páginas brancas

Thursday, August 30, 2007

Vou te esperar amor... nas auroras floridas...
Vou me amansar... tranquila... nos troços perpétuos da vida
E na bonança do afecto que descança em mim
Vou te mandar rosas... jacintos... para aí...
E se não me conseguires adivinhar no ar...
Nos aromas gentís que minha alma arremessa para aí
E se o meu cantar ... em ti não alastrar...
Vede...vou me esticar...alongar me... e num tapete de margaridas
Te enrolar para vires até mim... perfumado ... querençoso...
Na delicada proeza de me teres... clareada em ti...
Mas ... se por um acaso assombroso...
Murchar em ti ... tal desígnio formoso...
Desmanchar se á no meu peito... em pranto desfeito
Um luto queixoso... que minha alma rejeita...
Vou fugir das arestas finas ... cutilantes ...
Dos agraves penitentes dessa tua vacilação...
E neste desejo puro que me assiste...
Vou me... em ilustre oração... apelar a Deus e a Jesus...
E nas noites concordatas... vejo te sempre amor...
Agarradinho a mim...
Borda menina... a tua alma ...no linho
E adorna lhe nos punhos floridos...
O cheiro dos teus pergaminhos antigos
Que se autorizarão em ti...
Tece donzela esse crivo apertadinho
Como se agrilhoasses o teu amor... na moldura de teu espírito...
E no cursar dos dedos ágeis... em teu pano fino...
Vede... são passarinhos que palram... ajudando te... felizes...
Na méscula negra... sentida... de tua abominação...
Debroa moça encantada... essa bainha gasta
Na lembrança do teu amor que na ausencia... se oroginou...
E na recordação doorosa... aquieta te... menina..
E espera tranquila... a viagem prometida
Para nele te enliares ... nos braços de Nosso Senhor...

Wednesday, August 29, 2007

Pai... hei de chegar ao fim
Seguindoas tuas preces benditas
Mergulhada no fervor
Que me tem... esperançosa por aqui...
Pai... hei te de honrar
Com o meu trabalho fino
Com o cajado de pastor
Guardando o meu rebanho querido...
E nas luzes do verbo
Que em mim atraís
Sou tua serva sincera
Ousando encontrar me em ti...
Um dia... aí no paraíso...
Pisei as barbas doces do tempo
Que só clama por sossego... acalmia...
E no cuidado das passadas em si percorridas
Vi o sorrir me ... confortável e benévolo...
Na presença que talhei em si...
E com macieza nas palavras
Contagiei me na prosa... baixinho...
Conversando... na intimidade com ele...
Lamentava se dos indígenos ...das feras gananciosas
Que em seu manto andavam sempre espavoridas...
Incenssantemente queixosos e aflitas...

E no agravo de seus dias por aqui...
Confidenciara me que breve partiria...
Perguntei lhe então... que de mim seria
E dos tantos outros que nele...
Virtuosamente andavam...
De peito aberto...
Dando se a outros...felizes...
E que em mim... ficariam as saudades
De seus imaculados tintos...
Das frecas aragem adoçando os instintos
Pelas tardes viçosas ... por ela oferecidas...
E das flores ... e das árvores
Que adornam os jardims
Da nossa estadia por aqui...
Que esperasse então um pouco... pelo meu fim...
Para que me fosse daqui com ele
Para o meio dos roseirais... das cheirosas oliveiras
Das outras esferas que vagam por aí...

Tuesday, August 28, 2007

Num sorriso chegam nos encantamentos
Baila se nos a alma
Entoam nos canções os Anjos
Passeando... exultando se... notas na cabeça...
Amedrontam se os maus
Fogem os adoidados
Que nada percebem desta elegância...
Desta ampla riqueza...
E num riso puro e sincero
Escravignam se bolinhas no ar...
São laços que os meninos mandam
Para enfeitarem os céus soberbos...
Um sorriso de bebé... é um rebuçado doce
Que adoça o peito da mãe
Que lhe põe a mama na boquinha pequena...
Sorrir é abençoar quem passa...
É fazer as pazes ...
Apaziguar a dor...
É um pensinho rápido
Que cura a alma de quem sente dolor...

