páginas brancas

Sunday, December 31, 2006

Gritavam alto a matança ditada dos columbinos ...
Que ... num dia descuidado se apressaram a romper
Por caminhos empedrados ... desertos
Na procura da envoltura de um abraço seguro
Para se protegerem ...
E no desvio de seus passos foram ter
Aos ventres lisos e tenros ... de quem acarinhava ... contente ...
E na mortandade ... na carnificina ouvida ... suscitada ... resolvida ...
Se recolheram os meninos e as meninas em suas cafuas secretas
E ... encolhidinhos ... retraídos ... pensavam na desgraça essa
De ... súbitamente se verem espadados ... inocentes ...
No adiantamento do engano ...
Vítimas inocentes dos estratagémas fraudelentos de quem ...
Por cima ... de trás ... pela frente deles respinga ... manda ...
Mas de lá longe ... bem por detrás dos ventos
Chegaram lágrimas de gentes avistando lhes a agitação ... o desassossego ...
Na demanda apressada da resolução do insultuoso tormento ...
E num alvoroço tangido se amontoou a multidão
Numa amálgama sana de pública aclamação ... revogou se o diploma ...
Por de cima da constatação ... dos olhos esbugalhados dessa gente que não ama
Desse povo lodacente ... que esperneia ... atulhado todinho na lama
E na repulsa arrepiante da súbita deliberação ...
Julgaram os carrascos amodorrar lhes a aflição
Gritando alto suas loucuras ... no agravamento de sua salvação
Mas nos ventres ... escondidos ... falava se de libertação
De dentro dos corações aflitos brotavam mãos ... ajudas ... sublimação ... E na bafagem do brando zéfiro chegou o segredo
No alento viajou a nascente inspiração
Remediando o caminho ténue da apoucada gente ...
Enorme no descontentamento ... procurando a cissura do acordão
Ditado no princípio dos tempos ...
E num arqueamento dobrado se abriu o céu ... laureando o Senhor ...
Abençoando essa gente que tinha caminhado ... gostosa ... contente ...
Na defesa do desguarnecido ... do fraco inocente ...

Saturday, December 30, 2006

Eu vou me deitar ... sossegada
Bem embrulhada na minha roupinha
E na quentura dos meus braços
A ti me vou encostar
Para que na noite fria que está
Te possas aquecer junto a mim
E eu perto de ti me entreter
Lendo nos teus lábios
Os cantos que te ensinei
E o tanto que te embalei
Em sonhos dentro de ti
Dentro de mim ...
Larga ... em espasmos ferverosos ...
É sim ... das éclogas que te dissertei
Pois que foste crescendo ... amor ...
E do tanto ... já não cabes em mim
Tenho agora ... que me derreter ...
E nos múltiplos cuidados que te atribuo
São em beijos e carícias que me anuncio a ti
Até para ...meu amor ...
De mim não te esqueceres ...

Era mátria ... a sua blandícia ...
Foram caminhando leves
Por atalhos secretos ... desvios ...
Julgando eles seguirem o itenerário
Da glória ... do sucesso ...
E assim se distraíram eles
Em passeios mundanos ... térreos ...
Entrendo os sentidos domingueiros ...
Desagastados das fartas confrarias
Pelas sonoridades alegres do prazer ...
Da porcaria !!!
E numa noite alguém lhes segredou :
Age quod agis !
Mas ninguém ligou ...
E no dia sentenciado pelo Dono
Acabou se lhes o torneio
Chegaram ao fim da meta !
Aportaram ambos combalidos ...
Extenuados ao fim da linha
Do tanto folguedo ... no desassossego da vida ...
Voltaram os olhos p'rá suas idas e vindas
Para as voltas solitárias ao centro da terra
Rindo .. gozando ... na entrega da matéria
E no intuíto luxuoso da ilusão
Se aprontaram eles a recolher
O espólio matemático frutífero dos anos ...
Fecharam se sózinhos em suas prisões
Rodeados de silêncios ... de vazios austeres ...
E nunca ... nunca pensou aquela gente
Que os bagos ostentativos da plantação
Estavam ocos ... ressequidos da espera ...

Esperam anos por eles ...
Gente com fome e vazios na barriga
Meninas e meninos sem motivo para sorrirrem
Velhos e velhas a quem recusaram pão
A arraia miúda que lhes amassava o pão
Aleijados a quem não estenderam a mão
Gente que se desviou ... com medo da sancção
Os homens que se dobravam entendendo a mão ...
Doentes que olharam e esperaram ... em vão ...
Animais que repelávam ... alçando a mão

E foi assim que um dia ...
Na ostentação de suas camas se deitaram
Cansados na dispiedade e dureza ...
E nunca mais acordaram ... sós ...
Como aos tantos que enxotaram
Sem um beijo
Sem um abraço
Sem um chamego no coração ...

