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Friday, September 28, 2007

Quando parte o meu amor...
Fica sempre no ar um pózinho de cheiro...
E se sentísseis o que eu farejo
Saberieis pois... que no meu peito
Se entrelaçam... amorosos...
Decalques insuspeitos dos nossos beijos...

E é por isso...
Que a menina nunca se demorava
Em lamúrias e queixas...
Na partança de seu eleito...
Armem me cavaleira...
Robusta e veloz... no encalço do grosseiro guerreiro...
Repiquem esses sinos de igreja
E vejam me a passar... na argêntea passadeira...
Armem me... na absolvição impiedosa de meus pecados
No gracejo de minha cortesia... sem jeito...
Mas... primeiro...
Ah!...Ah!... apontem me o dedo e vejam
Se em minha alma
Ocorrem ou não... delitos escabrosos e insuspeitos...

E... se me adivinharem na delineação...
Segredos e maldade... na ofensa e conta perfeita...
Dirijam se então a mim... solenes e verdadeiros
Na réplica belicosa de quem segura um verme rastejante
E ordenai pois... que da fraudolenta nada fique de sobejo...

Porque... só na pureza da minha obra
É que tendes ordems... homens...
Para me ordenarem nobre... a cavaleira ...

Thursday, September 27, 2007

Eu quero ser o amor que dá... se entrega... sempre perfeita...
E na constância do dom... ser a primeira...
E da boca... só sairem beijos
Passinhos pequenos que se juntam assim...
Na consolidação sublime do jeito...
E gostava mesmo de me achegar... sempre branda
No encalço da tua sombra rompante...
Nos dias e noites que pasmam na ignorância
De me saber salva ou não... em teu jeito...
Eu gostava mesmo te me ter em ti cativeira
Porque... amor... ter me ias sempre agasalhada... em teu peito
E na febre que nos consumasse nada te pediria a mais...
Senão aquilo que todos os amantes dão ums aos outros... beijos...
E é no teu cheiro que me deleitaria... sossegadinha... brindeira...

Tuesday, September 25, 2007

Muito as mães amam as suas crianças
E repentinamente... na recepção de suas vindas...
Flamejam lhes os olhos...na certeza de os deterem ali... na eternidade certeira...
E se achegam... mansinhas... na esperança constante... de eles as terem em si ...
Para sempre suas... predilectas e seguras...
E amansam se em cuidos... em volta dos pequerruchos que brandam por quenturas e meigos...
E tomam se logo ali... por salvadoras incógnitas... das jóias misteriosas... que bramam...
Ditando se heroínas na vida ... nos destinos de seus meninos...
Quem se atreveria... no distanciamento de um choro que chamasse por si... primeiro...?
Atestam se logo em carinhos ... amoráveis e dotadas... na fragrância doce de seus jeitos...
E... em beijocas rebicadas nas mãozinhas ... nos pézinhos... nas bochechas e nos olhinhos...
São virgens na nova partida... dando se inteiras aos cuidados delicados e afectuosos...
Por quem se determina em elas... primeiro...
Mulheres determinadas no trabalho... inocentes na defectação de seus manejares...
E tecem jogos admiráveis... para os sagrarem campiões ... nos dias felizes...
De suas firmes tenções...
Risadas amplas... apegos sublimes... na procura da inteira sedução...
E as crianças aplicam se na virtude da inocência... que ensinam ás suas pequenas mamãs...
E que tentam obstinadamente passar... no exímio exame...
E num consolo benéfico... entregam se elas por inteiro aos desconhecidos anjos...
E tomam nos logo por seus... eternamente... em seus sublimes extâses ...
Proliferam em sonhos... aquelas cabeças delirantes... ritualizando o papel do amor...
E coroam nos logo ali na alcofa... em pomposas circonctâncias... pai... filho e mãe......
Armando os... vassalos seus... cavaleiros e reis...
E tomam nos logo em sua identidade... num impulso abrasador... palpitante...
De quem não vê engano... na ilusão perpétua da sagacidade espontânea...
E num reflexo efémero de quem se agiganta... mostram nos aos mundo
Passeando se... e carregando no colo os amoráveis troféus ...
Sempre emproadas e vaidosas de suas conquistas primeiras...
E os meninos e as meninas são débeis e rosadinhos ... na busca do aconchego eleito...
E procuram por baixo da blusa... o biquinho rendado e quentinho... da flor perfeita...
É um presente abençoado do paraíso... que chega morninho... e que bem cheira...
E afogam nos então em beijos... as mães... nos colos ternos e meigos
E observam nos com jeito... na extensa perícia do milagre em elas satisfeito...
E depois... surgem as outras... mulheres de têmpera veterana...
E que se acomodam... juntinhas e gordas...em ais saudosos e puros... de tais circunstâncias...
E sentam se... juntinhas aos leitos... perto das mamãs primeiras
Atribuindo lhes o título... vaidosas... no início da nova carreira...
São as avós... sempre de coração cheio... abastadas nos amores ricos... mas passageiros...
E no esquecimento de si ...se envaidecem em requintosos abafos e conselhos...
Recordações... há muito falhas... da pureza cógnita e perfeita...
E nos refegos fofos dos queixos menineiros... rebentam em sofreguidões apetecíveis...
Murmúrios deleitosos... cascatas de beijos...
E é bom que ninguém se esqueça da frecura e do aroma desses cheiros
Porque todas elas... caem um dia na ratoeira...

