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Thursday, February 26, 2009

Analisei Deuses ... dissequei Anjos que me quiseram agarrar
Mas nunhum escolhi por te não ter encontrado...
Sonhei com o amigo com o amante o desconhecido o namorado
Dormi com Morfeu! oh! doce adivinha a me soletrar...
Diz me Bondade onde moras
Morena...loira...serenidade...
Onde ides... onde páras... dai te a conhecer...a contemplar!
Por essas ruas estagnadas onde te prostras
Sem nunca te dares a achar...
Por essas estâncias onde os namorados se beijam
Com o peito muito a calcular...
E onde o púrpuro instante
Ornamento delicado do romance
Se dá pouco a espreitar...
Aéro me curiosa a te procurar...
Te não vejo...te não alcanço...
Neste muito que tenho a ver e que ostenta o meu fitar...
Não te conheço morada...aposento próprio...assoalhada...
Soam cores... ouço recados
Pelos céus adentro que ressoam calados ...
E na fragilidade que me abraça
Perco me em desmanchos de te não encontrar...
Obstinado capricho o meu ... de muito te desejar
Raiada de frescuras e procurando te em lugares... aqui...acolá...
Persigo te segura no cheiro celeste de teu rasto...
Bondade...minha pérola azulinha
Que te andas por aí sózinha espreitando olhares
Dai me um pedaço ínfino de tua bonança
Vinde te achegares a min mansa
Em passos miudinhos
Trespassando essa espada tenra em meu peito
Para em curas divinas me apaziguares ...

E fora este o lamento sentido e cantado baixinho por entre os lençóis perfumados e brancos de quem numa noite não conseguia sossegar...

Wednesday, February 25, 2009

Me vou para o país dos lírios... dos anjos alígeros...
E em tentações delirantes... me vou alada e voejando
Para o paraíso rosado adejando me as plumas doiradas
A visitar o Senhor que me espera nos Passos sonhados...
Daqui me posso alcançar já...nas varandas do egrégio Palácio...
Me vou leve e tranquila perseguindo a atracção almíscarada
Ah!doce aventurança a minha de me querer
Cavaleira ... soldado vigilante...rodando me em desmaios
Nestes círculos delicados que me sustêm...

Encosto me a este amparo diáfano que ninguém acha...

Me vou aos céus pedir morada..

Wednesday, February 18, 2009

Chegastes te amor a me tocar
E na sublimação da tua pele na minha
Se foram as penas as angústias dos dias
E esvoaçam pássaros na película cristalina
E num raio de sol me estico morninha
E tu num braço de lua me espreitas amigo...
Chega te meu amo meu querido
Em benzeduras amenas em carícias
E avistam se os recantos sagrados do paraíso
E em ordenanças mútuas segredam nos os amigos...
Tudo se avoluma nas encostas doiradas do magistral edifício
Torres...vãos altíssimos ...
E tudo se agiganta nesta ordem perfeita
E todos voejam nestes espaços infindos
E não se submetem nunca os anjos nas alturas
Em degradantes vertigems... em espontâneas tonturas...
E continua a música cantanto neste mundo

Tuesday, February 17, 2009

Aordou levantou se pos se a trabalhar
De noite chegou desnudou se e pos se a quadrupear
Na madrugada vestiu se maquilhou se tenteouse e saiu a sonhar
De dia correu esfregou limpou torceu trapos ... desfigurou caras
De volta gritou arrumou passou lavou tudo a arrumar
No escuro gemeu calou se aliviou se nela o matulaço
E de novo se ergueu ao crepúsculo a se emendar na pele o fardo pesado
Foi e voltou sempre... dia a dia até se cansar
Mas quando se chegava solteira e se voluntariar... sossegada
Lá vinha o desordeiro tudo a desrespeitar
E ela deixava se rendida e enfraquecida já
Nas leituras e romances do marujo que a anulara já
E numa noite maligna em fúrias há muito havidas
Vestiu a camisa maldita enfiou as cuecas rasgadas
E foi se pela noite perdida rendendo se humilda ao diabo...
E o cabrão que a tinha por sua se foi a choraminga
Por casa de pais e padrinhos que sua Clarinha o tinha deixado
Pobre mulher...leste rapariga que se foi entregar p'ra debaixo
Pr'a debaixo dos muros erguidos das margens de sua casa
Recambiou a o Atrevido ... que era demais boa na sua casa