E tomavam a menina risonha por doida... na corte de então...
Mas o Pai de todos... conversava com ela de noite...
Dera lhe o condão... de a todos converter
Em amor... impiedade que lhes ia pelo peito adentro...
No deslizar sublime do arco
Na corda de um violino...
Foi tormentoso o momento vivido...
Afligiu se a menina na agonia... da saudade acometida...
Passeou por vielas... alamedas de sua vida...
E num sforzando mais delicerado
Abriu se lhe o coração apiedado ... combalido...
Na demora... já há muito prometida...
De... a ele se unir... na perpétua eternidade...
Oh!... amor de sua vida...
Saltou para cima das crinas leves e macias
Da varinha mágica do amiguinho...
E fora assim mesmo...
No sonho que tivera um dia...
Na promessa de viajar para lá longe
Para o sítio onde o seu amor se alongaria...
E foi num dia glorioso... aquele em que se encontraram
Entrelaçando se em beijos ... como nunca se contemplara
Pois que havia muito... o que os unia...
Lá... na longínqua terra Prometida...
Enlaçados os dois... em beijos demorados e conduídos...

E quando acordou a menina...
Recusara a levantar se...
Fechou de novo os olhos
E por lá ficara... até a noite de novo chegar...
Afundou se no poço de desejos... até se adoidar...

Sunday, August 26, 2007

Ouço falar o Mestre...
Escuto... escuto bem...
E a sabedoria que dali vem
É tempero da bondade suprema
De quem se dá no todo
A quem nada pediu...
A quem nada tem...
Mas acendem se sempre luzes
Na alma boa... desta gente que vem...

Ouvir o Mestre é ... ouvir...
Ouvir sempre bem...

Dixi...

Saturday, August 25, 2007

Eu não quero saber de nada...
Não me aborreçam...
Não me digam nada...
Tenho livros para ler
Histórias para contar
Tenho crianças que esperam por mim
E que gostam de me ouvir cantar...
De me escutar... no perfilar dos sons mágicos...
E na destra magia de se entrelaçarem
Ouvem o ventinho a soprar...
Rios fresquinhos estendendo suas águas
Oferecendo lhes seus lagos para se banharem...
E avezinhas no céu...
Bordando com seda os cabelos do luar...
E no vai e vem do ágil entoar
Aprazeio me em os ver rir... gargalhar...
Pois... as histórias não são todas iguais
Umas nascem da cabeça
Outras revelam se na imaginação
E também as há... que se atropelam na razão ...
Mas as mais bonitas...
São as que germinam do coração...
Chegam nos sempre suavemente...
Afagando as mãos em carícias
Levadas em ânsias para o coração...

Pois... é isso mesmo...
Hoje vou me aquietar
E olhar para dentro de mim...
E com as minhas crianças... sonhar...
Na publicação de um sonho
Me vi um dia traída!
Funesta... a inclinação...
Que por outras... andavas perdido...
Vira te para mim amor
Que sou sincera no dito...
Nos olhos te carrego ligeiro... antigo...
Tenho atulhada na roupa rendada
A minha alma inquieta que clama por ti...
E se de mim te abeirares... aprazível e modesto
Verás uma boca recheada de beijos
Lábios macerados e quentes
Cheirando á amora madura
E que tardam já... na viagem para aí...
Não te alongues na tardança amor meu
Por esses campos adentro...
Por essas serras acima...
Retorna te a mim sincero...
Na reabilitação de tua afeição por mim...
Hoje... nada me sabe...
Nem a glória... a derrota... o contento...
Atirei me de caras ao vento
Espadajei o com firmeza
Desafiei o mal por mim adentro...
Respeito as leis
Firmo me no combate... ardente...
Mas hoje... foram se de mim
A bonança... a cautela ... a sentença...

É bom... estar se assim assente
Nesta penumbra... recheada de vácuos amenos
E na distância que almejo... contente...
Vem me a saudade de tempos idos
Em que no céu morava... serena...

