha branda
Que se demora na mimha face ténua... acerejada...
E se detenha nos meus braços apertados...
E na minha prosa... se agasalhe... mimada...
Tão boa... essa borra negra que alastra...
Concertam se em mim ... almas...ruídos animados...
São estrelas... na minha boca... a rebolarem...

Durmo... em admirável metamorfose...
Elejo me na fraca categoria
Dos comuns que gravitam
Em redor de seus pesares...
Mas na noite que adormece
Recato me na mudez do mistério...
E no pressentimento de Quem a mim se achega
Mergulho num transe animoso
E peço encaressidamente ao Magnânimo
A benção límpida e glorificada
De quem... no coração se emenda...

Fugi de tudo!... de todos!...
Da impertinência dos humanos
E também... da estultícia de quem por aqui manda...

E a minha glória é esta!
De me ter em cada noite
Confiada a Nosso Senhor!...