páginas brancas

Friday, November 30, 2007

Canto para mim...em absoluta revivificação...
Caso contrário... estou morta...
Espectro volúvel... abatida... pesarosa...
Arrastando se na absoluta condenação...

Sabem... vim de um ninho...
Tenho um passarinho no coração...
O minha trova não é deste mundo...

Poeto me por aqui... em humana infectação...
Se eu perdurar na terra por muito tempo...
Que me embalem na canção...
No ritmo morno da vida
Em excelça dilatação...
Se por estes lados me afirmar ainda...
Que seja em vós irmãos... ...
Aguarela colorida... âncora nas vossas mãos...
E se no rompimento do dia
Vos magoar num gesto amargo e troculento
Descarreguem em mim ...vossas rezas... mézinhas então...
Para que no arrependimento sincero
Me poder reerguer... florente...
E na absolvição me ter feliz...contente...
E que cantem para mim anjos bomzinhos
E que delirem comigo... mansinhos...
Na delonga de uma canção...

Ah! se eu por aqui ficar muito tempo...
Que seja pois... por uma boa razão...
Faltou lhe o fôlego na escalada mortífera...
Tudo se arruinou em si... na desfortunada despedida...

Retornou a donzela a seu lugar de origem...
Recitaram se Avés... credos...
Cantaram coros... hinos a sua alegria...

O corpo foi se em áspera agonia...
Mas a luz de seus olhos... perdurou na imensidão
Extinguiu se o visível...
Reavivou se o sublime... na extrema derivação...

Conta se que o sol... é o brilho dessas alminhas
Que nunca se despegaram daqui...

Thursday, November 29, 2007


Faça se a vontade a todos...e logo verão...

Tudo se desajusta numa dolorida compressão...
Bradam os céus!...
Que eu não me quero amiúdada... desmembrada...inquieta...
Não me roubem o meu cantinho dilecto...
É tudo doido nesta terra!Acudam me!
Que anda á solta Lúcifer... o macaco... macacão... o mafarreco...

Mas é isto mesmo o que eles quiseram...
Não se queixem agora... não podem viver sem guerras!!!

Miséria! miséria!

E foi assim que a encontraram... meio louca...
Só sabia que se chamava Paz...
Ninguém a conhecia...
A nudez irrompe aos olhos da gente
Na forma de adoidada tentação...
É a vida que emerge pura...
E que se entrega... na incondicional doação...
E é sempre em jeito envergonhado
Que a jovem se entrega...discreta...
Abrindo asinhas brancas
Um líriozinho do campo... uma rosa
Abicando na frescura da fonte pasmada...
É um pássaro que voa... abrindo se sem resguardo...
O negrão da noite ameiga os amantes...
Ele achega se devagar ... exortando com beijos a menina a se dar
Ela caminha flutuando... no prelúdio da dança sonhada
E embrenham se então os meninos ...numa sinfonia fantástica...

Amem se... homens e mulheres de bem!...
Deixa me reanimar me na tua pele quente
Abrasar me no teu assento perfumado
E nas fragrâncias tuas que despertam
Estimula se me um fogo que fortalece...
E no espírito ressoa a tónica que entontece
Aloja se em mim o afecto que em ti reflecte
E na corrente célere em que ninguém tropeça
Quebra se o escudo férreo que pesava cego
Por decima da bruma apertada... e que magoava...

O tua mão viaja sempre na minha...

Sunday, November 25, 2007


O dia é uma boca gulosa
Cúmplice adoidada que não avisa...
A noite é um abraço gordo...
Um sussurro gentil que repreende e certifica...

Eu cá para mim... resguardo me sempre
Na escuridão macia...

Por de baixo do meu vestido branco
Mora o desafio... o debate... a guerra...
Ou... quem sabe... a natureza plácida
De uma sábia e avisada dona...

Moramos todos... na roda da saia
De uma qualquer mulher...

Amor... foguearam as searas do meu peito...
Alvoraçou se se um vento inflamado
E na escandecência de meu tormento
Ouviram se ... a atormentarem se... no meu jeito...
As flores pequenas que sonecavam... sossegadas...
Voaram as cerejas e as romãs...e as papoilas carmesins
Que enfeitavam os meus lábios...
Que pernoitavam na minha boca... aqui...
E que nos dias claros se recolhiam no teu jardim...

