páginas brancas

Friday, February 29, 2008

Olhem bem para o trigo maduro
E mais os seus rivais...
São como os tolos e puros
Que se achegam
A se acotevelar...
No braço do sossego me vou a alisar
Quieta e segura... nos folhos do murmúrio
Que se achega a me embalar...
Na encosta atordoada do sossego...
Me vou a serenar...
Passo vagaroso e quedo
Cansado de te desenhar...
Que bom esta calma translúcida
Que não se deixa enganar...
E esta mágica pluma
Que em meu peito bate e pula
Lento... lentinho...
Abrindo uma asinha e outra
Afastando o desejo
Para me não magoar...

Wednesday, February 27, 2008

Venha a mim um sonho aberto...
Que me irei logo a trancar
Em contos e sinfonias
Sem ninguém a escutar...
E no vácuo do tempo me vou a beneficiar
Porque desta maneira... me quero indiscifrável...
Na intervenção das loucuras e delírios
Que me hão de embalar...
Porque aqui fora...
Sou débil e inapta...
Resplandece em mim um endoidamento
Uma pequena fragilidade...
Mas o pouco é o muito...
Aqui...
Para quem não percebe nada...
Visitam me pássaros com seus ardores...
Mas eu me quero aquietada...
Nas serranias quentes ... em brando repouso...
Tão boa esta brisa estonteante
Que me manda o Amor
Mas o magia está no afinco da vontade
De me desejar sempre longe... de tudo e de todos...
Corre... oh! leito pequenino...
Nos sulcos empedrados da dor...
E no esboço hirto de tua vontade
Na consumação de teu fervor
Materializa o desejo de me veres
Linda a menina que em ti... um dia se degenerou...
Acudam as mágicas águas a soltarem se do meu corpo...
E nas ardências do astro Mestre
Me sejam restituídas as cores...
E que se apressem também as estrelas...
A aninharem se em meu rosto...
E os ramos de rosas a enfeitarem me a coroa...
E avisai os céus... convocai os Anjos e o Amor...
Porque eu me alevantarei... casta e serena
Para os braços do enlutado que há muito...
Na antiguidade das estações chora a sua dor...
Vinde todos...
Pastores e pastorinhas...
Servos e Senhores...
Acudei ...a verdes a Menina que há tempos...
Em tormentas... no rio se alagou...

Monday, February 25, 2008

Se me vísseis... pequenina...
No ventre abobadado de uma cantata...
Sentada...toda enroladinha...
Espreitando o Mestre que se dá a adorar...
E é assim que me vi na nubelina misteriosa
No céu semeado... todo floreado a sorrir...
E dos lábios arqueados soltavam se clarões
Era o fogo da jubilação... da lícita paixão...
Chegara uma menina a acoitar se ali...
Ah! se pudésseis... cambalhotar nos feixes coloridos
Por dentro da alma pugente e ondulada do Regente amoroso...
Encaminho me muito para este cantinho me regenerar
Por meio de canções e sonhos
E se por um acaso de um capricho...me quesereis achar
Que seja cedo... antes do derradeira badalada
Pois que em hora avançada...
Nunca... jamais dareis comigo...
Porque eu vou estar aqui...
Enleada e toda dobradinha...
Na palma da mão ...
Bem juntinha a um Seu ouvido...
Embalada num soneto adivinho...
Há coisas assim... no descanso do tempo...
No instantes. pequenos... no miolo temperado dos momentos...
Vozes que me visitam e dizem baixinho...coisas assim...
Porque é tudo tão fácil... nas costas seguras das harmonias...
Anunciam se seguras...dobram se generosas... e colhem me com cuidados...
Visitam me corpos escorregadios que me abraçam e cercam
Leves... em cuidadosa articulação e num aprazível contraponto
Me deixo pegar e levar... porque é neles que me desfaço...
Que me estonteio ... subindo e descendo pelas encostas íngremes das torrentes...
E no adiantamento de um estremecimento me tenho radiante e contente...
Sempre e sempre na sublimação estonteante de uma perfeita concordância...
Nunca deram pela minha falta...aqui... pois que mãos que me levam para ali
Aparecem na mágica mélea de um sonho... na fresta de um aroma... tesouro...
A minha glória é esta... de não me terem nunca... aqui...

Sunday, February 24, 2008

Viestes me visitar na orquestração dos sentidos
Na oferenda meticulosa das árias e baladas
Que me haverias de cantar...
Misturam se os tons e as fragrâncias
E num todo ... num aplauso constante
Nos inibriámos nas cadências mágicas do romance...
E num aparato milagroso...
No tremer de um beijo....
Sacudiu se o tempo... no romper da manhã...