E no trancar dos olhos gulosos
Ninguém a eles se chegou ...

A casa permanece cerrada até aos dias de hoje ... nunca ligaram ao tal dito ...

Wednesday, December 27, 2006

As saudades são as línguas do tempo
Indagando vestígios espalhados ...
E na colheita odorífica se cansa
Quem atrás delas anda ...
São bolsas de tempo roto ... trespassadas ...

Tuesday, December 26, 2006

E no desespero
Chorava a mãe sua aflição ...

E quem de seu lado estivesse ... veria que


As lágrimas são as águas vazias do tempo
Onde vinha a Senhora ... viva ...
Banhar se ... abrandando deste modo
As saudades que tinha dos filhos ... idos ...
E no apoucamento da sua razão
Aplacava as bem jntinhas á boca
Para sentir em si o gostinho doce
Da sua adoração ...
E no endeusado carinho manifesto
Se dementava a Senhora em desesperos ...

Monday, December 25, 2006

Ouço te ... almejado ... suspiroso ...
E é sempre para mim que mandas
Em jeito de prosa ... nessas árias e cantatas
As almíscaras de que perfumo
O nosso corpo quente ...
Pois que permaneces em mim
E ... mesmo no afastamento
Desse teu lugar recatoso ...
Desse clarão que me encendeia
Para lá das trevas do entendimento
Sinto os teus passos correndo para mim ...
Pois ... que ... quando ouço o teu chamado
Arrebatas me ... e nos fulgorosos sentimentos
Da tua anglical convocação ... resplandescente ...
Auréolo te ... para te glorificar ... ardente ...
Na benevolência favorável ... grata ...
Que me concedes ...

E é sempre assim ... cada vez que a presenteia com a sua visita ...
Em desarmonias se envolviam os dois
Numa desacatosa tormenta
E na insurreição da rebelião
Muito sangravam as bravatas
Cruéis no tom e nas sentenças
Que se administravam os dois
Pois ... que nelas não lhes pareciam
Desalinhadas do sentimento
A não serem ... as divergências
De que ambos se queixavam
Afugentando ... o brilho refulgente
Que descansava docemente
Nos olhos assustados
E que acordavam levemente ...
E não repararam nunca
Na reprovação do amigo
Que se foi afastando
E que alou então ... vagarosamente
Para longe do azedume
Da asneira ... da contenda ...
Gritavam afincadamente aos céus
Cada um sobras de delírio
Mas chegou lhes um trovão
Falou lhes em tom altíloquo
Expulsando assim ... os hóspedes
Que viviam neles ...
E na caturrice vincada
Na demência estulta dos dois
Se separaram então ... os imprudentes ...
Acotevelando a tarde serena
Sem se olharem ... sem se virarem ...
Para o sempre ... eternamente ...

Começou aí ... nesse dia o naufrágio dos dois que nunca mais se encontrariam ...

Friday, December 22, 2006

Venham atrás de mim
Que vos levarei ao excelso dia
Acorram todos ... mansinhos ...
E ajuntem se em montinho
Espreitando ... curiosos ...
O que há pr'a lá da cortina ...
Todos cantam e dançam
Numa eurritmia estonteante
E na súbitânea dispneia
Deslizam em mim
Os fulgores de outros
Apossando se de mim ...
Ah ! e no oculto segredo
De minhas confissões
Rendo me ... respeituosa
No colo quente de Orféu ...
Alagaram se em mares
Os beijos que me deu ...
E na envolvência sublime
De seu chamado requintado
Deitei me junto a ele
Para nos amarmos ...

Demorou se muito lá pelo céu ... e na descida vagarosa a que se obrigara chegou extenuada á cama do amante que logo ... a pegara ...

Thursday, December 21, 2006

Caem pétalas no branco tocado ...
E no regaço farto de menina
Nascem perfumes ... incensos inibriantes
Afugentando sombras sinuosas do presente ...
Pois que ela está esperando ... cansando se ...
Na delonga daquele que partira
E atrasado na vinda apressada ... que jurara ...
E na noite fria de Dezembro
No repouso atormentado de sua mente
Resfriou se lhe ao luar a fina tez ...
E nas estrelas movediças da paixão
Se embranhou a donzela com tanta fé
Que não alcançou razão ... na tamanha malvadez
Daquele que prometera voltar e não o fez ...
Perdera os fios de ouro que trazia
Caídos da coroa... aloirada e cheirosa que tinha ...
E nos buracos da espera se afundava
Sózinha ... minguada ...
Esperou o ... languescendo se ... até ao fim ...
E no branquejar de um tenro dia ...
Fez se lhe ... entre choros e lamentações ...
Ah ! A murtalha !!! e enterrou se ...