Amor... quiseram as tormentas
Te arrancarem para fora de mim...
Mas eu fechei os olhos para melhor te conferir

E analisei te...enleado em minhas raízes...
Que insolita tormenta foi esta amor
De te desejarem desgarrado em mim?
Não há vento qualquer neste mundo
Que fará amor... renunciarmo nos por aí...

Por vezes queimam se os trigais...
Mas acode nos logo um mantinho de chuva
Que breve embebeda a terra
E nos põe a sorrir...

Vede amor...
Está mais frequinho o meu deleite...

Monday, November 19, 2007


Lá se vai a donzela a perder
Pelos dos montes da serraria
Pr'rá terra dos lobos... sem medo...
Chamam na... os ecos azuis do céu...
Mas a menina vai progredindo... afadigada...
No muito que se vai atontando pelo caminho...
Não sentiu ela nunca ... o frio a anunciar se...
Os beijos a afrouxarem...
O frio a bater nos pés... descalcinhos...

Vejam lá ... pelos montes abaixo...
A menina cansada de correr...
Abocanharam lhe os cães
Ficaram lhe as feridas por coser...
Acudam lá com trapos...
Com o bonançoso canto dos anjos
Para lhe alindarem as dores sentidas...

Nunca se deve ter pressas...
De correr aos montes acima...
Moram lá lobos de verdade
Falem pois... com a menina ferida...

Mas quem vai querer saber da história da menina
Que se foi adoidada para o inferno
Pensando que era a Deus... que se entregaria...

Vão haver sempre muitos lobos
Que vão comer muitas meninas..
Tenham lá cuidado mamãs e papás
Com os vossos donzéis e meninas...

Num alvéolo do meu peito
Semeei uma rosa para ti
Foi a graça da manhã
Alojando se a sorrir... em mim...

Quando o sol lambe o céu da aurora
São as florinhas frescas
Que se dão a namorar...

Num ensaio em teu rosto
Me vi a flutuar...
Colei a minha áurea á tua
Tive na boca... o meu manjar...

Num recanto do meu lábio
Te tenho há muito... a navegar...
Aquieto me... na gratificação dos teus beijos...

Saturday, November 17, 2007


Ajeito me...
Nasço... par me aquentar em teu peito
Para te escutar a harmonia que soa larga
E se derrama solta... no assento do meu espelho...
Chego me fiel e saudosa...
Na cauda do tempo pesado e matreiro...
Afiaram se me vontades...
Forças expeditas e ferverosas...
Parti então... na observância do pecado...
E junto a ti me reanimo...
Canta me... canta me...
Até me afundar...
No haver de teu achado...

Conta se que certa donzela
Fugiu um dia do paraíso
Chegou se... alma selecta...
Para dentro do ânimo do seu querido...
E por ali ficou até ao dia
Em que ele se alevantou também com ela...

Friday, November 16, 2007


No colo dos teus braços
Me sinto enamorada...
Agéis... soltam se os beijos ...
Balões apetitosos...
Doces recheios...

E no deambular da dança... tudo é perfeito...

Baila!... embrulha te em mim!... anda!...

Thursday, November 15, 2007


Foste o meu amor por um mês...
Por trinta dias inteiros...
E nas margems do meu corpo
Te tive em segredo... eleito...
E no decalque dos meus olhos nos teus
Sabias me partida... ao meio...
Fico me...
Até porque tudo na vida são vírgulas...
Achados discrepantes...

Se eu pudesse te abraçar...

Deito me amor nas tuas palavras...

Wednesday, November 14, 2007


Retroceder... para se reerguer...
Cansa um pouco... mas não faz doer...

Vá... vamos todos lá...
Ai... ai... ai... ai...

E eis que no fim do tempo
Já quase não me posso mexer...
Porque... vede... já me sai do peito
A última brasa ardente
Que fervilhava há muito... vagarosa e lenta...
Depurando os meus pecados obedientes...
E numa expiação lenta... me vou assim a alimpar...
E para junto de Nosso Senhor...
A minha alma vou entregar...
E a Deus me explicar...