Até porque... jamais... ninguém dislumbrou nunca... nesses seres perfeitos
A teia fina que se estende e os enovela ... numa amálgama imperfeita...
Ai!... triste destino o nosso de nos apegarmos... desta maneira...

Não háverá caminhos que não queiram galgar
Na perturbação dos olhares caídos e escuras de quem os ama...
E não vêm nunca o perigo a espreitar no carreiro...
E cantam na mentira... e soltam se na asneira...
E alargam se em risados de áscaro... na repreensão severa da contenda alheia...
E no coração das progenitoras serão sempre os seus bebés pequeninos...
Descendentes directos da raça pérfida do homem... que aqui chegou primeiro...
Só no amor se regeneram algums... passado o tempo da tonteira
E dos outros nada se ouve... esses que precisam da mão de trás... e da dianteira...
E de todas ...em sua volta... num cordão divino de amor verdadeiro...

Refulgem sempre... os olhos desses pais e mães ... na recolha primeira...

Monday, September 24, 2007

No encontro dos teus olhos me afundei...
Ainda há quem apanhe amoras na borda das estradas...
Viu o... na delícia de seu gosto... a debicar...
E não me alheei nunca em minha alma ditar
Que fossem aqueles os beijos... a que outra... haveria de dar...
Era um ensaio modesto daquilo que mais tarde ... na concha da noite
Lhe teria a ofertar... generosas e doces... para seu âmago deleitar...
Come... menino come... essas estrelinhas do pomar
Que se fizeram tão belas ...para teu amor se inibriar...
E na boca repleta de enseio... gotejavam lhe bolinhas do roxo desejo
E na progalidade da dada abastância... arremassou algumas em lenço branco...
Um presente fresquinho para uma boquinha vermelha...
E na sombra leve do braço na amoreiro... enleou se no maneio...
Encheu o chapéu e tudo... e montou se na quádrupa boleia
Que o haveria de levar leste... para ao pé da menina casamenteira
Que lhe haveria de atestar na boca... o doce ... do menino presenteiro...

Sunday, September 23, 2007

As árvores dos caminhos
São meninos... meninas...
Gente enamorada...
Que um dia se cansaram
Do tanto esperar...
E que... do alto de seus tocados
Ainda hoje espreitam... solenes... algum recado...
Semeei no orvalho o clarão dos meus olhos
Para te alumbrar os passos largos...
E para... no lusco fusco me espreitares...
E em mim te haveres... na caminhada da nossa aliança ditada...