Hoje não quero mais nada...
Só a vastidão alastrada deste momento
E num fechar de olhos ...
Oh! doce apraziamento...
Abençoem me os anjos...
E as estrelas cadentes...
Avistei te... chegando te a mim tranquilo...
Espectro suado... saudade cansada
Brotando no espaço vazio...
E no abandono da súplica
Formei me junto a ti
Me achando a consentir
No pedido carinhoso
Abastecendo me
Juntinha a tua alma finda...
Impetuosa magia... essa...
De em ti me ver de novo cativa...
Escorregando... presos em nossos intentos...
Oh! magistral harmonia essa...
De em ti me deixar cair...
E numa aragem fresca
Numa dança faustuosa e soberba
Tivemo nos os dois... em chão estendidos...
Inibriando se nos ... as almas ressequidas...

Isto foi numa tarde macia...
Em que te mirei ... sózinha...
Na pureza diáfana das águas limpas...
Afundada num banho... num raiar cristalino...
Na curva de tua imagem
Na cobardia deste rio...
Que um dia... de ti me vi despedida...
E desde ...aqui me tens só... perdida...
Sim amor... vou me sempre demorar...
Nesta beira de rio...
Na espera expectante... de te arremessar daí...
Se soubésseis flor minha...
As saudades por ti sentidas
Eréis geada coradinha
Que de beijos eu cobria...
Oh! minha alentada formesura
De orvalho... toda pintadinha...

E por anos se denunciava a ela em sonhos esbatidos
Mas ela nunca notou... nunca nela o sentido acusou
O menino sossegado ... que lhe sorria....

E seu coração para outra.. um dia se alou...
Não amaines donzela o desejo farto
Que tendes de mim...
Autoriza me em tua alma distraída ...
A noite branca... em que com beijos te distingui...
E na esterilidade da timidez que te acomete
Ouve!... menina milagreira...
Chega te... estremosa ... teus passos juntinhos a mim
Pulando enibriada... para o corpo das lindas rosas
Que enfeitam... imaculadas... o chão do paraíso ...
E em carícias ligeiras deixa me relembrar te
Oh! musa singela... dádiva airosa de minha vida
A afeição excelsa que tenho em mim... por ti...
Desde a alvorada... do dia em que te conheci...
Vede... ouve o vento adoidado
Que alastra suas pétalas doiradas
Regalando te no desejo... de me veres por aqui...
Enrola te em seu manto cintilante
E no adorno arejado acode me a acordar
Eu... que há anos anseio por ti...
Farta te em meus braços morosos
Que clamam há muito por ti
Passeia os teus lábios perfumados juntos aos meus
E na caminhada vizinha da tua mão na minha
Dos meus olhos bruxuleando nos teus
Aceita este amigo sincero... aquele que te observa...
Sequioso de um dia te ter ... só para si... aqui... no paraíso...

Friday, August 24, 2007

Eu sonho pela sombra cativeira
Que me há de levar... ligeira
Num sossego apaziguado...
E vou subir... serpenteando os astros
E vou resvalar... inocente...
Pelas alas delgadas que vejo lá longe
E no aperto da ida... espero passar...
Deslembrando me do que fui...
Tingindo me de branco... imaculada...
Do que andei aqui fazendo... espantada...
Sempre embriegada... fugindo... arfando
Da cegueira... da pusilanimidade
Que reina por cá...
E dos dias de trabalheira... sempre estoirada...
Quero me fazer surda e não ouvir nada...
Fugir de todos que me apanharam... me dissecaram...
Vou sim... para a barriga do céu abençoado
Pedir amparo... aconchego mimado...
Nesse dia... vai me carregar estenuada
Essa sombra que os meus passos carregou
Nas vidas e quedas memoráveis
Que aqui deixo... arrepiada...
E no consolo da distinta mão...fulmínio momento...
Que sobre mim se há de altear
Vou ler todos os livros que deixei para trás...
Vou agradecer então a ajuda... no fino atalho
Que um dia me há de levar para lá...
Estóico!... o momento...