Vede amigos... a minha alma pequenina
Que ali vai adiante... a voletar...

Levianamente solta na vida...
Recatadamente sóbria na morte...

Por onde andaram as reticências
Nos momentos lúcidos do tempo?

No fim... pouco ou nada fica por contar...

Tuesday, November 13, 2007


Vou me deixar ficar por aqui
Assim... espalmadinha e gasta...
Quem sabe se no auge do dia
Não desce o Menino e me leva para aí
Na quente alvorada do seu regaço?

É isso mesmo... vou me aquietar... pequenina...
Na sombra do seu luar...

Um dia vai tudo explodir...
A terra... na tanta porcaria...
Os homens... na tanta soberba
As mulheres no tanto alvoraçar...
Todos... estendidos... num adormecimento letárgico...
As criancinhas... arrebentadas do tanto pedincharem...
Os velhos extenuados... não aguentando mais...
Tudo vai ocorrer assim... porque desejais...
Porque o peso do verbo é insustentável
Porque tudo sai da ordem universal
Porque deixais... homens e mulheres...
Isto aqui... tudo se baralhar...

Até me vai fazer bem morrer
Partir mesmo... quem sabe...
Limpar me desta avileza
Que trepa e escorrega por todo o lado...

Vou rezar ao Pai e ao Menino
Que não se esqueçam de mim... na sua guarda terna...

O céu é um tubo brumoso...
Ai!... tudo gira na minha cabeça...
Porque no dia em que eu me abastecer para lá
Vão cantar em surdina... as meninas pequeninas...
E eu sei que me irão acolher a dançar...
Aquelas estrelas profetizas... a quem me irei confessar...
Escondem se na religiosidade do sepulcro
Essas bolinhas... que me hão de interperlar...
Mas por enquanto é só um medo...
Um desassossego que sinto... este...
De me ter anelada num rolo escuro e seco
Como esta noite... que toca por cá...

Eu quero me portar bem...
Quero resguardar a língua
Para quando me avançar no aéreo lugar
Não ter senão em mente... o credo... todo de corzinho
Para que elas possam deambular... ágeiszinhas
Nas costas do meu cadenciar...

Eu vou mesmo querer um dia...
Passear me por aqueles lugares...

Monday, November 12, 2007


O silêncio é branco como á neve
Vem do céu asseado e amplo
Caem nele as batidas da vida
Soprando e fazendo se anunciar...
Mas senhoras... no segredo da paz...
Ninguém pode tocar...

Ouçam todos esta calma branda...
É a alma da gente que está vigilante
E não se quer importunada...

Sonho me... no silêncio vítreo que em mim tange...

A eternidade vai chegar se a mim limpinha...
E vou descansar nela... levinha...
Porque do que eu preciso... é mesmo de me esvaziar...
Largar todo este entulho inútil... queimá lo pelo caminho
Enclausurar o meu amor na minha adivinha
E deixar me disto... aqui por baixo...
E por isso...anseio então por me afirmar leve no caminho...
Para me não deixar conspurcar mais ...
E rezo todos os dias na minha caminha
Ás boas fadinhas... que me guardem sempre asseadinha...
Porque é nas pregas dos olhos velhinhos
Que se escondem as mentiras... que os maus me enviaram para cá...
E depois... boa menina... no descuido da terna inocência...
Ai!... e na indolência do meu carácter... deixei as ficar por cá...
Eu peço sempre a Deus e ao Menino
Que me deixem sossegada... aqui paradinha... sem mais...
A ouvir o passarinho a cantar... o menino a poetar...
Não quero ver... apalpar... nem cheirar...
E pertencer ao reino priviligiado da espécie
Que não precisa de pecar para... de seguida se salvar...
Já me desejei santa... mas chegou me sempre uma tentação quente
Ferindo me os sentidos para de seguida no capricho... me perder...
Chegaram me aromas afrodisíacos e tenros
Resvalando me a consciência para a boca do paraíso...
Mas não me abraçaram lá... na concupiscência do outro... debroada...
Ai... que bom nada querer ...e estar se sempre contentada...
E não se ter... nos mistérios que o diabo arremessa sempre... para cá...
Que me deixem... no sossego beatificado
Dos anjos que nunca pecaram...
E que no meu íntimo nunca se aprovenham as tonteiras
Que em jeito de carícia semeam desgostos e desagrado...
Quero me leve... ágil... para poder voar...
E me achegar depressa... para lá...

