páginas brancas

Friday, May 28, 2010

A tristeza tem buracos
Poços de ar horrendos
Correntes amarras gelatinosas
Curva escorregadias
Onde se perdem as gentes
Os espíritos delicados

Ai a tristeza tem forros enrugados
Desconsolos destemidos
E quem numa distracção bondosa
Cair nela ás travessase e ás ceguinhas
Que se cale mudo e bem caladinho
Que arraste os seus olhos molhados e enternecidos
Pelas vestes imaculadas e fresquinhas
Das montanhas e colinas das terras circonvizinhas
E num esforço arrojado e aparatoso
Solte se das funduras dessas terras movediças
Bramindo um canto um hino sustenido
E num abrir de asas num rugido dos mortais desconhecido
Arqueje se num urro enfurecido
Albarroando o diabo o Malífico!

Façam... façam isso
E quando virem essa fundura
Essa fossa dilatada e escorregadia
Soltem se pelos ares leves e ligeirinhos
Varrendo os ares com as vestes enobrecidas
E ide em procissões e cortesias
A pedir ao Benfeitor e ao Altíssimo
As benções que por cá nos são proibidas!

Ide ide irmãos por estes céus acima!

Tuesday, May 25, 2010

Nas tréguas da vida
Nas expoliações da morte
Nas confusões imerecidas
Nos momentos pródigos
Andei ligeira e leve
Procurando te em claustros e conventos
Em muralhas e prisões ...
Em rastos descarnados em poços de afogamento
Em desassossegos vociferando desesperos e traições
Sim...em desenhos e esboços...
Em inventos e criações
Adivinhando te cheiros
Fui um dia cientista a arquitecta primeira
Tecendo vontades procurando soluções...

Levei anos a te procurar
Levei décadas a te achar
Em mapas e falésias em sábia investigação
Brotastes te mágico em súbita apararição...

Já o meu riso desfinhava
Já se me consumia o tino e a razão!
Num raiar de tarde sumida
Onde me assaltava a solidão
Viestes te em vela branca
Numa frescura de marzea
Empurrado por uma brasa quente
Encostadinho ao vento Sião!
Rei!tesouro!pérola minha
Amante Amor Irmão!

Eu a tua brandura fina
A tua relíquia frágil e pequenina
Já para lá da visão!

Olhei te com olhos brandos
Em ecos de silencio
Num rubror crepitante...
Alcancei te logo numa alucinação delirante~
Num rolar de desejos antigos
Num desvanecimento estonteante
Em perda de siso e altercação!

Miragem...ideia coagulante!

E numa vénia de princeza
Num arquejo profetizado
Circundastes me...cego... viandante...
Partistes te em tom de valsa ... sonambulo!

Fostes te em suavidades ténuas num sono
Sobre as ondas inocentes e trémulas de um meu canto
Te fostes estreitando encolhendo te em eternidades
Onde se já não se ouvia o meu choro nem o meu pranto !

Fenda...lasca...no oceano marmorizante
Em tom menor e deslizante

De ti se me alojou na alma
A sombra enternecida dos teus lábios navegantes!

-Au delá du mirroir-

Wednesday, May 19, 2010

Perdeu se o amor da minha vida
Enterrou se em corpo alheio
Em abraços e folguices de ternura
Em códigos estranhos aos meus

Foi se leste e seguro por míriades desconhecidas
E passaram se milénios até se fazer a ronda cheia
Para na volta se agarrar de novo ao amor seu

Eram ramos folhagems e tenras frutas
As delícias que abundavam na larga enseada
Sorrisos e beijos arremessados ás ventadas
Que mordiscavam e beijavam os pés seus
Que para mim de novo em buscas de mim se voltavam

E á sombra da oliveira
Á velhinha do monte
Que mais não se findava
Acorria sempre alegre e folgueiro
A perguntar me novas de sua amada!

Que se tinha há muito ido
Que se houvera tido descuidado
Que da antiga já ninguém sabia
Que dela se desconhecia morada!

E eu … em mimos de campo

Alegre e despenteada
Alinhava me nos dias em escutas e despertares
Em melopeias suaves
Anunciando me a ele branda e afectada!

Quisera o Céu e os seus Anjos
Que morresse ele a ela enleado
Num rugir de trovão
Num escaldo serrado!

Foi assim que então
Trepou ávido á árvore
A descobrir o seu tesouro de então
E em ternuras se houveram os dois
Para o sempre afeiçoados!

Olhem…olhem bem com atenção
Este tanto este todo p’los montes enlaçados!