Tuesday, August 21, 2007

Não quero a menina feia ou bonita...
Nem a boa nem a má...
Quero a redondinha... como a fruta do meu pomar
Quero aquela que se atafolhou
Aquela que se empantorrou...
A da bochecha gordinha
Que a todos agradou...
A da saia suja... enxuvalhada...
Da terra de onde se deitou...
Não ralhem a pequenina
Que comia com os passarinhos
E com eles repartia o pouco
Que nesta vida lhe calhou...
E o vestido branco depressa virava
Um ninho de cotovias
Que para lá se cuidou...
Ai... a menina gorda...
Tão favorável no gargalhar
Tão afinadinha no gargantear...
Nasceu da terra e por ali se firmou...
Com ela... todos gracejavam
E ela... nunca se amofinou...
A moçoila que dormia na granja
Na palha seca... onde o rebanho se acamou...
Enamorou se dela um galã
Que para a corte a levou...
Contaram se dela histórias
Que a tal... nunca se ligou...
Corria por vales e montes
Montada num burrico
Manta em ombros largos... caída...
Á procura das maçãs... peras e romãs
Da frecura dos aromas que a vida predizia
E que generosas árvores prometiam...
E recordava se... serena... das brincadeiras ...
Dos banhos na ribeira fria
Onde todos se borrifavam do fresco líquido
Em risos deleitosos... perdidos...
Em abraços benignos...
E saudava se então... dos amigos ágeis que tivera...
E da ventada forte da serrania
De quem era ferverosa amiga
E que lhe tingia de rosa as bochechas gordinhas...

E no momento da revelação
Inventava sempre uma histórinha...
Que se atrasara... na casa de uma amiga...
E seu amo tudo nela permitia
Pois ele era honesto e bem lhe queria
E aceitava com agrado as desculpas ditas...
Mas ele conhecia bem a pequena gazela
Que um dia para sua casa conduzira...
Sabia que nesses dias de folguedo
Na tardancia por serranias
Envolta em pétalas de geadinha
Soprando lhe o vento na alma florente e frequinha
Que nesses dias ... para ele se viraria...
Mais feliz e coradinha...
E que lhe abriria um pouco... a alma doiradinha...
E que a ele... melhor a noite lhe saberia...
Com ela... junto a ele...toda aconchegadinha...
Pedindo por beijos e abracinhos...
E ela soprava lhe sempre baixinho
Que se descuidara e não levara o agasalho
Para casa da tal amiguinha...

E ele sempre com ela... nesse jogo se entretinha...

Monday, August 20, 2007

Canta menina a tua canção...

Abastecem se nelas ondas azuis..
E de seus olhos jorra um mar ondulante
E na fescura estonteante das faces coradas
E na voz ondulante que em roda de mim dança
Colho anjos... menininhos que flutuam...
Mandou me a para aqui o meu Amigo grande
O que mora lá em cima... em tal sítio amplo...
E na suave colcha de seu encanto
Espalha a menina rebentos de luz
Alegrias... doçuras... que em seu colo recadou...
É extremosa e pura a vozinha
Que meus sentidos fermentou...
Que a minha vista alumiou...
Lança!... aponta me... nesse caracol que balança
Almíscaras de teu trotear...
E no pulsar que se alevanta... vá... vá lá...
Dardeja a alvorada que anda ... aviva lhe o caminhar!
E se deitem a dormitar no vermelho de meus lábios
Essas harmonias colorantes... sempre a faíscar...
E na tontura arrepiante desse tom que espanta
Na afinação extrema e doce de teu trotear
Renasça em mim... o pássarinho que em mim morava...
E que já cansado... para outro lado voou...

Oh!...canta menina... canta...
Escorrega para dentro de meu olhar...
Sonhei me jasmim... rosa...alecrim
E no tempero dos aromas perfumados
Soltaram se asas pequeninas...
E num firmamento violáceo me achei... plumada...
Ai... essa graça da gente que se deita
E que nas esquinas da noite se desarticula atordoada...
E que corre... corre por todo o lado
Numa leveza ténua e delicada...
Por sítios amplos... dilatados...
E que nos seus ansejos se vê julgada... perdoada...
É a sedução de um sono fadado
Que sobre nossos olhinhos se dilata...