É o que acontece muitas vezes a quem ... inocente ... vê no outro as batidas do coração seu ...

Sunday, December 17, 2006

Não lhe vira nas faces
A alegria do sonho ressuscitado
Ai ! a eterna morada do paraíso
A alegre visão do prometido
Enlevada na altura sublime
Em que ela o colocara ...
Viu lhe a alma doente
Em pedaços ... descarnada ...
Quisera lhe acudir ... apressada ...
Mas na apresentação do manifesto
Se recusou ela a amá lo
Distorcido ... aleijado ...
Pois que dela se tinha avizinhado
Num delírio inopinado
E dele se despregou então
O devaneio de a amar ...
Mas cedo lhe estudou ela
A mente assaz diabolical
E logo se expungou nela
A vontade de o não querer ...
Desvaneceu se lhe
O súbito desejo de o recolher
De ... o na sua cama o prender
Pois ...que lhe vira nos olhos
O único suspiro de ...
Á sua carne pretender ...

Thursday, December 14, 2006

Deitou se num leito tranquilo
Em sorrisos brandos ... abraços folgados
Lembrando as ternuras de quem a parira
E no sossego branco ... nubeloso ...
Enfiou se a dormir...
E nas pressas que tinha em partir
Não se esquecera ela do tanto que deixava
Das palavras ditas em voz baixa
Dos amores vividos
Das crianças ao mundo dadas ...
Dos gritos alternados e confusos da vida ...
E no rigor da saída estendera se
Esperando por quem a visitaria ...
Mas na finda hora
Ninguém se achegaria ...
Trajara a derradeira roupagem da vida
As pregas do tempo vestiam na ...
Ai ... que ela partia pura desta estadia
E que do outro lado
Nosso Senhor a esperava ...
Tinha se lhe recomendado toda a vida
Nas esmolas e bem que a outros oferecia
Que o dela ... a todos pertencia ...
Mas agora na hora...
Na sua ... da despedida ...
Na volta arredondada
Ninguém lhe aparecia ...
Não faz mal ... pensara ...
É da vida apressada ...
Da estreiteza comprida
Onde se estendiam ... refastelados ...
Virou se leste para o céu que a entretinha
Confiou se aos Anjos
Encheu se de Luz ... e partira ...

Soube se bem mais tarde... dera se por sua falta no varandim ...
Acudiram as comadres curiosas dos bens que deixaria ...
Fizera se a doação ... inter vivos ...
Num gemido tormentoso
Na erupção arquejante de sua aflição
Atirou se ... suplicante ...
Para o colo de sua dor ...
E na rudeza de quem a assaltava
Fez se redonda ... transparente ...
Dispersou se ... achatada ...
Por dentro das brumas do paraíso ...

Wednesday, December 06, 2006

Quem me quiser amar...
Que me ame logo ...
Ao primeiro suspiro do tempo
E a mim se venha abraçar ...
Que chegue ainda adormecido
Para nos seus braços despertar ...
E ... na candura de seu caminhar
Na incitamento dos nossos desígnios
De mim se venha abeirar ...
Quem me quiser amar ...
Que se achegue logo pela fresca manhã
Que se firme bem ao vento
E com pézinhos de lã ...
Caminhe suavemente sobre meu manto
E na branda meiguice de um seu jeito ...
A mim ... se venha agarrar ...
Há dias coxos...
Dias assim...
Em que as coisas devem ser ditas com jeito
Untadas de melaço
Para melhor escorregarem ...
Para ... adocicadas ... chegarem aos ouvidas
Da gente incauta ... abrutalhada ...
Que no azedume de suas palavras
Na foliação compacta de seus ditames
Teima em aborrecer ... importunar...

Tenta se ... mas o acorde continua dissonante ...
E no adiatamento do exercício faltou lhe o melado...

Tuesday, December 05, 2006

Se ao monte sózinha subi
Sózinha quero ficar ...
Deslumbrada ... mirando e ouvindo
O doce e suave murmúrio
Das aves ... trazendo a lua ...
Para eu me nela deitar ...
Quando estou fatigada
Embruteço ... não consigo falar ...
Não almejo o brilho nas estrelas
E no alongamento do tempo
Não alvitro as histórias
Que me segredam os anjos ... remorejando ...
Entopem se me os sentidos
E na tristeza pesarosa que
Que se espalha em meu lado
Nada consigo distinguir no meu redor...
Há gente que de mim se quer inteirar
E do tanto ... que não posso ajeitar ...
Pois que sobre elas recaia uma luz
Para os iluminar porque ...
Quando estou cansada ...
Não existo ... parei de respirar ...

