páginas brancas

Sunday, October 29, 2006

Ama me...mas devagarinho...
Num pulsar fesco e brando
Com mil cuidados
No encosto de meus lábios nos teus...

Ama me ...mas atento...
Para que não te fuja
A ressonância de meu olhar
A reflexão de meu parlar...

Ama me na religiosidade ...
Na candura dos passos
Que te levam a mim...
E no escrúpulo da minha vontade
Deita te então... junto a mim....
Ama me...mas devagarinho...
Num pulsar fesco e brando
Com mil cuidados
No encosto de meus lábios nos teus...

Ama me ...mas atento...
Para que não te fuja
A ressonância de meu olhar
A reflexão de meu parlar...

Ama me na religiosidade ...
Na candura dos passos
Que te levam a mim...
E no escrúpulo da minha vontade
Deita te então... junto a mim....
Tenho um templo no meu peito
E o egrégio morador
Do assento dourado de sua morada
Me manda beijos...

Correm lágrimas
Na estrada lisa da minha alma
E nas curvas apertadinhas
Esfrega se a mim...a dor

Velejaram há dias em mim
As asas da antiga saudade...fatigada...
Na procura desmedida
De um dia me poder encontrar...
E na busca incessante do presságio
Tropeço...em vão...
Nas ruínas
Dos despojos sagrados
Que um dia
Em mim ficaram...

Mas sossegue rápido o meu coração...
Pois...que na proeminência
De quem por aqui me traz
Desfez se num rasgo o milagra...
E na prefoliação da minha flor bordada
Vi te nos olhos...desgraçada...
E nos teus brilharam enevuados
Uma luz... caindo dobrada
Num recanto coxo da tua vaidade...

E no desmancho do sonho
Nasceu a verdade...

Voltei um dia a sorir...
Tenho um templo no meu peito
E o egrégio morador
Do assento dourado de sua morada
Me manda beijos...

Correm lágrimas
Na estrada lisa da minha alma
E nas curvas apertadinhas
Esfrega se a mim...a dor

Velejaram há dias em mim
As asas da antiga saudade...fatigada...
Na procura desmedida
De um dia me poder encontrar...
E na busca incessante do presságio
Tropeço...em vão...
Nas ruínas
Dos despojos sagrados
Que um dia
Deixaste em mim...

Mas sossegue rápido o meu coração...
Pois...que na proeminência
De quem por aqui me traz
Desfez se num rasgo o milagra...
E na prefloração de minha flor bordada
Vi te nos olhos...desgraçada...
E nos teus brilharam enevuados
A luz caindo dobrada
Num recanto coxo da tua vaidade...

E no desmancho do sonho
Nasceu a verdade...

Voltei um dia a sorir...

Friday, October 27, 2006

Morria me...
Atulhada no azebrado peganhento
Da méscula riscada de meu tormento
Ah! desvairo desacatoso esse
Que me levou...desatenta...
E num ronco de fêmea sofrendo...
Na minudência de minha chaga improcedente
Larguei a pele...ardente...
Enlevada...levemente...
Num resgato ténuto do vento...
Do descontentamento...nasceu a razão
Do desapego...a vivificação...
Pois é..
Encheram se lhe os olhos de branda luz...
Largando águas vertiginosas...latejantes...
E alagaram se encostas mirradas ...das discordâncias...
E nas vertentes secas
Dos ombros largos de cada um
Nasceram oásis
Da fartura do leite derramado dos meus peitos...

E ressoou por todo a parte...a anunciação de um novo dia...

Wednesday, October 25, 2006

Vêem me passar... os guignols...
Cabeça erguida... para melhor os ouvir
Orelhas em leque para melhor os ver...
Pois que eu nasci trocada
E na reviravolta se fez a confusão
No engano das terras
De quem p'rá aqui me mandou...
E vislumbra se nítido...
O engano...o desamor...
Por baixo do fato...
Dos cabelos perfumados...
Dos mantos arranjados...
Fetiches...arrumados...sossegados...
De quem para aqui emigrou...
Mas eu danço...no meio da inquietação...
Descobro lhes planos...maquinações
Troco lhes as voltas dos olhos
Que procuram pular
Para dentro dos meus...
Afasto do caminho empedrado
Esses génios maus ...engasgados...
Que em mim querem entrar
E é na deleitação de quem em mim descansa
Que me encosto sossegada...esperando
Que a multidão passe...
E sorrio então...quieta...na quentura macia
Das mãos que em mim se deitam
E me aconchegam...
Porque ninguém vê...
A montanha linda onde vivo...
Poucos um dia ouviram o seu cantar
E quem em si traz
As flores dos meus pinhais
Traz pássaros em si...coroas cheinhas
Que não param de sussurrar...
Ai...tremendas esssas boca
Que sobre de mim trovejam...
E na troca dos cheiros
Adivinham se palavras...
E por todo o ar se pragueja...
E os que por mim passam...austeres
Cautelosos arredam se de mim
No vazio sublime das mil e umas cores
Com que pinto a minha loucura...
E no encantamento marmoreado...
No sossego achatado....enfeitiçado...
Corto...devoro as máscaras fétidas
De quem por mim passa...