Calquei com firmeza os meus pés na terra molhada
Para que me adivinhasses ... na penetrante curvatura da terra húmida e farta...
E na face... rorejava me uma chuva dormente e apaziguada
Que abrandava em mim... os fervores há muito contidos e achados...
Ceifei depois... nos fiapos das nuvems a minha prega funda
Para que no lençol fino da aurora te pudesses enfiar... seguro...
Ai... contento mimoso este de em minha alma te perpétuar
No recordar da investigação secreta em que um dia nos denunciámos...
E dos meus lábios soltam se meninas pequeninas a rebolarem se...
São os beijos que há muito te estão destinados... aqui neste meu lugar...
E que hoje rebolam e rolam na espera de se darem...
E ás árvores do caminho sussurrei baixinho um recado...
Que o vento não te molestasse... na ida e vinda do seu altivo rufar...
E á lua pequenina implorei que se mostrasse... branca e redondinha
E que a sua luz se espalhasse... vaidosa e singela... e que se desse a mostrar...
E no agasalho da minha vontade ... animam se concertos... árias que te quero cantar...
E no casulo quentinho do meu sonho... no tanto que te quero animar
Nascem ramos de flores... botões de rosas... na espera de serem pintados...
E será nos teus lábios pousados nos meus ... amor...que se hão de reburizar...

E a dama lá na torre... e mais a sua aia ... não se cansava de esperar...

Friday, September 21, 2007

É na escrita subtil das estrelas
Que me aprazo em deslizar...
São os olhinhos... de quem um dia
Por aqui também já se passeou...
E quando... no diafaneidade de seu brilho
Se desvanece a gente em júbilo e louvor
Esticam se braços... abrem se mãozinhas
Na perturbação delicada de em nós... as abrigarmos...
E no tracejado efémero de seus rastos
Teima a nossa alma em deambular...

Mas isso... só acontece a quem... para o céu consegue derramar os finos propósitos
De... para ao pé delas um dia se querer assentar...

E eu... sou uma delas... que lá do alto...
Todos os dias vos cochicha
O que aqui de vós se fala...

Mas nem todos me conseguem ver... nem ouvir...

Na vossa ilusão... eu estou sempre calada...
Estou te a ouvir...
E no silêncio recatado que resplandesce...
Sigo te as passadas que em meu coração batem...
Mas tu... no abrigo da tua vida farta
Não vês... não escutas nada...

E muitas vezes é mesmo assim...
Acontece ... que ninguém se ache...
No outro... conjugado...
Se me carregasses no colo... crescidinha...
Já na vinha madura dos meus sentidos
Esfregaria de contentamento as minhas mãozinhas
E na cara um ligeiro rubor me estontearia
Porque há muito que não sinto a perturbação deliciosa
Das mãos que me levantavam quentes e firmes
Na procura agitada de um beijo... terno requinte...
E não há dia... amor... que não ressuscitem em minha alma
Aqueles primores que depositavas em minha boca mole e decotada...
E no teu ardor me executava na perfeição de minha doce intenção...
E num estontear tímido me deixava moldar em teus braços queridos...
E no aturdimento de meu corpo lisinho... o teu suspiro era profundo e triste
Pois já sabias amor... que não seria para sempre assim...
E no meu âmago misturavam se sabores... que eu aprovava em ti...
E por muito tempo... foi sempre assim...

Diluímo nos um dia no espaço vazio...

Wednesday, September 19, 2007

É no olhar que vive a elevação de uma alma amena...
Mas também toda a desgraça de quem...
Em seus olhos não alude a qualquer reminescência do bem querer...

E é neste jogo de olhares e de códices secretos
Que se apraza a boa gente... na investigação minuciosa
Do notável que junto de si permaneça... e para sempre...