Amores…
Amores…
Serão!
Em funduras ínfimas
Ouvi sons proeminentes malignidades
Persiguições tenebrosas
Açoitando vidas derrubando verdades

Delícias… os olhos a se fecharem
A rebolarem por fora das amotinações…

Porque há tempos e lugares nestes mundos
Onde se não pode poisar um corpo
Onde se não pode encostar num piscar
Um olhar um friso rendilhado
Em sublimações solenes
Em próspera identidade

Para quem se aprazear no sonho
Para quem conseguir escavar buracos
E na escuridão trilhar caminhos ás cegas
Apalpando só no seu íntimo a razão e a verdade
Acudam me… soltem se então esses
Na benignidade do meu ardor
Em movimentações dóceis e ternas
Em suavidades e consolos balsâmicos
Em condescendências benevolentes
Acorrendo inocentes e honestos
A repormos na ordem celeste
A regra segura do Bom Pastor!

E porque nem toda a gente sente
E nem toda a gente age
No exacto momento da inspiração
Numa brisa numa aragem perfumada
Elejam já dentre de vós a insígnia inspiração!


Venham pois para esses os silêncios
Bolhas grandes recheados de puro branco
Onde se possam desenhar as curvas
Desmarrando o tempo que se colou por fora da razão


Que nos fogem que escapulem
Do celeste tinto onde em branduras
Me vou deitar a sonhar

Monday, May 10, 2010

Não há nada!
Só penetro a suave miragem
Só me deslumbro nas insólitas viagens
Só me entontecem os brilhos das noites claras
Dos passos hipnóticos das luas a passearem…
Já me analisei vezes sem conta sem me nunca encontrar
Estremeço me nas sombras nos ruídos nos enclaves a suar
Dilato me nos dias claros a infantizar
Nas noites escuras a naufragar
Procuro me nas manchas áridas
Em contemplações e mistérios
Que há muito naufragaram
Sou ideia…projecto…esperança…refracção …
Rasto que nunca ninguém acha!
Olha a luz do dia...
A serenidade esplendida a cantar...
E no desabrochar da rosa
Vede...se deu prestes... o rouxinol a cantar...

Ouvi eu há dias... em murmúrios circunspectos...
O vento... á luz se confiar...
Eram segredos melíficos e discretos
Em entendimentos suaves a se entregar

Esta conjugação rápida e célere
A mim me fez pensar
Por onde andariam os dois ás cegas
Sempre em abraços a passear...

Na visita audaciosa e romanesca
Em amores a se anunciarem ...
Lábios ágeis e quentes...
No consentimento mútuo a se juntarem...

Em beijos audaciosos
Em corações febris a se exaltarem
Em incursões deslizantes
Num e noutro a derramarem se...

E sempre passeando por todo o mais
Se foram assim adiante... por muito a se conciliarem

O que eu vi...o que discerni...modesta...
Foram os dois...prontos...loguinho a se enamorarem ...
A luz bailava celeste...nos olhos a brilhar...
E o vento era bondoso e leste...nas voltas que tinha a dar...

Era uma dança alegre... com o mundo todo a cantar...
Pois que não é sempre assim...a ventada na luz...
Domingueira...animosa a dançar...
Com um facho luminoso... nas almas a clarear...

Já sentisteis em vós... alguma vez...o tempo exultante
Em réplicas constantes a se pronunciar?

Eu me vi assim ...por décadas e séculos passados...
Agora me quero quieta...parada...
Na tenuidade delirante ... de me ter nos outros...a amar...
Olha a luz do dia...
A serenidade esplendida a cantar...
E no desabrochar da rosa
Vede...se deu prestes... o rouxinol a cantar...

Ouvi eu há dias... em murmúrios circunspectos...
O vento... á luz se confiar...
Eram segredos melíficos e discretos
Em entendimentos suaves a se entregar

Esta conjugação rápida e célere
A mim me fez pensar
Por onde andariam os dois ás cegas
Sempre em abraços a passear...

Na visita audaciosa e romanesca
Em amores a se anunciarem ...
Lábios ágeis e quentes...
No consentimento mútuo a se juntarem...

Em beijos audaciosos
Em corações febris a se exaltarem
Em incursões deslizantes
Num e noutro a derramarem se...

E sempre passeando por todo o mais
Se foram assim adiante... por muito a se conciliarem

O que eu vi...o que discerni...modesta...
Foram os dois...prontos...loguinho a se enamorarem ...
A luz bailava celeste...nos olhos a brilhar...
E o vento era bondoso e leste...nas voltas que tinha a dar...

Era uma dança alegre... com o mundo todo a cantar...
Pois que não é sempre assim...a ventada na luz...
Domingueira...animosa a dançar...
Com um facho luminoso... nas almas a clarear...

