páginas brancas

Thursday, May 31, 2007

Tão leve ...
Aquele corpinho que ao céu voltou...
Envolto em xailes de candura
Coberto com mantas de ternura
E já se lhe avistavam nos olhos
Arcos do alívio das dores
E dissipando se... no eterno descanso
A todos sorriu e acenou...
Despedira se dos de baixo
Sem penas nem rancores...
E a todos se confessou
No amor perene que
Na vida lhes devotou...

Novíssima verba...

Wednesday, May 30, 2007

Se me vissem levinha a passear
Por meio de estrelas... destes constelados mares...
Dançando com os Anjos que me abraçam
Ai... e toda vestidinha de luar...
E agarradinha... de mão dada
Ao crescente astro que me arrasta...
Fulgente... como uma Rainha que passa...
Ai... se me pudésseis ver toda laranjinha
De fato amplo... bordado...
Cheirosinha das rosas que passam...
E são tantas e tão fartas
E estonteiam se me os sentidos
E tudo da mente se apaga...
As loucuras... as vaidades...
Aqui... não servem para nada...
Quero aqui permanecer... cá em cima morar...
Neste relvado fresco de pura aragem
E partir para longe ...
Sempre para longe de tudo e do nada...
Porque aqui... ninguém me encontra...
Diáfona... pálida... como á luz que me abarca...
Aqui ninguém me acha...
Sou pupila... mestra... iniciada...
Se me pudésseis ver...
Ai... assim... parada...

Tuesday, May 29, 2007

Chorou a menina por donzel apartado
E nunca na sua mente alvitrara
O desconçolo do viajante na viagem
Lágrimas de dor derramava
Que para trás a sua amada deixara...
Rezaram se matinas... enxutou se o diabo
E no dia combinado
Da torre do castelo guardado
Apareceu o cavaleiro sobreerguido ne sela
Todo cravejadinho de punhalada
Só tivera tempo de ultimar o desejo
De sua amiga libertar de singelo laço
De a ele para a vida se ver honrada...
Eu não sou nada ...
Visto me de azul em dias azulados
Adereço me de rosa em dias rosados
E nada se transtorna em mim ... nada...
A não ser aquela fragrânça que me ampara
Aquele fervor que me regala...
São ramos de conchinhas que brilham ao luar...
Eu vi coisas lindas no mundo de lá...
Nos céus das noites que se erguem caladas ...
E num convite sereno me afasto
Na atenuação suave de uma voz que me agarra...
E no abrandamento do êxtase
Surgem me na memórias andanças do passado...
Sim... sim... arremessaram me mum dia gordo
Regorgitou me a trovoada
E num sublime relâmpago me viram doirada...
Quis me o Criador guerreira e fortalhaça
Criadinha na crosta de uma fatia de céu quebrado...
Ai... que eu não sou nada...
Vivo sossegadinha... numa talhada de melaço...

Sunday, May 27, 2007

O que é bom é não querer coisa alguma...
É ter nos maravilhados... mergulhando de relance
Em escuros céus trajadinhos de brilhantes...
E não se desejar mais nada
Para lá da fuga... para o fim de tudo... para o outro lado...
Sonhei... vi que tudo não passa de uma miragem...
De uma dilatação desinquieta vibrando no espaço...
O que é bom é abortar um desejo caprichado
Que atormenta cansa e desgasta...
E é na debilidade dos momentos frágeis
Que se importuna a gente na procura de um regalo
Cobrindo com cuidado as juntas fracas
Das peças minúsculas e quentes do nosso disfarce...
Ai... eu não quero ansear mais nada
A não ser este azul que me abraça
E que de súbito tudo apaga ...
E é tornar me meiga em vez de brava...
E é sentar me quieta ... esperando as nuvens cansadas...
Que me afaguem... me carreguem enfeitiçada...
E as ondas pequeninas da maré que se agacha
Desnudando seu peito... se entregando... enamorada...
E de noite esperar o sussurro manso do nada
Aclamando airoso o sossego adorado...
E depois... nas trevas silenciosas dos montes ceifados
É bom adivinhar no peito as espigas tenras... a arrulhar...
E não ambicionar mais nada... a não ser o brumoso da noite
Que nos encobre... nos aquece e tapa...
É isso ... é isso mesmo ...
Eu me vou morrer um dia... assim...
Sim... para descanso eterno de minha alma...

Wednesday, May 23, 2007

No meu peito nascem fitas que se soltam...
São tormentos sentidos... vozes desatinadas...
Que a alma açoita... na funestação da golpada...
E na desventura deplorável
Almejo em mim bolinhas que se soltam
Sáo lágrimas coradas que refrecam o ar
E rebolam e voam sem que ninguém as veja
Sem que ninguém repare...
Pois que as lágrimas da gente... quando amontoadas
É a dor atroz que incomoda e mata...

E um dia no seu leito de morte... foram estas as últimas palavras de quem por aqui andou e fora ignorada.Chorou quem as sentiu... sorriu quem as causou...