Mas não se distraia a boa cepa
Porque há os que têm muito betão na cabeça
Na vez adequada da boa têmpera...

Tuesday, September 18, 2007

Desta vez... sou eu que decido...
Quero renovar me...no ventre delgado de um violino
E enamorar me ... exultar me ...
Na demência excelsa das sinfonias
Por dentro de mim perpétuadas...
E na fulgência dos sons em mim talhados
Serei amorosa... branda e cuidadosa...
Em tuas mãos abençoadas... calorosas...
E ter me ás... sempre ávida e gulosa
Na demora íntima dos teus dedos eficazes e virtuosos
Relampejando em meus olhos castos e morosos
Essa alma que para mim vem... e me retem
E que eu em ti... na escuta de tua demanda... acresecentei...
E na tagência desse teu arco fino
Rejubilar me ei... deleitosa...na delonga de um abraço teu...
Mas... se a ti não me tiveres agarrada e firme
E se a minha voz á tua não estiver unida...
Lançar te ei um grito raro e aflito
Porque... amor...na teia do teu prestígio
Quero te em mim... enriquecido... glorioso...

Monday, September 17, 2007

Vejam o céu... todo bordadinho...
Mirem a lua... de camisa vestidinha...
E poisem a cabeça em vosso cabeceira
E sosseguem... devagarinho...
Mas há quem não escuta o adestrado conselho
E se perde ne demência parda que espreita...
No destempero dos sentidos que clamam...
E na idolatria dos farsantes que nos cantos... tramam...
Olhem para as estrelas ...
Ouçam a eternidade que canta...
E vejam lá no alto... já se aninham em seus ombros
Os meninos que descanssam...
Vi te num rasto curto os caracóis anelados... azuis...
E no assento do céu... te manifestastes em doce aparência...
E uma coroa cravejada de pedras raras em ti assentava
Rubis... diamantes... que para lá se levavam a trovejar...

Oh!...árduo encargo este... de te querer inspeccionar...
E no ar... beber te... em trágos de luz... que irrompem no teu abrigado deambular...
E no temor meu... que em teu peito... se me esgueirasse ... um teu amor perfeito
Quedei me pois sossegada nos Passos... atentando te um curto olhar...
E no silêncio das noites e dos dias te espiei... secreta em minha dor
E em silêncios doorosos me coagi na suplicação essa
De que... para mim... um dia te virasses...
Mas em ti nunca espigara a vontade
De... num momemto sobre mim... teu olhar se esgueirasse ...
Oh! louca esperança a minha em te querer ...
E em meus braços te minuciar na delonga de um enleio teu... ameigado...
E na lenda em mim traçada ... me vi um dia agastada
Do tanto que te quisera... e fracassara...
Ah! vil traição essa ... de me ver desabrigada...
Tendo me na consternação de ver outra... desirmanada... por ti elegida...
Renúncia permanente... essa... a minha alma magoada...

E numa afeição debilitada me detive por fim...
Numa retirada amainada... quebranço do fadigoso feitiço...
Que em meu fundamento... há muito ... em dor crestava...

Sunday, September 16, 2007

Deste me o teu tempo...
Entreguei te ... risonha... o meu...
E nos enlaces airosos em que rejubilámos
Amaranhou se em nossa volta
Uma paisagem de luzes e esplendores...
Não sei porque foi...
Nada suspeitava em ti ...que por mim...
Em tua alma brandiam fervores...
Ai... amigo distinto o meu
Ah!... generosa vida a minha
Que te viestes... adejando por entre as brumas
Para em mim te recostares... casta e pura...
Foi no cabelo... um alfinete de ouro que ostentava...
Ser o trilho esse... em que te encetastes
Na procura... no achamento oculto de minha consciência...
E na aceitação de minha confirmação... te confiastes...
Oh! gloriosa audácia...essa... a tua... no dia em que me arrebatastes...
Que o nosso amor seria para sempre
Como as estrelas ... que de noite nos abraçam...
E eu... de te aprovar o modo asseado ... de como me abordaste...
E em teu carinho me levastes...
Oh! inabalável... valente amor este ...
Que para nós... os Deuses... um dia determinaram...