E é na cabeleira da noite cheirosa...
No silêncio frágil...
Que me retiro... calada...
Enterrando me
Nas terras frescas...
Nas searas doiradas
Penteadas pelo vento...
Ouço passadas no coração
E no mosaico das brancas recordações
Tenho te desfeito...em pedaços...
Na mórula frágil da nossa união...

Sunday, October 22, 2006

Perssigo a pisada
De quem antes de mim
Por cá passou...
Tentando negar lhe
As mágoas...as maldadas
Que um dia...
Por cá semeou...

Ad augusta per angusta...
Amor... se soubesseis
O quanto por ti clamo...
E essas notas que me mandas
Essas melodias ...essas árias requintadas
São... amor... as saudades
Que de mim tendes...
E no eco das tuas mil vozes
Devolvo te as bem agarradinhas
E levanto a face para Deus
Na esperança de um sinal divino
De contigo... um dia me encontrar...
Ai... meu amor do céu
Minha amorinha doce
Meu cacho sumarente...
Ouço te as cascatas de sons
Essas requintadas volatas
Que sorvo apressada...gulosa...
Recostada na tua lenbrança ...
Retábulo doirado...
Correndo quentes na minha boca
Cheia dos beijinhos
Que tenho para ti guardados...
E na frescura doce
Desses teus aromas...amor...
Adormeço...redondinha...
Apertando te bem
Juntinho ao meu coração
Mergulhada em ardores
De te ter a meu lado...
Num jeito terno de chamego
Esperando a hora em que desceres...
Para...amor...
Na concordância mútua das nossas ânsias
Nos amarmos...
Nesse teu jeito volátil de pássaro...
Vem ...vem meu amor...
A mim te achegares...

Saturday, October 21, 2006

A estrada lamurienta abria se
Num desapego de vontade
E os tremores que no ventre sentia
Eram do entulho... dos pés gigantes
Que a atormentavam...
E por quem nela passava
Se embrulhava desfeito
Dos medos e desagrados
Que um dia a beliscaram...
Continuam aí...essas estradas sem fim
E eu venho de longe...cansada
Da longa viagem solavancada
Chego magoado nos olhos
Da tanta estafa que trago...
Tudo é tardança tudo é atraso
E o que me resta é p'ró céu olhar
Porque quem para lá levanta os olhos
De sorrisos se pode refrescar
E há os quem nada vêem...
Mas se sentisseis o que me avassala...
A soidão que em mim fala...
Dos múmurios brandos... amor
Clareando o poder de nossas palavras
E no eco rosa das nossas lembranças
Continuo...sonâmbula...

Friday, October 13, 2006

Dormi... encolhidinha...
Na boca grossa de uma rosa
Que me apertou...gulosa
Junto ao seu coração...amorosa...
E na manhã leve
Em mim se ajeitou...brando...
Querendo me junto a si...vaidosa...
Ajustando o vestido folhado
Das suas mil pétalas radiosas...
E no sossego da noite
Frondejaram se os quentes ardores
Por entre aromas ...veleiros...
Ai o amigo bondoso
Que em mim se deteve
Na gelatina doce de meus olhos...
Ai...e a morna dança
Embalando em seus braços
As sombras brancas...cheirosas...

E a lua ...feérica...
Desenhava pétalas azuis
Nas línguas prateadas de sereno...
E no amansamento de seus ardores
Voavam palavras há muito guardadas
Que polvilhavam o ar de pózinhos gostosos...
E o sabor que neles perdurava
Era o do morango vermelho
E o do dióspiro cheiroso...delicioso
Que no ar se entrenhava...
Ai...e a noite trepassara se...violenta...
Desencostando se altiva por detrás dos ermos
Despedindo se rápida...dos vultos enleados...
E na solaridade de um dia resplandescente
Se apartaram os amantes do jardim...saciados...

E por muitas noites voltava a menina para dentro da boca rosada da rosa que por ela...dia e noite esperava...e em seus corações cantavam se serestas ...

Monday, October 09, 2006

Enleou se o perfume do amor
Nos sentidos frágeis puros de menina
E em cima de si para sempre perduraram
Aqueles olhos negros que um dia...fugidios...
Em si lhe adivinhavam...boas...as carícias...
E numa esmerada espera se deteve o menino
Que jamais para outra olhara
Senão na procura da alva frecura...
Daquela que um dia seu olhar avistara...
E passaram se anos e a menina chegou
Esbelta e luzidia para os braços
Do menino que em si a esculpira...
E nos olhos... só lhe via marés
Nos cabelos... tempestades
E as mãos desejadas...fechadas...
E o corpo trancado...não o queria...
E desvaneceu se o jovem em loucuras
Arremeteu se em bosques...enlutado...
Não soubera ele... na espera da donzela
A ele prometida...tão desejada...
Que a outro amava e o não queria...
Enrijeçara se lhe...á donzela a vontade de fugir
E na noite da entrega... dele se deslaçou
Pisando o corpo do outro que tanto procurou
E que ao outro enlutou...
E foi se o mancebo desvanecido
Prantear se...enfermiço...
E do tanto que a queria
Abriu lhe as portas da cela
Deixando a correr
Para os braços de quem ela queria...