Sunday, May 20, 2007

O amor é uma onda branca á espera de ser pintada
O amor é o céu translúcido que espera de dia
Para á noite ser escravinhado...
O amor é o frémito secreto que espera e acode
O calor encantador que pinta secretas vontades...
Ai... o amor é aquele relógio que pauta... bate os segundos
Das urgências furtivas dos enamorados...
O amor é o vôo incessante da alma que plaina tranquila... alada...
Procurando assento... indagando morada...
O amor são passinhos pequenos correndo na madrugada
Esquadrinhando becos... nichos... elegendo cheiros... desejando tomar te...
O amor é uma seta pequenina viajando no tempo ... mordiscando o espaço
É azul verde vermelho riscado... da cor de um sotão escondido sem morada
O amor vive na plenitude de um riso cobrindo o prado ...
É a luz bendita que vem inundar com flocos de sossego a madrugada...
É a areia branquinha caindo leve pelos dedos finos da meninada
É o sol árdego aconchegando vultos ... aliviando gente triste... sem casa...
É uma chuva limpinha enchendo riachos... aclarando casinhas ...
Embalando corpos cansados...
Ai... o amor é aquela teia rendada que enche o peito... em suspiros por ficar...
Que se mostre pois o amor... e durma sempre... sempre a teu lado...

E foi assim... com esta história que a avózinha adormeceu o neto fatigado do tanto perguntar... e mais lhe segredou que a história não acabava aqui... e que amanhã haveria mais...
Pobre... a laranjinha caída do ramo
Eurruga se... murcha no chão...
E num repto lançado ao vento
Se atreve a frutinha a pedir achego
Que a leve de volta á casinha verde...
Para perto de seus irmãos...
E todos somos assim... pomagem seca
A leste do prodigioso ventre do céu
Que nos pariu amenas... rosinhas pequenas
Ofertas divinas crescendo nas materes das mães...
E quando se alheia uma estrelinha dessas
Assusta se a populacão... e tudo parte em diligências
Porque o que é da gente... o nosso chamado tem...
E não mais se respira... e não mais há alivio...
No desbruchar do dia... e nas noites... só desconsolação...
E quando surge o brilho de nosso alento
Luzinhas acendem se ... espalham
No frémito da nossa contenção...
Mas os olhos não se devem desviar ... não...
Pois que há sempre quem por aqui ande
Pedindo asilo... uma mão...
E na extensão da alma se encontra Aquele
Que leva a si essa dilatação
E num jeito milagroso da abstracta compleição
Muitos se acham Pais... de Todos
E outros... Não...

Saturday, May 19, 2007

Tudo não passa de um sonho ...
Os disfarces... as ilusões que trajam as noites
As máscaras que pintam vaidades
As promessas cegas... vestidas de desilusão...
E todos nos aprumamos na divagação
Nas explicações de nossos actos e justiças
Sem nunca suspeitendo da derreideira decisão...
Mas um dia... no estremecer de uma oração
Juntamo nos todos rezando... apelando a Deus
Um lugar... chegadinho a seu coração...
E nas sombras inquietas... endemoinhada da iniquidade
Se acotevelam os homens na basculha
De um cantinho sereno... pacato...
E... esticando... tensos... os pescoços...
Imploram o perdão... enteus...
No abrandamento das sentenças
Procurando assento... nos olhos do Criador...

Friday, May 18, 2007

Se eu fosse espuminha
Refrescaria o teu corpo suado
E na doçura de meus lábios
Te restituiria alvo... puro...
Na mescla de meu aroma corado...
E se eu fosse águinha
Ali... daquela ribeira fresca
Te atrairia ... aliviado... pr'a junto de mim
Nas ondas revoltas de um meu enlace...
E se eu fosse uma estrela pequenina
E brilhasse clarinha lá no céu
Te acenaria cedinho com dedos luzentes
Para te resgatar... dormindo sorridente...
Suspenso no ar sereno ... querido... cristalino...
Para junto de um solar meu...
E se tudo não passasse de um sonho fantasioso
Acabadinho de nascer no peito meu
Te encontraria na certeza minha... um dia...
No astro quente e clarinho que te acolheria prestíssimo...
Meu moreno... moreninho...
Amor... amor meu...

Sunday, May 13, 2007

Ofereceram me casta em terra seca
Quiseram me alegre em abismos gélidos
Embrulharam me inocente num trapo malhado
E no sopro do vento voei débil
Para dentro de bocas vorazes...

E é sempre assim que se vive e se morre sem nunca ter alguém ao seu lado...
E foram estas as palavras queixosas de uma menina que foi chamada ao paraíso...

Sentou a Nosso Senhor em seu colo prendado
Adoçou lhe a boca com palavras meladas
E de seus olhos bailavam estrelinhas
E do seu ventre renasceu a menina...

Friday, May 11, 2007

Sou a sentinela vigiando a saudade
A capitã da minha vida...
E chegam se mansas vindas do além
Notícias, rasgos de outros respingos...
Abranda te em mim... amor valente
Nas constelações dos meus olhos... farejando... atentos...
E neles te espiei... demorando me ... contente...
Lamentosos pela demora estendida
De teus passos cursando pequenos...
E nos desígnos da minha vontade
A vista se me prendeu... no espectro do teu enlace
Na longueza destes campos adentro...
E no cabeço de um morro te avistei
E a minha alma enlaçou a dilecta miragem
Caminhando quente nas passadas ténuas de teu cuidado...
Vem... acode me presto... soldadinho
No ditame celeste deste sonho meu...