Já sentisteis em vós... alguma vez...o tempo exultante
Em réplicas constantes a se pronunciar?

Eu me vi assim ...por décadas e séculos passados...
Agora me quero quieta...parada...
Na tenuidade delirante ... de me ter nos outros...a amar...
Me fui por estas ondas a navegar
A encontrar me com Neptuno e seus rivais
Me fui andando em tréguas desiguais
Em feitos e desacatos a me desperfeiçoar…

O mar é longo
A onda tem boca larga
O vento se deita amainado
E eu me nado em buscas e pesquisas árduas

Não te canses marinheira
Que a maré vai alta
Roça as algas salgadas
Em tua roupagem naufragada

Vim e voltei sem me nunca acharem
Porque o verde do prado acorreu a me chamar
Que a papoila se já desmaiava
No desalento meu …em cinzas a esvoaçar

Foram lágrimas as minhas neste tanto a destoar…
Que se foram um dia da terra para o mar
E que por lá teimavam em ficar…
A menina é nova toda novinha
A menina reluz com a pele toda esticadinha
A menina é fresca com umas rosinhas
Traz no toucado umas rendas umas fitinhas
Cheira bem cheira a rosmaninho
Nasceu num campo no meio da vinha
Entonta se sorridente por meio de risos
Não sabe se é noite se é dia
Dorme de noite brinca de dia
E nos seus olhos saltitam luas estrelas pequeninas
E numa sua janela abre se claro o dia
Anuncia se longa a tarde em jogos
Nublina matinal
Areias de mar
Crepúsculos novelados
Brumas encrespadas
Sonhos...devaneios de criança
Marés soltas
Convocações assinaladas

E tudo num gesto
E tudo num pasmo
Num soluço rouco...desnorteado!

E o poeta falava adivinhando se em deambulações atormentadas!..
Vou vos falar da ilusão
Desse espectro malfadado
Dessa unha caprídea e em bico
Farejando a nossa ambição!

Não se iludam os fracos
Os bons na acção
Porque nesse vínculo
Na dobra dessa curva
Acoita se o traficante desleal
Esboçando e engenhando a traição!

Inclina se a gente num arfar ambíguo
A pestenejar sorridente e contente
Numa ideia elevada em honesta vinculação
Mas não se lembra nunca a gente
De dar voltas e nas avessas ver bem a questão
Porque é no contrário e no adverso
Que se esconde a segunda ...a numerável oposição!

E sempre em escutas maquiavélicas
Com olhares pérfidos e fascínios malévolos
De quem não se tem oportuno na resolução
Há os que a não sentem a eles se encostarse
Arremeçando o punhal no desfecho de sua alucinação!

E quem a não souber vislumbrar
Quem a não tiver em apreciação
Sentir se á embetante e desordenado
No sentido inóspido da questão!
Fujam minha gente
Arredai vos desse trilho horrendo
Não tendeis caprichos não tendeis cismas
Fora da austera e apertada razão!

Quisera o destino
Que nesta esfera
Um dia se ajuntaram
Todos os homens e mulheres boas
Rezando orando de dentro de seus corações!

Na cabeça mora a lei
No peito a sua acção!
Neste esconderijo
Neste cofre amplo
Salpica me a dor
Refrescam me beijos ...
São chuvas águas brandas
A se virem num convite num ensaio
Se debruçarem por decima do meu peito
Abotoando o meu corpo escangalhadp
Ec ochicham baixo palavras débeis e atordoadas
Colam se se ao meu pescoço gélido e refreado
Moldando nos meus lábios o desenho dos teus
Há muito idos há muito resgatados!

Nesta cova
Neste buraco
Foi se me a alma
A velejar para o outro lado
Esmeraldas preciosas
Que te olhavam sempre enamoradas
Campos de risos que aguardavam...

Destas mãos nestes rios bravos
Soletrava se o teu nome em sonoras cascatas
Só eu te o lia só eu te o descifrava
Na intensidade da luz na claridades das tardes
Porque no meu peito na nobre anseada
Te vinhas sempre caminhando
Esquadrinhando te no meu enlace
E eu sempre te moldando calada
Em purezas e canticos a te exalçar
Calada ... no silencio penoso dos prados
Enibriada da marzea e do hálito do Mar...

Nesta cova nestes dentes
Nesta boca desamorável
Se foi já em vôo alto e celeste
Uma Donzela que muito amara
E lá do cima ... das montanhas descarnadas
Na requinada filigrana
Se veio a ela um dia
O seu Amor a ela se aconchegar

E cantaram se hinos altíssimos trinados
Em regozijos e solenidades
Por muitos que no chão não se alcançavam
E que no lá para lá logo se afinaram!..