Monday, February 16, 2009

Pintar...estive a pintar...
Com os olhos poisados na tela
O pincel na mão a falar...
E a alma no alto a mirar
Entretia se constante com aparições a dançar...
Ah!pintei astros fadas... luzes... coisas belas
Para de noite olhar para elas
E no tudo me poder disfarçar...
É tanto o que me quer trazer para perto ...
Que me receio num instante enloucar
Farturas santas...espojos reais
Que vão partindo e chegando
E que eu quero aprisionar...

E é tanta a gente a se chegar constante
Junto de min a se aconchegar ...
Porque nos dias que começam a pintar
É o mundo todo que se distrai e dança
Sempre em folias alegres a me festejar
E eu deambulo me radiante
Em saias amplas... em rodas estonteadas
Em vertigens a me replicar...

Cantam afinado para mim ...os anjos...
E os tons soam belos... conjugações aliciantes...
Esboços felizes ... restauros para ti ...
Porque é para os teus olhos mansos
Para... na doçura de teus encantos
Me estabelecer... intrépida e participante
Em anseios ... ânimos radiantes
De me querer volver assim ...
Olhando e sonhando
Rabiscando...soletrando...
Sem me nunca desarmonizar em ti...

Sunday, February 15, 2009

Viu se uma menina pequenina a se ir ligeirinha pelo caminho sumido
Vira se surpreso ...vira se desatento que ia sózinha sem nada carregar
Só os olhos ... a vos cantar...
E acudiam ligeiros os passarinhos os melros a sairem dos ninhos a saudar...
E a menina andava num passinho...
Numa corrida fresca de princesinha sempre a soletrar
Daquelas bonecas dos livros que nos parecem fantasia e que sorriem a encantar
E depois foi se sempre pelos caminhos a todos a pasmar
Em pulos e saltos amiúdados sempre decisiva sem hesitar
Elevou se em alturas para o céu a derramar se
Porque da saia armou se um balão amarelinho...sua alma a rebrilhar
E das mangas do vestido saíram asas
E os braços que eram pequeninos estenderam se agigantados
E todos olhavam aflitos sem saber o que contar
E todos se afligiram então de a ver partir assim sózinha
De a verem subir assim nos ares nem plumagem macia
Sem ninguém a ter consigo sem ninguém a acompanhar
De a verem mesclar se nas estrelas do dia ...no espumejar dos mares...
E todos se comprimiam no espaço pequenino que nos foi atribuído...que nos foi destinada
Ai! mas ninguém sabia que aquele corpo franzino viera á terra a se estrear
Afadigou se vezes sem fim a se molestar
Falou das coisas que já tinha visto daquilo e do tanto que nunca há de acabar
Entreteve se sózinha em espaços enriquecidos que poucos conheciam
Em mistérios benignos que muitos contestavam.
E no firmamento do céu distinto...na cúpula redonda apetecível
Se punha a infanta pequenina por muito a conspirar...
Que se iria um dia pr'ali em banhos e sonhos de poetisa a idealisar
E nas fantasias que tecia num idealismo aromático
Almejou um dia a menina com as estrelas se ir para lá a domiciliar
E um dia na coerência perfeita de uma sua audácia
Entrou em jejums patéticos em alucinações primordiais
E numa tarde visionária se deu pronta a adivinhar
Desceria a ladeira agreste ... determinada ...
Levaria um seu primeiro fato caído até aos pés para a pôr a flutuar
Viram na de costas...pequena e magra
Tiveram na por uma feiticeira boa ou uma fada
Mas ninguém lhe viu as pregas na cara a frisar lhe a feição... diferenciada
Foi se criancinha para o Senhor a bailar nos ares
E contou se na aldeia que se havia avistado de longe um Anjo...um milagre.
Mas ela era uma velhinha que se cá por muito se já tinha muito amargurada
E retornou a Casa para seu resguardo...
Eu vi! eu estava lá sentadinha de fronte da velhinha que não escondia a face
Me acenou levezinho e se avoou pelo espaço
Mas vi lhe nos olhos pequeninos...nos lábios enternecidos
Que se despedia por pouco de min que ao mesmo estava destinada.