Friday, February 22, 2008

Se me vísseis passear pelos trigais adentro ...
Se viajásseis comigo... para lá da razão...
Do entendimento severo das verdades...
Da terrena frustração...
Ou...se me cheirásseis escondida no regalo da terra
Semeando plumas...caiando flores... enjarrando botões...
Amadurecendo as carnes nas vestes das tardes...
Na roupagem delicada das auroras...
No cantar sereno dos pássaros
Confidenciando segredos e confissões...
Ou então...se me denunciasses numa aragem de vento...
Apurando nas árvores o repertório de suas árias e canções...
Ter te ia colado a meus olhos
Em águas mornas refrescado
Em encontros alongados...
Numa viagem intemporal... no templo da eternidade...
Sempre... no deleite substancial de minha emoção...

Estou por toda a parte...
No livre arbítrio
Na busca detalhada da alegação
Na conjugação das ideias
Na recolha dos dados
Na teimosia obstinada
Na luta pela verdade
Na resignação do inviolável
Na concordia acertada da razão
Na leveza sentida da afirmação
Na partilha sensata do manifesto
Na intuição delicada de uma função
Acautelande deliberações...
No recato austere da imaginação
Na conjugação afinada das imagens
Na oração sentida...aceitando a culpa...
E pedindo o perdão...
Tudo... tudo se conjuga...
Na amálgama pura... do meu coração
Vou me inibriar numa alcofa de macia lã...
Suster a respiração...
E na reviravolta ágil de minha lembrança
Num aparatoso cenário
Haver me logo pequenina...
Espectadora do então...
Cansei me de galgar montanhas firmes...
Dos pedragulhos ... aleijando as minhas mãos...
Vou serenar por agora...quietinha...
No altar das memórias
Que se designam aqui...
Rebolando ... no descanso da minha canção...

Wednesday, February 20, 2008

Foi na cintilação profusa de soms...que me achei...
Aqui... ninguém nunca dará por mim...

Até porque... não se ajuntaram vez alguma
Olhos nenhums...
Razão alguma
Que os levasse a visitarem me aqui...

Sou as costas do eco
Passeando me junto a ti...
Na tua voz... no teu descanso
Sempre perto...ao teu alcance...
Mas tu ainda não aprendeste...
A olhares para mim...

Não faz mal...
Eu sou a eternidade que aguarda
Assim...sossegadinha na espera...
Sem razões nem pressas
Sempre agarradinha a ti...
No firmamento me passeei...
Em baloiçamentos alegres me contentei...
Mas...na debandada de uma corrente
Logo...logo me dispersei...
Achada... retida...me desajustei...
No sossego da vontade me propaguei...
Na penugem malhadinha do vento
Aloucada... retida no tempo...
E assim... me deixei...
Há tanto que ver por aqui...
O meu encanto já se soltou
E saltita por aí...

É nesta mancha que me quero estontear
Sempre... sempre... sem nunca achar o fim

Thursday, February 14, 2008

Vede como é fina a minha pele
Vem...vem... deleitável sonho...
Banhar te na atmosfera pura...
Enlevar te assim comigo
Nestas bolinhas de ar...

Vem...vem...
Recatado idílio...
Confinar te nas pernas minhas
E em meu colo te assegurares...

Ah! que resvale em mim a ilusão...
O ardor cheio e seguro...
Do tanto de te querer em mim
Do muito te ambicionar...

Vou me atrever contigo...
De... em min... pernoitares...
Assim... de mãos dadas...
Na leveza do tempo...
Na braveza do mar...

Wednesday, February 13, 2008

Os meus olhos vão ver...
O que a minha memória retém...
A minha alma vai ver...
O que o meu íntimo contém...
O meu espírito vai ver...
O que... Deus em mim ...
Sublima... no Bem...
O sonho do Homem... é fugir de si próprio...
O que vem a seguir?

Gosto da hesitação da resposta...
Da resignação do secreto intúito...
Da serena congelação...
Da lógica inssustentada das provisões...

Vou me sentar para ver!!!
Pesquisei me nas franjas alvas da vida...
E não me encontrei...
Fui pernoitando em augustos tintos
E não me verifiquei...
Cingi á testa um fardo opulento
Um abasto de pesos e misérias ...
E num instante me apelidei...