Ouvi... meninos e meninas...
Esses murmúrios... os risos do outro lado...

Eu vou querer sempre... sempre...
Adormecer abençoada...

Fada fadinha... varinha de condão...
Acorre... vem depressa...
Sobre mim... pôr a tua mão...

Sunday, August 19, 2007

No desbotar dos tempos idos
Perdi te... carinho... fogo de minha vida...
Desvaneceram se me num ápice os sentidos...
Elevaste te então vacilando nos céus... oh! alma gentil
Entoando cânticos... ecos em meu coração...
Perdi te ... celeste Aurora...
E no desgosto aceso em minha alma ressentida
Vi te bela e fina... levada por anjos para o céu...
E na displiscência sentida... na desfortuna acometida
Me fui... sobre pedras resgadas e finas
Humectadas e frias de farto prantear...
E em névoas rosas macias... deslizando...
Me fui cursando... em teu rasto me perfilar...
Ah! embrulho agitado... abatido...
Desgraçado me encontrei... no afastamento de teu firmar
Oh! odiosa ausência ... toda estendidinha sob meu olhar
Ah! e na ânsia de a ti me achegar
Na divulgação do desejo supremo
Serpenteando ás escuras a imensidão
Escravilhando o teu nome nos extremos
Alargando os recados ás estrelas nascentes
Que me ouviam... agitando as mãos...
Apagaram se então as memórias que arrastava... imensas...
Oh! incensos puros... flor de minha fascinação
Eram avezinhas ligeiras... que as sorviam como algodão...
Arrebatadoras... as mãos que alçaram o meu amor
Agravando... afligindo a dor de minha adulação...
Não te achei... oh! dolorosa intuição...
E na violência... agitando as penas sentidas
Prometi te... oh! casta e pura
Lugar eterno em minha afeição

Havia uma casa na serra ...
Consta se que seu dono lá vivera... conversando com uma tal donzela
Que há muito abalara ... mas a quem ele entregara a mão...
Nunca se vira tal criatura... mas ele firmava se sério
Nas conversas com ela tidas... e todos concordavam com o velho...
Sem nunca lhe conhecerem a razão...

Friday, August 17, 2007

O cansaço condenou me os sentidos ...
Despejei me e fiz me magrinha
Dobrada á sombra de um castanheiro
Na dobra de uma alma escondida
Pedi asilo... boleia...

Estou algures por aí...

Thursday, August 16, 2007

Eu já parti há muito
Aninhandando me nas vestes do paraíso...
Sou uma miragem de gente
Que por aqui caminha... empurrada pelo vento...
E se me perguntarem de onde venho
Apontarei para o alto... o meu dedo...
E na vontade que tiverem em me entreter
Estarei calada... ouvindo baixinho essa gente...
Mas na cabeça haverá sempre um buraco
Para esvaziar as patrangas... os inventos...
Porque os meus ouvidos estão cansados
E o meu peito dobrou se um dia abatido
Desgostoso dessa emérita gente...
Despejei me súbitamente daqui... correndo...
Há muito que lhes descifrei as mentes
Apoucadas... ardilosas... desfortunadas
Mas sempre contentes...
Eu vislumbrei lhes a alma itenerente ...
Ninguém se apresentou a mim limpo... decente...
E depois... fala se muito aqui... para passar o tempo...
Deixei me evaporar numa tarde ardente
Com o peito a estalar... da índigna doença
E por debaixo de um dedo urgente...
E na indulegência sincera
De quem por aqui me arrebatou...
Vou e venho...
Parto e chego...
Sossegando os peitos
De quem por mim demanda... e me queria presente...
Ai... eu sou uma sombrinha mansa...
Uma estrelinha branca...
Que caminha leve...
No anseio do remendo do erro...
Num suspiro alargado
Bebi um trago de céu...
E nas costuras tenras do melaço
Me esfreguei alegremente...
Ah! que esse som pernoite em mim
Em mim... eternamente...
Ah! que na fragrância nítida do tom caprichado
Sossegue em mim a vontade de me alargar ...
Aplanada... espalmada... encostada a sua firmeza
Estendendo me nele para o sempre... contente...
E muma méscla de risos e afagos densos...
Em mantas aveludadas de fina semente
Cubra me o céu de fina linhagem ...
E na delicadeza des flores que em mim rebentam
No azul da minha régia aparência
Seja eu a germínia macia... um bercinho de gente...
E desponte então de mim ... real descendência..