Vou esperar sossegadinha... assim...bem comportadinha
Na espera tormentosa que o tempo passe...

Friday, February 13, 2009

Me falta tudo!..me não faltam nada!
Se me faltam me as estrelas de dia
Me vêm a correr de noite... meu céu a pincelar
Falta me água ...erva tenra a mastigar
Mas nas securas findas enchem se os ribeiros
Alagam se as terras a ma saciarem
Se me falta o sol de dia a me acalorar
Acorre me o sereno da noite a me refrescar
E nas árvores terrenas...
Nos milhos amarelos onde se juntam aos milhares
Dançam maçãs coradinhas a brindarem
A se darem a comer a quem as quiser provar...
Quem se julgar apoucado ... imerecido ... transloucado
Que espalhe a sua plumagem ao vento
Seus olhos ao luar
Seus braços á luz
E se deixe...levinho...enfeitiçar!..

Thursday, February 12, 2009

Me afasto leve com o entardecer...em luares
E na agudeza que se agrava em min
Destituiu me das sobras terrenas que lavraram assim...

Deambulei me em luzes... segui as hesitante... nem farol agonizante
Testemunhei...fiz apreciações melindrosas
Parlando ...cochichando segredinhos
E quase tudo o que digo é só para min
Porque me ninguém dá ouvidos
E em alegações e inteligencias me diferenciu
Sempre em esperanças de me partilhar com outros...
Eu...que me tenho inocente... juíza dos ardores
Das convenções infligidas e ordenadas a tantos
Eu...que o tanto que por aí se diz me não soa bem
E que em min se atrevem inoportunas a incomodar...
E mesmo assim...no vitral de minha retina
Não vacila... não avança ninguém
A me escutar nas solenidades serenas de meu mestrear...

Destemperanças tolhem me as entranhas...

Aos tantos que obstruem a ciência
Me resta a piedade solene e estranha...
De os ver reféns terrenos desta seita que se não ajuíza e que se não contém...

Abastece se me um torpor receoso
De me não alcançar neles em luzes
Em claridades devotas e clementes...

Porque quando se chega um homem á sua cama
E se recolhe em íntimas e escalarecidas lembranças
É por vezes para min que se solta a sua gana
E eu rezo ferverosa a infâmia que por decima de min clama...
Reclamo o perdão... para min e para aqueles que me não amam
Alongo me em preces junto ao distinto anfitrião
Mas é sempre lá no alto...nas lonjuras das vistas das gentes
Que me remeto em silêncios e descrições
Para neste exílio ...e em suspensões
Me poder morrer em reticências
Em sonolências... revivando convicções...
E nas claridades que soam novas
Renasço me de novo ... sempre a melhorar...
E assim me vou tendo e entretendo em vistas e pensares
Que abrangem a poucos mas que a muitos desdém...

Vós que me ouvides...escutai o meu penar
Nos balbúcios das vilas... nas vitas prateadas do mar...

Sou pó...sincronia doce...áspera ... nos lábios de alguém!

Wednesday, February 11, 2009

Não me titulem!
Não me diferenciem do nada!
Sou flor...cardo silvestre
Aroma apetecícel ! variação destemperada!

Se não fiem nunca na ilusão de um Anjo acobretando o diabo
Do Malfeitor se apossando da enxada
Daquele que cava..construindo a sua morada...