Muito se disse na aldeia da traição consumida...mas o menino castigava quem de sua boca ouvisse querendo castigar a menina... que um dia seus olhos viram...

Friday, October 06, 2006

Do cima da cuesta
Se embalava a menina
Decidida no jeito
Enjaulada no desespero...
Pensava ela do reino partir
Montada na montaria
Que avistava ao longe
Oferecendo lhe carinho...
Colava se inteira...densa...
Á trevas de outras vidas
Que a levariam leve... na fantasia...
E a nobiliária donzela
De medo se aspergia...
E o coração tremia lhe
Do medo do buraco fundo
Que seus olhos viam...
Abriu as saias compridas
Saltou no dorso do vazio
Que a levaria...na enchente da maré
Sereia das serranias
Leve...sobreerguendo se mole
Pelas casas adentro
Misturando se...enlanguescente...
Alucinante...
Aos beijos do amante
Que a não queria...

Muito se chorou no condado que se enlutou por dias e dias...mas nada se pudera fazer...pois a menina era rosa nascida em terra fria...

Thursday, October 05, 2006

Estou triste...ai..tão triste
E na tristeza não há salvação...
Venham as banhas to tempo
Venham as tigelas de mar
Venham lá afogar me o desassossego
Mas no meu coração...não...
Que eu perdi as pétalas das minhas mãos...
E numa tarde de sereno
Embalada pelo saudade...
Avistou se lhe o fantasma
Langoroso e pasmado
Que em mim quis ficar...
Vai demorar... cansá lo aqui...
Enfraquecendo o meu ardor...
Ai... estou tão triste...

Tuesday, October 03, 2006

Mestiçaram me os sentidos
E nas rotas cruzadas da vida
Fui...metafonia...
Adensam se em mim miragens
Da lua que me precedeu...
Ai... sopro regelado...
Reflexo enjaulado
Na estreiteza de um caminho...
Atabalhoaram os sentidos
Da rosa que viram...
Acocoraram se os vilões
Por detrás da terra fria...
Amordaçaram a coitada
E em seu peito murcharam as rosas
Que começavam a florir...
E no agastamento da sua pureza
Desvaneceu se a agapeta
Para longe dos homens
Afundada em nuvens mornas
Para junto dos anjos
Pr'á vista do Senhor
Á muito Prometida...

Vivo desde então na turbulência...entre o fervor e o pecado...

Ai de mim...coitada...

Sunday, October 01, 2006

Fenderam me o coração...
E no silêncio cru da noite vazia
Acamei me sózinha
Desesperando...
Sem chamar por ninguém
Pois que na certa...
Ninguém viria...
Vislumbrei um toldo no céu
Esvaziei minha mente ferida
E nos contornos da respiração
Fui achando acalmia
E no sossego do meu corpo magoado
Ouvi baixinho uma cantiga...
Anjos chamando por mim...
E na respeitabilidade da consagração
Ofereci me lesta...
Na testa do paraíso...
Vem por aqui amigo
Vem por aqui ...
E olham me com olhos febris
E as línguas refogadas de intrigas
Clamam suas razões
E eu fecho os olhos e desviu me
.Para um caminho que escolhi...
E numa breve recita cantada
No temor de quem por mim
Sua alma trepassa
Arranco me inteira
Aos balbucios ásperos e lentos
De quem me quer confundir...
Ai mas enganaram se os tolos
Assustem se os malvados
Porque eu nasci sem peias
Num ermo sobranceiro ao mar...
Não me deram vida meus pais
Para nas estradas caminhar...
Pois... tenho asas de condor
E lá do alto... meu olho sebreerguido
Mira por dentro das cabeças
A teima dos homens
A folia...
Ai se soubesseis quantos de vós abati
Quantos de vós perdoei
Quantos de vós enjaulei
Pois que da vossa cobardia
Não escapastes
Da vossa gula
Não vos livrastes
Da vossa maldade não fugistes
E quereis então ter me por amigo...
Não...não contais com a minha passada
Junta á vossa...fria...
Respirai antes meu bafo quente e macio
E no esplendor da noite
Ofereçai me num canto sereno
As flores que colherdes para mim...
Aqui...um dia...no paraíso...
Encontrei te meu amor
Nos sonhos esquecidos
E na chuva que caía
Eram floras que te mandava
Porque nelas vão os beijos
Há tanto esquecidos
E que eu... por loucura
Não te mandara...
Foram trevas que me mantelaram
E neste abismo me esqueci
Porque os teus beijos amor
Nunca chegaram...
E em mim ... prante enlutado...
Meu peito se enchia de marzia
E nesse gosto a sal que provara
Afatigava se me o juízo...
Porque meu amor ...
Se um pouco do teu doce
A mim chegasse
Verias na noite a lua dançar
Verias na nudez do dia
O decalque de mim em ti...
Porque eu sou a menina que te ama
Nas refegos desta vida...
Olha bem amor...vede bem meu amor...