Wednesday, November 07, 2007

O cheiro das flores traz me roseada
O da terra... danificada...
O de céu ... libertada...
O da água... purificada...
Nasci do mar
Sujei me na terra
Adejei... levinha no céu...
Lavei me nas águas temperadas...
E depois disto... despedi me dos meus amores
Dos meus queridos e amados
E esmiucei me no orvalho
Dissipei me no relvado celeste... inibriada...
E lá em cima...
Cobriram me os aromas das flores
Que me trazem sempre adornada...

Fui feliz na partida...toda engalanada...

Monday, November 05, 2007

Acham se vozes retidas no alto...
Nem doce palpitar...
Nunca caem ao chão...
Para não nos magoarem...

Eu ando á procura delas... cheirando o ar de inverno...
Esfregando as mõas assustadas...
Trepo ás árvores ... amiúdando me nos toucados...
Pois há algumas que estão presas... aferradas em galhos...
E que não se podem soltar...
E é por isso que o vento canta
Embrulhando as almas que sonecam
Em tenso cerrado...
Porque... quando se despirem as senhoras
De realeza de seus trajes...
Vai o sopro longo e generoso do tempo
Ao leito dos puros... as entregar...

É sempre bom estar se atento...
Na delonga do milagre...
Chegaram os anjos para me levarem
Mas eu... menina pequena...
Não tenho asas para a eles me achegar
E ecoam divinamente... por todos os lados...
São belezas elegendo me na noite... musa amorosa...
Acorreram todinhos... para se elegrarem no meu luar...
E modulam... amorosos... a cançao do Pai...
E ao impírio apelo me quero... em seus braços me abandonar...
E resplandecem doces trinados... sobressaltos alegres...
Que me têm logo... toda pintada...
E assim me vou dançando... rebolando... a ele me apresentar...
E chamam me daqui... e de outro lado...
E nesta requisição me vejo eleita... adorada...

Vinde... vinde... meus anjos...
Todos... em vossos colos me alevantarem...
Chegaram os anjos para me levarem
Mas eu... Santo Deus... não tenho asas
Para a eles me chegar...
E chamam me daqui deste lado...
Oh! suave tirania esta...
De para aqui ter sido interpelada...

Friday, November 02, 2007

Flui um rio em meu corpo secreto...
Cursa lento ... sem magoar...
E na corrente acodem beijos...
Agitam se os novelinhos em suave deambular...
Reflorescem em minha alma os liláses
Que empalideciam na falta do afago...
E na esterilida deste sono profundo
Refrescam se me os olhos brandos...
Alívio... descanso... embriagados...
Na mata fofa do copioso manto...

Vinde a mim... fresquinha e cheirosa
Amansando te no meu regaço
E nas bordas tronchudas do meu antro
Amarra te em mim... para me saudares...

Já as ouço gritar por mim... as papoilas carmesins...
Já se estouvam as meninas gordas em firme gargalhar
Prenhas em meu peito ...exaltando se para as arrebatar...

E assim se tem a natureza feliz...
Oiçam... o seu doce rumorejar...
Os parênteses na vida são excepções...
São hipóteses que aguardam... se agitam na reflexão...
As vírgulas são sinais... vagarosa busca... sana persignação...
Nos pontos... terminam os debates...
Dá se por encerrado o cálculo da vida...louca tentação...
O que virá a seguir se?...
Pasmos... cegueira... desorientação...

Abram alas aos parênteses!!!

Thursday, November 01, 2007

Começou tudo de novo...
E na minha alma surge a atrapalhação...
Porque tudo nesta vida é desassossego
E neste atalho o ar é franzino
E não chega ao peito de todos...
Muitos caem... sem perceberem a razão...
Vão morrer muitos pelo caminho...
Atropela se gente no embaraço
Não se dá por quem cai no chão...