Houve em tempos uma donzela que a seu donzel muito amara...
E nos sussurros da noite que fustigam os ouvidos dos sunâmbulos
Narrava se a história de dois amantes que juntos... rejubilavam...
E que nos altos... envoltos em xailes celestes... se enterneciam ainda
Sonando os dois... encostadinhos ao luar...

Wednesday, September 12, 2007

Hoje...espirraram me a vista
Duas bolas azuis... pupilas penetrantes...
Olhos de menina pequenina
Que resvalaram em mim
Derramando luz... encantos...

E no meu coração... logo se desfez
Uma amálgama de resina
Que há muito em mim pelejava
Atordoando me os sentidos... desafiando me...
Numa afronta descarada
Teimando em permanecer ali...
E tendo me ...desfinhando

Oh! louvado sorriso esse
Que na ignorância da maldição
Me abordastes...
E na serenidade de teus propósitos
De mim... a arrancaste...

Vade retro... satana...

Tuesday, September 11, 2007

Quiseram me ofertar um castelo
A mim!... que gosto da luz do céu
Tecto inacessível que atrai e incita
A alma minha... pequenina... a trepar até ali...
Do brilho do mar... do cair da chuva...
Que tudo me dariam... a mim...
Que... no recato... sempre lhes ocultei o olhar
Que de mim... nunca escutaram pronúncia...
Que alcáçova será essa?...
Senão a de um coração singelo
Que chama por mim... onde está ele?
No passeio de olhos em mim
Desarmonizo me ... sempre presa...
Que importunação essa de me quererem...
Se eu... menina... ainda não tropecei nele?...

Numa casa pequenina morava uma donzela...
Escutaram lhe um dia a voz
E logo se enamoraram dela...

E a menina afundava se em lustrosas melodias...
E quem por lá se atravessava ... seu coração possuía...
Mas ela... era lhe oculta essa magia...
E um dia... do tanto entoar
Alojou se lhe nela uma fadiga...
Vieram de todos os reinos rapazes... príncipes
A saber notícias dela... porque ...
Naquele canto... havia fascinação...
Apurava se lhe na voz...
Pedacinhos de bondade... de delicateza
Que sua constância abrangia...
E num sonho que teve...
Chamou por donzel apobretado...
Pois que era desse que queria...
E teimou se nela... tal sentença...
Fugiu da cidadela ofertada
Por um cavaleiro rico...
Prostrou se então o mancebo a seus pés
Lhe oferecendo sua vida...
Aí estava a fortaleza que procurava
E que enfim... encontraria...

Monday, September 10, 2007

Não consigo pensar... não me acho a dizer....
Páro... e escuto o silêncio...
Oh! doce perpetuar este que me enlaça...
E no ebúrnio sossego me dilato...
E na alma... me tenho refeita... contente...
Que se alongue o espaço...
Se distenda o tempo...
Que eu me quero assim....
Solta... desatenta...
Há em mim... um pedacinho de gente
Que se basta a si... que não pede ingerência
Quem sois... amigo... para me o quereres também
Tu... que aqui me tens presente?
Este pedacinho... não o dou a ninguém...
É meu... assim...simplesmente...
Tenho um chão dentro de mim
Que... só a mim pertence
Nem choro nem riso lá entram
É um pedacinho de candura fofa
Que ri.. chora... e faz pouco da gente...
Já me o albaroaram com violência
Mas eu... nem me escandalizei...
Porque já firmei em meu coração...
Que esse troço de vida
Será meu para sempre...
Eternamente meu... só meu...