Wednesday, August 15, 2007

Não faz mal ... deixem no passar...
Esse tempo desinquieto caminhando levinho...
E enrolem se em suas saias curtinhas...
Não se apressem então... nada... nadinha...
Porque nesses vestidos... ventados e fresquinhos
Abrigam se fadas... anjinhos...
E se abrirdes o vosso coração
No acolhimento próspero e farto...
Do amigo desgastado e ferido
Pairará então... em vossas vãs vidas ...
Um sol ... uma estrelinha...
E na insuspeição de intentos malignos
Sereis abençoados... dignos...
E em noites amansadas e tímidas
Visitar vos ão lindos Anjinhos
Perfumando os vossos sonhos de lírios...
E só vós os alcançareis... em prados floridos
Nas colchas requintadas e fofinhas das estrelas
Que resguardam de noite essa gente boa e fina
Que obedece... e abranda a dor de Nosso Senhor...

Não se achem... homens... urgentes nesta vida...
Dorme menina... nas franjinhas do meu sono pequenino...
Adormece meu menino... nas conchas de minhas mãos fresquinhas...
E no pulsar aquietado de meu coração benigno
Enrolem azuis... rosas... os vossos sonhos clarinhos...
Eu vou querer ver um dia...
A luz... por detrás dos olhos do meu amor...
E o tom escondido e incógnito
De quem lhe os pintou...
E no espanto da cor achada...
Na corrida acelarada para a ela me achegar...
Na rejubilação de meu peito a fervilhar...
Vou na certa... em seus tintos mergulhar...
Para de ti meu amor...
Nunca me perder... nunca destoar...

Monday, August 13, 2007

Na indiferencia me achei num dia ...
E no olhar perturbado de quem se acha aflito
Encontrei... quietinhos... resíduos de tempos envelhecidos
Pregado de rugas... estreitas estradinhas...
E na ancianidada dos compassos delongados
Que na minha gargante se prendiam
Denotei uma certa temulência quentinha
Um afago arritmado...tão enfraquecido...
E os olhos de meu coração apenas sorriram...
Enlacei me então... na tenra demora... desvanecida...
Enrolando me toda... num perpetuar imperecível
E a eternidade... cansada to repouso merecido
Saiu devagar... dançando... esguia...
Por cima das cabeças animadas... distraídas...

Quanto a mim... prendi os olhos a uma constelação furtiva e parti...

Tuesday, August 07, 2007

Uma flor a dormir
É como no céu uma estrela a sorrir ...
E quando o pássaro canta
É para o coração expandir ...
E as árvores gigantes
Vigiam a estreita casinha
Para que nada no sossego da noite
Acorde o menino...

E quando o querubim chora
Nas noites zangadas e arrefecidas
Chega se o vento presto
Entoando singelas cantigas
Para logo se calar o anjinho
Na fatia grossa de um mote
Que lhe segreda baixinho o amigo...

A noite estica se lânguida e mole
Por dentro dos espaços derretidos
E moldam se sonhos
Tecem se magias
E tudo se aquieta... mansinho...
Esperando pelo sol do dia...

Mas agora ... dorme...
Soneca bem meu menino
Que a mãe é tua vigia...
E tu... vai... lança as velas
Por esses mares... por esses céus
E abarca para ti meu amor...
Um pouquinho de paraíso...