Saturday, May 08, 2010

Na órbitra das trevas
Num escaldão precioso de um meu olhar
Surgistes num andamento felino
Deslizando por decima do um meu chamado
Arfando em doçuras desconhecidas
Em ânsias de parto
Viestes a te recolhere por dentro de uma viela antiga
De uma cidade há tempos muito esquecida
Hirto e honrado nobre soberano
Num ajusto a meus versos
Aos que há muito se foram a esbarrar
Nas pedras ... nas altas serras e para outros lugares
E dos muitos que por aqui me não te deixavam avistar!

Apascentei cometas ventos desarredados
Alinhavei contendas intrigas desajeitadas
Acorri louca apaziguandode mentecaptos endemoínhados
Berrei convicta clamando alto a minha verdade
Ordenei esgrimando com alento a minha vontade


Numa bolha redonda num brilho doirado
Num rebuliço sedoso cheirando a passado
Rodearam me em passos de dança
Numa coreografia terna e aprimurada
Cachos colares dos teus beijos
Onde me embrulhastes...sempre a me soletrares...

Agradeço sempre ao Amor
Por muito me cuidar!

E vós...não?

Monday, May 03, 2010

Sou uma visão antiga
De quem um dia me esboçou
Uma imagem santífica de quem me idolatrou
Depois...depois inscreveu se me em mim
Um desígnio estóico e austere
O de tocar e cantar para ti!
Pois que a cascata das minhas notas
O rebolar do meu canto
O trilhar da minha prosa
Não era denunciado aqui
Afunilava se em canudinhos amplos
Que poisavam ágeis nos astros de luz
E arrastavam se lentos
Levando me em pequenos balanços
Desfiando no escuro da noite
Na alvura do dia
Lascas de diamantes
Por terras onde os homens
Se haveriam de se afadigarem um dia...
Cai me o sono nos olhos na testa
São os beijos teus Amor
Que me chegam frescos da tua terra!

Afadigam me os sentidos
Na saudade jubilosa de uma tua festa
São os teus olhos Amor cansados do ardor
De me procurares assim por estas serras

Caiem lágrimas águas mornas nos meus lábios
São os teus beijos Amor
Que trago com mil cuidados

Trovejam os céus
Rompem se as montanhas
Racham se caminhos
Demoras te nos tempos
Em achaques e rezas divinas

Mas se as tuas preces
Não fossem de todo agarradinhas ás minhas
Se se não entrelaçassem a idênticos cheiros e santos sacrifícios
Resgatando antigas parávolas e sábias adivinhas
Perder se ia o nosso auster chamado a nossa vontade divina
De nos termos assim enxailádos... mansos... profícuos e amigos
Por todo o sempre por toda a eternidade tolhida!

E fora este o eco ... o gemido e o grito ouvido
Que numa idade pequenina e em antiga profecia
Se anunciavam já em doçuras e requintes
Dois inocentes que há muito se haviam um ao outro prometido!

Bem haja áqueles que no deambulas de suas vidas
Se não perdem em buscas vãs
E se nunca acharam perdidos!
Viajei para longe
Em sonhos antiquos me sepultando
Vi Deuses Demónios á solta
Todos em ânsias me observando
E porque tudo era o citado e previsto
Me fui deixando me fui dançando
Folclores e rondas alegres
E em estonteamentos deliranres
Foi o Amor me buscar em tréguas
Numa dormencia do tempo me requentando...
Me fui em braços e em risadas
No seu manto sempre me ajeitando
E porque neste mundo e nestas moradas quaisqueres
Nunca se enconta bom viandante
Fui parar para lá das águas para lá das terras
Para propriedades celestes...

Fui e me deixei por lá ficar
A mais o meu Donzel
E aqui por baixo o que ficou
Foi uma mancha uma ilusão ténua
De quem me ama e me não ainda esquece
Nas frestas suavizantes das Primaveras
Que me anunciam nelas sempre amorosa e terna...

Me tinha há muito partido por bosques
Por debaixo das tocas e dos seus mistérios
Faltou me o ar ... respirei misérias ...

Soletrei o Seu nome num arfar mudo e cadavérico ...
Velejaram me então Serafims das cortes celestes
E em milagres me restituíram num anciano tema
Título código verbo correcto...

Amor...amor ... me amiúdarei em ti um dia predilecta !

E assim viveriam em suspenções portentosas e serenas
Duas almas terrestres
Há muito encomendadas a Deus
Por não serem pertença da terra!