E nas adversidades da vida, a menina cantarolava sempre esta canção...
(está mesmo a ver se...) que ninguém percebia...
No descanso me acho apagada...
Vagam no ar contidos silêncios...
E no peito se achata o sossego
Oh! deleitosos momentos...
Apareces me num canto da vida
Alvoraçando o meu caminhar...
E com beijos me vens a despertar
Tu... que me aquietas o pensamento...
E depois chega me uma ária ...
Brisa solta... no firmamento...
Oh! esplêndido encanto... esse...
Teu afago vem devagar...
Poisar em meus lábios quentes
Oh! nobre ideia a minha
De te querer aqui...
Sempre por perto... presente...

No repouso me tenho protegida...
Quando não te tenho em mente...
Se eu podesse ter alcançado um dia...
A graça de te ter amado e tido...
Oh! agraciado momento!...
Deleitoso... requintado elixir!...
Ter te ei entregue por mim
A minha alma dilecta ...
Mas ... se por falta agravoza tua
Não me a quisesses restituir
Ter me ias ... alma penante
Por toda a vida...
Que de ti... não mais se desguerraria...

Quisera o Altíssimo que se aprouvera assim...

Sunday, September 09, 2007

Amiga... nunca te aches na indiferença
Atina te o juízo e vem...
Anda comigo ouvir histórias antigas
Vem desfilar pelas ruínas que sussurram... aflitas...
Lamúrias antigas... disputas... presas ainda nas gargantas...
Vinde... passear pelos castelos acima... vem... vem...
Segue os pés das colinas... vitrais de Rei...
Não te ofendam as pedras da calçada fria
Que vivem ali... e ficam bem...
Não te amofines nas tardes frias
Por debaixo dos troncos de chuva
Escuta... escuta bem...
Aquele desassossego pequenino que sacode o corpo da gente
E o gelo espertino que nos traz aos dois... abraçadinhos... também
E ... se for preciso que os céus ronquem no teu sossego
Desperta... alevanta te... acorde bem...
E vede a beleza dos céus enfurecidos
E o esplendor das árvores douradas e espelhentas
Que alumiam o passo da gente... trepassando o ventre da terra
Numa risada terna ... e que fica bem...
Vede...
É o povo encharcado... a correr para os braços de suas casas ... além...
E o tanto que espartilha os nossos sentidos
Afligindo os pequeninos e grandes... os que estão de partida
E a mim também...
E sede como essa chuva que desatina...
Como esse clarão que reclama...
Como essa árvore pequenina
Que seus ramos alumia... e vede ... vede bem...
Amigo não tomes sempre a dianteira
Olha para aqui também...
Passeia... tranquilo...pelas vielas pequeninas
Inibria te nas suas sombras e esquinas
E vede te pequenino... escuro e mosqueado também...
E não te amedrontem essas pintinhas escuras
Que mais não procuram em ti... senão a frecura...
Vem amigo subir as colinas ... descer a poços
E mergulha te em águas frias e puras...
Expurga te em seu reflexo divino... que eu vou contigo também...
E se nos deixarmos prender num feixe de luz
Seremos opalas... diamantes... alminhas puras de criancinha
Estrelas cadentes... que em seus rastos fulgentes cantam...

Acorre amiguinha minha... passear te comigo... por ali...
E por aqui também...

Tuesday, September 04, 2007

Oh! meu amor pequenino... vindo do fundo dos céus
Aconchegaste te... dócil... mansinho... em meu ninho... favinho de mel...
E nas dobras generosas dos meus sorrisos te alojei...
E no meu ventre originaram se flores... vindas do alto moinho...
Foram as voltas da vida na entrega divina...
E na viagem morosa da doação... te almejei sempre... corpinho pequenino...
E um dia... na mescla de aromas te encetei...
E noutro te agarrei ... te embalei... oh! florinha rara ... pequenina...
Para que me atingisses sempre cheirosa e linda... maravilha minha...
Oh!...Pureza ... meu bem...