A todos os que se quiserem enxergar!!!...
Façam no... num relâmpaga estudado da alma
No transtorno severo de vossas ânsias!...
Nunca nas praias calmas e serenas de vossas estâncias...
E nas ilusões extremas de vossas infâncias...

Quedei me um dia sem querer... nos folhos desta dança...
Perdi me... e estonteci me para sempre...

E é bem feito.!!!..
Para aprender!!!
Faça se a vontade á menina
Que ne seu íntimo só vê a verdade...
E que dois e dois não se contam quatro
Mas... cinco...

Dois rebuçados mais dois rebuçados
Só podem ser quatro
Vede vede... estuda os bem!..
E em boa verdade...nunca poderão dar cinco...

Mas o que eles não sabiam...
Aqueles Mestres... Sabichões...
Eram que os doces... lhos trazia o passarinho...
E com esse... não se contava nem três... nem quatro...
Mas cinco...

E os Ilustres não pensavam
Nessa coisa do outro mundo...
Que um amigo se acrescenta sempre
Áquilo que perfaz o tudo...
Gosto do branco frio
Do preto que fascina
Do azul que brilha
Do verde que me retém...

Podia se acabar o mundo
Que para min...
Estas cores me bastariam...
Sem ter que pedir
Maia nada a ninguém...

Se as mastigasse muito
Acordariam as restantes outras
Que se alevantariam
E se achegariam a mim
Em leques de risos amorentos...
Como aquelas pessoas...
Que nos querem muito...
Que nos querem bem...

Inibrio me nos tintos grossos... fluidos...
Que me agasalham... e me sustêem...
Alegram se em mim flores mimosas...
Numa amálgama de suspiros e aflições...
E na virtude estonteante das amigas animosas
Envolve me um cheiro palpitante... crepitante...
Que me enamora e retém...
São as perturbações dos mistérios que claream na verdade....
E que se espantam ... e me encantam... na nudez de seus fardos...

No deslumbre faustoso de seus trajes e corroações...
Animam se gulosas... as centelhas pequeninas...
Correndo juntinhas... em esbeltas promenades e procissões...

Venham venham amiguinhas... em mim se abrigarem
Na leveza da aragem... no seio do meu desejo...
Em austeras tentações...

No esquisso frondoso de uma barca á vela
Me vejo deslizando... ondeando... enleada em verduras ...
E suspirando...
Vede me amigo... na prodigalidade de teu ânimo...

Friday, February 08, 2008

Do ventre saí
Para a madre vou voltar
Na secura do tempo
No aconchego do Amo
Que me há de amparar...
Por aqui cantei
O que me havia de encantar...
Poetei...trovei...
Ao tanto que me havia de afeiçoar...
Palavras ditas...
Sentenças estudadas...
Agora vejo me ao espelho...
Envelhecida...desgrenhada...
Nada faz mal no final do tempo
Quando tudo foi esclarecido...contado...
Agora posso me ir...porque...
Tudo está findo e despachado...

Thursday, February 07, 2008

Neste sono que embala
Desejo me gota singela
Toda branca... feita criancinha...
Sentadinha em teu luar...
Vi te no azul do firmamento
Na chama luzenta que se estreava
E na excurção de meus olhos agitados
Vi te... raiar leve...
Prestes... no adiamento de teu firmar...
Demorei me assim o tempo todo...
Na dilação de um beijo primordial...
Resfriado breve...luz primeira...
Regalo cheio...amor dianteiro...
E se te redobrasses sempre nesses jeitos
Haverias te em mim por inteiro...
E eu sempre em ti aguardando
Aquela luz fina que rompe e vê
Sem nunca me fazer mal...

Wednesday, February 06, 2008

Não sei de onde vem este cansaço...
Esta apatia que anda a achegar se
Luzes espreitam me ao serenar
Há tectos frágeis por cima e por baixo...
Só no sono me tenho segura...
Para lá da dos céus e de seus pomares...
Cansei me em léguas por chãos pedregosos...
Avassalaram ardores... prodígios...
E no agigantado precipício
Me vi estonteante...divertida...
Num salto seguro... pr'a me renovar...

Ai...levinhas as asas para voar...
Ai...pézinhos no chão... a despegarem...
Ai...fresquinho este éter... para me enrodilhar...
E esses braços que se estendem pr'a mim...
São Anjinhos... que me vêem buscar...

Largou subito a firmeza do sucalco...
E afunilou se num esboça de firmamento
Que a enlevou aos céus... a cirandar...