Eu sou aquele que passa e repassa
Aquele que vê...escuta e não diz palavra
Aquele que de noite recolhe súbito a sua morada

E na câmara fria
Recolhe se o viajante em orações deliberadas
Rezas...súplicas sem fim desvendando embaraços...

Sou rocha!terra!Mar!areia fina...
Me nunca racho!
Vou te pintar amor com as cores do meu jardim
O rosa dos beijos...os lilázes dos alecrins
E nesse molhe corado te vou regar de verdes
Pinceladas das serras... das montanhas que crescem junto a min...

Te vou presentear amor com mil cuidados também ...
Que não te caía a nódoa na cambraia...que se não desbote o pano...
Porque se esses tons com que um dia te moldei
Se forem empalidecendo... resfriando se em desmercimento
Me irei partir em dores de te ver tão desvanecido nos tintos com que te caiei...

E não é que um dia...
Se foi mesmo num amanhecer... um mistério ainda por descobrir
Da fuga daquele que jurara a todos...amar a seu bem...
Caí em poços da vida... em ruelas perdidas... em covas...
Sem me nunca perder... sem me nunca magoar...
E vinham as legiões de demónios... plumagens fartas nas costas a me quererm albarroar
Anjos malvados e doentes a me malratarem
Mas eu erguia lhes a cara alva e pura...os olhos sempre a brilhar
E em reflexo deles nos meus se punham logo a abalar...
Nunca me tocou o ímpio ... o delinquente...o bárbaro...
Porque nas preces que tecia logo em seus avistares
Se erguia o Senhor ... O Altíssimo a me auxiliar...
E na bondade de um seu sorriso...na sapiência refinada... lucida e credível
Me tive sempre em súplicas a me abastar...
Sim...me caí em atrapalhações acanhadas
E no apoucado ajustamento dos factos
Me dei por sempre humilde ... ignorada...
Porque me basta a luz...me basta o fresco do ar...a seiva das plantas
Para logo em quimeras me pôr a sonhar
E sempre que me empurram...sempre que estala a disputa
Me vai loguinho a alma para o outro lado!

Sabeis vós meus Senhores...esta é a vida dos Santos
Que desceram para cá
E que não querem disputas...
Mas que ne rehabilitação dos outros
Penalizaram se severos...em encargos duros
Sempre na ajuda benigna de outrém
Que deveria carregar seu fardo...
Oh pai...ó Mãe...
Gritam no desespero as gentes d'além
Mas não há progenitores...não há ninguém
Nas mil léguas acima... nos milhares abaixo...
E os gritos de aflição...nos afogos da adversidades
Espantam se...alvoroçam se os céus...
Ai o velho que geme na solidão...
São trapos as vestes leves
São remendos que traz na decriptacão
E na senelidade...irmã da soidão
Agarram se ... ermitas...ás âncora de suas recordações...
E no deslize sublime de suas ilusões
Se lhes vê na alma os calos ... o cajado nobre nas mãos
Esperaram toda a vida por milagres se ajuntando á tentação..

Todos se vêem pequeninos e frágeis...bebés de então
E no milagre da ressurreição se virão um dia a se alevantarem
Se irão visionários na procura ostentiva dos colos...dos amparos de então...
Porque a saudade mora em seus corpos
A nostalgia perpetua se nos abismos...
E abona se neles a flutuação ondeante
Das crianças prodigiosas que se nunca afastavam das mães...
Em mãos favorecedoras que raras vezes lhes anulavam a razão
Ó Pai!...ó Mãe!...todos se juntam em preces sincronizadas
Em pedidos gloriosos de uma carícia...de um beijo dado
E nas síncopes momentaneas da abstração
Dileceram se em pasmos...arrebatamentos que não acham solução...

E é assim a gente que procura a revelação
Que se agencia em dores e na deliceração
Por falta da graça de um beijo...de um abraço cadente
Aluniando lhes a visão!..