E era isto que se ouvia de noite por toda a vila...
O canto cansado da mãe que perdera a sua menina
E esperava o fim do seu canto para a ela se ajuntar lá em cima...
Á menina inocente
Não se bate mem se grita
E se por um acaso tremendo
Algo se soltar e ferir
É com meiguice e alma serena
Que se lhe achega... no totiço...

Monday, September 03, 2007

Vai tudo começar de novo...
Deita se o sol... nasce a lua...
Espreitam as estrelas...
E pensam os homens... julgam também elas
Que tudo renasce igual... de dia para dia...
Mereci tréguas... oh! sim...
Naquela barca singela que me levou para ali
Para o país das donzelas que me espreitavam...
E do que lhes ia pela cabeça oh! céus senhor
Não lhes podia eu nunca dar... pois que sou anjo singelo...
E morada... não a tenho por aqui...

Outrora fui saquiador de castelos...
Meu tormento nunca tinha fim...
Tinha me a alma aflita... ferida...
No tanto almadiçoar... a quem nos bens
A mais de mim possuía...
Fui bandido... ladrão... vilão interdito...
E também fui coveiro... enterrei moribundos...selvagens e Reis
Convivi... sereno... com espectros... fantasmas...
E as sombras entrenhavam se em mim...
Malcheiroso... pestilente... nauseabundo...
Em covas moribundas me tinha por seguro
E ás almas que iam para sítios... lá para longe de mim
Pedia boleias... hóspedes que tratassem de mim...
E a cal se entrenhava nos ossos feridos...
E num dia mais pequeno... estiquei me por aí...
Fui domador de leões e minha coragem não tinha fim
Amedrontava os bichos... que se condoiam de mim...
E depois... durante séculos... dormi...

Acordei um dia numa casa arejada...
Fora me doada na morte que se compadeceu de mim...
Estonteei me por dias num arrebatamento febril
Chorei me ... doente... o tanto que empreendi...
Malvado... funeste... vil ...Oh! de mim...
Recordava penitente... contrito... a vida minha... desbaratada.. enfim...
Perguntava ás gentes aladas que nadavam por ali
Se me conheciam... o que fazia jnuto a eles... que não escarneciam de mim...
Onde estava o desprezível... o descamisado... o malvado que conheci?
Ninguém percebia o que atentava dentro de mim...
E veio um dia de súbito... um espírito sobre mim
Que me segredou ter me resgatado... Ah!destroço calamitoso...
Clamando por alguém que tomasse conta de mim...
E na lamúria aéria que se ouvia...
Apelei aos Santos que tomassem conta de mim...
Que me resguardassem dos decretos que impudentemente conferi
Das embrulhadas em que me meti...
Das confissões que ao altar não ergui
Dos pobres que não protegi
Das burlas que inventei e servi
Do tanto que fingi...

E então ... um dia... foi me resgatada a alma maldita...

Vivo ... agonisante ... na dor do arrependimento... suave condenação...

Ohhhhhhhhhhh! Vós que me ouvis!
Quereis pior tormento do que este que se acha em mim?

Sunday, September 02, 2007

A malícia e a maldade vivem a par...

A maldade denuncia se... mostra a cara...
Malícia esconde se... e vive sempre encapuçada...

Tenho dito!!!

Isto a propósito do que há... a mais por aí...
E a menina que procurava a virtude
Pediu asilo a outro reino... mas não foi logo aceite...
Penou... penou...
E um dia... cansada... foi procurar amparo
No colo de Nosso Senhor...
Pedem me para me calar...
Fá lo ei...
No dia em que se amainarem as luzes
Das noites... dos dias... e dos luares...
Fá lo ei quando todos tiverem regorgitado
A malvadez... a culpa... a malícia...
Porque no dia que me deitarei
Fá lo ei na solidez da rocha
No caminhar argénteo dos astros
Na certeza de que por aqui passei...
Sem nunca ninguém ...
Junto a mim ... se haver magoado...
Na certeza de que depois das quedas... me alevantei...
E no rosto abraseado da vergonha... me penitenciei...
E no fundo dos vales... por entre fontes e cactos me refresquei...
E no alívio das teimas ... das perpétuas lutas me entediei...
E que... um dia ... no alívio secreto de minha alma me deslutei...
Eu vou me calar... sim...
Por cima das almas clarinhas
Que me veem visitar... e cheias de soninho...
Me querendo levar para o além prometido...
Até porque é muito bom estar caladinha
Sem ter ninguém que escravinhe
Sem ter ninguém... que nos mande calar...