Monday, December 04, 2006

Flóreo o meu peito...
E no propósito remoto da consciência
Desdabrocham leve em mim
Desígnios desairosos ... atormentosos...
E no jardim de açucenas em mim semeado
Murcham corolas ... crescem espinhos...

Vem aí o indesejado...

Sunday, December 03, 2006

Estatela se a gente...rendida..
Na visão antecipada do paraíso...

Aconteceu numa manhã...logo a seguir ao seu nascimento...
Ouvindo Bach...
Brotaram rosas... flores por toda a parte...
Cânticos de pássaros romperam lhe o peito
Novelos de ornamentações melodiosas
Afinaram lhe as emoções
Ajeitando lhe o pensamento
Numa eclusão quente de raiares...
Foi assim...no suave adorno de um despertar...
Sempre...sempre aquele murmurinho longínquo
Casando com os seus ardores....

Foi nesse momento que a menina começou a respirar ...
E no emolumento de seu amor... a ele se entregou...
Solto risos e vontades
Naquelas manhãs airosas
Naquelas tardes preguiçosas
Nas horas em que...
O beijo anda de mão dada com o sol...

Recolho lágrimas salgadas
Vestidas de aurora
Naquelas manhãs negras... perfumadas...
Nos instantes de nossos enlaces...
E na benquerença do espectro amado
Perfilam se no ar...dedos amados...

E na aproximação de tua face junta á minha
Flutuam no ar pétalas cheirosas... macias...
E na entrelação de seus aromas nos meus
Dançam querubins...anjos da guarda...

Sigo passos ...
Sigo rastos ...
Percorro espaços e latitudes ...
Sigo instintos e despertares ...
Sigo risos e vontades ...
Longe ou perto de ti ...
Pairando no ar ...
Sem te acordar...

Saturday, December 02, 2006

Toco levemente
Rostos redondos...vontades...
Em dias claros e fluídos
Amanssando ventos
Na avidez de um abraço...

Agarro me a olhos no espaço
Deambulando ... viajando ...
E no rosado pérola do dia que espreita
Dos meus lábios... aceno lhes recados...

E nos sorrisos que em mim espreitam
Cintilam cumprimentos...lembranças...
E desenham se esboços e vontades
Da candura e do desejo
De te ter perto...a meu lado...

E no roçar de meus lábios...
No trémulo rubro dos teus nos meus...
No silêncio sepulcral
Carrego sentidos...cheiros e tactos...

Chegou de súbito a chuva...
Refrescam se em mim
Esses sonhos suados...
E na partida breve que me aguarda
Despeço me amor...agradecida...
De me teres um dia amado...

E foi assim que se partiu a dama , no fim do inverno...memoriando se da longa viagem feita a seu lado...
As estrelas são os olhos do dia
Espreitando a noite cansada
Desafiando os amantes
Num manto prateado...
São bolinhas que vão e vêem
Sem nada contarem
Do que viram...onde estiveram...
Amigas...aliadas...

Cantarolando... foram se encaminhando os amorosos na noite afunilada...
No tanger das cordas
Virei me ... atordoada ao chamado
E é sempre em ti que me penduro...atenta...
E sempre sobre ti que me estico...serena...
Ai amor essas labaredas onde ardia o nosso amor
No desmatamento de nossos ardores
Na consumação do tempo
No amansamento de nossos desígnios
Voaram...
E é pois amor... nos cheiros doces
Das flores perfumadas que sobre mim espalhastes
Que te busco...procuro... para em ti me aprazear...
E como se de uma visão se tratasse
Vejo te no proeminência de uma anunciação...
Oh!...voaram para o céu essas fagulhas desatentas...
Mas disseram me há tempos anjos... amigos...
Que formaram lá no alto um toucado para Nosso Senhor
Ai...se assim foi, que se alevante então o Rei
Que clame bem alto o nosso nome
E que soou levemente em nossa alma... o teu e o meu
Para que possam amanhecer em nossos exaltações
As saudades que em mim tenho...
E na ingerência da minha vontade na tua
Que te tenha ressuscitado...e eu em ti...
Na proliferação de vontades
Na ardência glauca dos meus olhos
Junto a mim...

E mais suassurrava a donzela por debaixo do manto estrelada que a cobria...