Faz... faz ó ó... minha filhinha...
No repouso do anjo... se sentam as mães
Na contemplação de seus meninos e meninas...
Enrosquem bem os vossos olhos agora
Nesses rostinhos pequeninos...
Pois... quande se alargarem na corrente da idade
De vós lentamente se irão... em corridas atrapalhadas
Desviando para outros céus ... os ternos olhares
Que em tempos idos clamavam pelo vosso mimar ...
E na meiguice se foi aclarando a formesura
Que vós... progenitoras....com jeitinho e afago moldasteis...
E as faces lustrosas dos tantos beijos... madre...
Ir se ão um dia crispar... do tanto vos desafiar...
E esses olhos pequeninos que chegaram um dia
Redondinhos... amplos da glória do Altíssimo
Escorregando pelas vestes de Nosso Senhor...
Confundia los... mulher sincera...
Com os esbeltos olhos ... do Excelso Criador...
Fervilharão um dia em lágrimas
Na severa contenda entre ambas iniciada...
Nos desafios iguais... eternos ... da sublime raça...
Aproveitem mulheres... o tempo pulposo e sumarento
Desses rostos para vós tornados...
E essas mãozinhas ... anéis preciosos...
Com que enfeitais agora as vossas mãos regaladas...
Ouçam... oiçam já as leves passadas do tempo que ronda por cá...
Fazei desde já o epíteto ... a história das graças
De quem nos vossos colos se sente protegido e amado...
E deixem se render á ternura preste e sincera
Dessas lindas criaturinhas que no silêncio das noites
Vos contam baixinho histórias atribuladas
De asinhas caindo... fresquinhas em olhinhos ensonados...
A mãe é tudo... céu... mar... o rochedo firme em terra penetrada...
Mas haverá tempos curvados... feridos na teimosia entrelaçada
Dos sims sabendo a não... e dos nãos sabendo a sim
Em que eles não irão seguir a mão amada...
E nos braços da terra ... no ventre dos mares
Se irão um dia ... alvoraçados... ensaiando passos rebuscados
Abanando as cabeças... espetando os rabos...
Glórias apetecíveis... desfeitas assentas nas cabeças dobradas...
Da mentira e do desassossego... por vós já experimento...
E tu ... sublime protectora...nem por isso darás...
Porque eles partem assim... um dia... sem acenar...
De costas viradas...como se nada se tivesse passado...
Vai te despedindo aos pouquinhos... mulher animada
Desses meninos... dessas meninas
Que aí tendes no teu colo encostados...

E na confusão dos dias e das noites
Se acharam todos... na claridade espalhados...
Se tivesse eclodido do mar cálido
Ter te ia dado a frecura que em mim morasse
Se tivesse vindo do céu... trazer te ia as estrelas
Para com elas brincares ... e te estonteares...
E num travesseiro a Lua mimosa para te espreitar...
Se tivesse vindo das terras quentes do Oriente
Aquecer te ia nas noites frias e acanhadas
E em biquinho de pés deitar me ia juntinho a ti
Só... só para detalhadamente te observar...
E na minha boca morariam beijos para te aquentarem...
Se te tivesse encontrado no frio eterno dos Pólos
Agasalhar te ia em mantos avultados... pr'a te ver sorrir... sossegado...
E na contemplação do teu sono amainado
Sorver te ia o hálito fresco bruxeleando nos meus lábios
Para que... um dia... nessa lembrança
Contigo me pudessse comprazear...


E a menina acordou ... sentindo penosamente o sonho afrouxar dentro de si...
E olhou... espreitando pela janela fria as astérias deitadas na areia fina...
Viu a lua resplandescente por cima de si...
Abriu então os braços esguios e eclipsou se na noite fria...
Para dentro da terra... do céu... do mar... e do nada...
Deixo me ficar nesta aragem que me abraça
E como se se tratasse de um beijo
Cuido me ... alongando me ... aquietada e mansa
Nesse abrigo que ampara e agasalha...
E num tulmutuar silencioso da graça dilatada
E há muito contida...
Deslizo por dentro dum feixe de luz
Que me embala... terno...
E aquietam se então os ventos... dentro de mim...