Até porque ... não vale mesmo a pena resmungar...
O mundo é tão alheio ... á minha forma de pensar...
Mentiram me... os insensatos...
E no flagelo das palavras me fendi...
Mas quem não vê as marcas das chagas
Julga se inculpado até ao fim...
Porque a alma se tem escondida...invisível
Inpenetrável aos olhos dos perfidos que escorreram por aqui
E acham se todos limpos... na incapacidade ímpia do direito
De escorraçarem os aptos que rareiam... por aqui...
Doeu me o flagelo das palavras ... encaputadas e cobardes
Tendo me logo ali... desgostosa ... açoitada e ferida..
Fraquejei e caí... tive me por morta nums instantes
Rezando por alguém que velasse por mim...
Esperei... esperei... e ninguém acudiu
Oh! indigna raça lobeira que se instalou por aqui...
Tiveram me por abatida... debilitada e afins...
E na desgostosa calúnia por muito me morri...
Assaltavam me sombras... gentes de outros fins
E nos olhos fecharam se as estrelas que brilhavam em mim
Escureceram se as noites... demorou se o sol a vir
E da garganta soltaram se auroras frias...
Dormi... dormi... no cadafalso inimigo...
E nunca ninguém olhou... ninguém viu...
O corpo doente que padecia e gemia...
Que mezinha... dizei me... existe para isto?
E na meditação austere a que me atribuí
Foram se soltando aos poucos... estilhaços pequeninos...
Sementes que não arpoavam em mim...
Esses fagmentos da desumanidade que abusavam
Insistindo na aprovação de seus malignos instintos...
E foi na oração perpétua que a minha alma conferi
No ditame inocente do verbo... ditando sentenças... ordems de despejo...
Que me fui... em avisos e decretos austeres
Da agrilhoada prisão... me libertando por fim...
A passos lentos... num arrastar penoso...
De quem... há muito não canta... e não se afina em si...
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Os celerados iam dando cabo de mim...
Na desventura mora o erro
No erro o desconhecimento
No desconhecimento a ignorancia
Na ignorancia o sossego
No sossego a placidez
Na placidez o sorriso
No sorriso o acatamento
No acatamento a aceitação
Na aceitação a felicidade...
Na felicidade... o louvor a Deus...

E foi sempre assim... por anos e anos findos...

Saturday, September 01, 2007

Vou viver no fino pano do paraíso
Nas varandas rendadas da cidade esquecida ...
Rodar com as silfides que em sonho chamaram por mim...
Num pátio redondo orlado de alecrim...
E quando os meus desdos se enraizarem
Nas névoas redondas e férteis que abundam nesse país
Vou me mostrar límpida e segura... algo esquecida...
Do que um dia penei... lamentosa por aqui...
Ai... no dia em que me secorrerem os anjos e querubins
Soltarei o meu canto majestuoso... como um véu de noiva
E na ária sentida desposerei nos céus ... o sossego perpétuo...
Que na extrema bonança hatitará em mim...
E... se pelo destino néscio já há muito ditado...
O meu querer não tiver achado nem fim
Arrebater me ei desassossegada... em preces alvoraçadas
Para que me oiçam lá de cima...
Oh! excêntrico e íntegro desejo este...
De me querer ver... alojada ali...